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Estudo
há 4 anos

[16] Juventude por toda existência

Departamento de Estudo do Budismo

14/06/2021

[16] Juventude por toda existência

Capítulo 1: Trechos do Gosho

Budismo do Sol — Iluminando o Mundo - Terceira Civilização, ed. 606, fev. 2019, p. 50-65 - Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

[12] Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai — Parte 4 [de 5]

“Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade” — O brilho indestrutível do tesouro do coração

Explanação

O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, incluía-se entre os jovens, empregando muitas vezes a expressão “nós, jovens”. Seu primeiro contato com o Budismo de Nichiren Daishonin se deu aos 57 anos, e aos 59 ele fundou a Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor], precursora da Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor]. Ele sempre assumiu a liderança nos esforços para compartilhar o budismo com outras pessoas, devotando-se à felicidade do povo. Martirizou-se na prisão por suas convicções aos 73 anos, opondo-se às exigências das autoridades militaristas do Japão da época da guerra. A maneira como viveu serve de inspiração para todos nós, seus discípulos, renovarmos a determinação de manter o espírito de luta por toda a vida.

Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, dizia: “A vida é longa, e não sabemos que destino nos aguarda. Não há como se ter certeza do que acontecerá. Necessitamos realmente de uma crença, uma filosofia, que nos habilite a viver com força e confiança”.

Todos enfrentam a realidade de nascimento, envelhecimento, doença e morte. Ninguém pode escapar dela. Entretanto, se persistirmos em nossa prática budista, podemos consolidar uma condição de vida permeada pelas “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.1 Fundamentando-nos em nosso grande juramento de concretizar o kosen-rufu e nos empenhando dia após dia nas atividades da SGI, a despeito das dificuldades ou adversidades que possamos enfrentar, transformaremos nosso destino em missão.

Fazer do respeito à dignidade da vida a filosofia norteadora da humanidade

Vida é luta, é esforço para cumprirmos nossa missão. O propósito do Budismo Nichiren é nos habilitar a sobrepujar os sofrimentos fundamentais da vida pelo corajoso engajamento nessa luta e pelo bravo cumprimento de nossa missão.

O século 21 é o século da vida.

Só será possível alcançar o verdadeiro século da felicidade, o século da paz e o século da saúde quando as pessoas do mundo inteiro evidenciarem o brilho da dignidade da vida e todas desfrutarem juntas uma vida longa e boa saúde. Essa é a razão de existir o nosso movimento budista.

Makiguchi sensei afirmou: “O principal requisito para a felicidade é saúde. E o segredo da saúde é se manter ativo”. Essa era sua firme convicção. A SGI é um oásis espiritual. Empreender ações visando ao kosen-rufu ao lado dos nossos companheiros da organização nutre nossa vida, infundindo em nosso ser a energia que eleva nossa saúde e longevidade, e constitui um manancial de felicidade.

Neste ensejo, estudaremos a diretriz “Prática da fé para manter a boa saúde e obter longevidade”, uma das duas novas diretrizes para a nova era [acrescidas pelo presidente Ikeda às três diretrizes eternas originais da Soka Gakkai, em 2005].

Trecho do escrito 1

Prolongar a Vida

A vida é o tesouro mais valioso de todos. Mesmo um dia a mais de vida tem valor superior a dez milhões de ryo2 em ouro. (...)

Um dia de vida é mais valioso que todos os tesouros de um grande sistema de mundos, então, antes de tudo, deve munir-se de sincera fé. Este é o significado da passagem contida no sétimo volume do Sutra do Lótus, na qual lemos que o ato de queimar um dedo como oferecimento ao Buda e ao Sutra do Lótus é melhor que doar todos os tesouros de um grande sistema de mundos.3 Uma única vida vale mais que esse grande sistema de mundos. A senhora ainda tem muitos anos para viver e, além disso, teve a oportunidade de encontrar o Sutra do Lótus. Se viver um dia a mais, poderá acumular muitos benefícios mais. (CEND, v. II, p. 221)

Incentivos à esposa de Toki Jonin que lutava contra a doença

Em muitas de suas cartas, Nichiren Daishonin incentiva seus seguidores que, em meio à vida de esforços dedicados ao kosen-rufu, lutavam contra doenças. Uma delas era a monja leiga Toki, esposa de Toki Jonin, que não apenas cuidava de sua sogra enferma, como também travava uma batalha contra a própria doença. Daishonin a encorajou reiteradamente.

Em Prolongar a Vida,4 citando como havia prolongado a vida de sua mãe, com suas profundas orações por quatro anos, Daishonin escreve: “Agora a senhora também adoeceu e, por ser mulher, é mais do que oportuno fortalecer a fé no Sutra do Lótus e comprovar o que este pode fazer pela senhora” (CEND, v. II, p. 221). Em seguida, aconselha concretamente a monja leiga Toki para que busque tratamento com um companheiro de prática, Shijo Kingo, um médico habilidoso.

Nichiren Daishonin então enuncia o princípio do respeito à dignidade da vida, que permanece eterno e imutável, independentemente da época ou das circunstâncias sociais.

Nada é mais valioso que a vida. Salientando esse ponto, Daishonin escreve: “A vida é o tesouro mais valioso de todos. (...) Um dia de vida é mais valioso que todos os tesouros de um grande sistema de mundos” (CEND, v. II, p. 221). Depois, encoraja a monja leiga Toki, afirmando: “Além disso, teve a oportunidade de encontrar o Sutra do Lótus. Se viver um dia a mais, poderá acumular muitos benefícios mais” (Ibidem).

Nessa carta, Daishonin destaca a importância e o valor da vida para estimular a monja leiga Toki a lutar contra a doença e despertar sua vontade de viver — um apelo para que ela viva plenamente, mesmo que seja um único dia a mais.

“Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?”

Sem dúvida, alguns dos nossos membros também estão se submetendo a tratamentos médicos e enfrentando doenças.

Daishonin nos assegura: “O meio maravilhoso verdadeiramente capaz de impedir os obstáculos físicos e espirituais dos seres humanos não é outro senão o Nam-myoho-renge-kyo” (CEND, v. II, p. 103) e “O sutra conhecido como Sutra do Lótus é o remédio benéfico para os vários tipos de males do corpo e da mente” (WND, v. II, p. 747). Ele nos instiga a ativar nossa energia vital por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo com a determinação de vencer a doença.

Nascimento, envelhecimento, doença e morte fazem parte do verdadeiro aspecto da vida; portanto, são inevitáveis. Se tentarmos fugir deles, não conseguiremos alcançar a felicidade verdadeira.

Nichiren Daishonin declara: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (CEND, v. I, p. 431).

A forte fé nos capacita a lutar contra a doença, sem temer nem subestimar o que temos diante de nós, ativando poderosamente a condição de vida do estado de buda em nosso interior. O espírito da fé no Budismo de Nichiren Daishonin consiste em enfrentar o desafio da doença por meio de nossa firme resposta a ela.

Ficar doente não é nenhum infortúnio. Infortúnio é nos deixar vencer pela doença.

O Buda também é acometido de doenças e tem preocupações, como consta no Sutra do Lótus: “poucas enfermidades e poucas preocupações” (LSOC, cap. 15, p. 254). Entretanto, nas profundezas de sua vida, sempre é saudável e robusto, pois edificou uma condição de força espiritual perenemente sólida, que lhe permite abraçar, encorajar e inspirar outras pessoas.

Disposição de “apanhar um tigre”

Numa carta que Nichiren Daishonin redigiu quando estava com 60 anos, ele descreve sua própria condição de saúde:

Meu corpo está exaurido e meu espírito padece em virtude dos debates diários, das perseguições mensais e de dois exílios. É o que fez com que, nos últimos sete ou oito anos, doenças decorrentes da idade me assolassem periodicamente, apesar de nenhuma delas ter causado um problema grave”. (WND, v. II, p. 949)

Por causa de suas batalhas constantes, Daishonin sofreu enfermidades no fim da vida. No entanto, seu espírito de prosseguir lutando pelo kosen-rufucontinuou ardendo intensamente, sem diminuir o mínimo sequer, impulsionado pelo desejo de ajudar os outros a atingir a iluminação.

Em outra carta, Nichiren Daishonin expressa sua gratidão pela visita e pelos oferecimentos de um discípulo, que haviam sido benéficos à sua saúde, enaltecendo profusamente que agora estava se sentindo como se estivesse apto a apanhar um tigre ou montar sobre o dorso de um leão (cf. WND, v. II, p. 991).5

Embora tivesse envelhecido e sentisse os efeitos da idade, padecendo de doenças, não perdera o mínimo sequer o espírito guerreiro de um rei leão.

Espero que os membros que estejam lutando contra doenças leiam os escritos de Nichiren Daishonin e, exatamente como ele instrui, enfrentem a situação com o rugido do leão: Nam-myoho-renge-kyo. Possuir essa determinação é sinal de que já venceu a maldade da doença.

Tenha a determinação de vencer infalivelmente!

Nichiren Daishonin afirma: “O infortúnio de Kyo’o se transformará em boa sorte. Reúnam sua fé e orem a esse Gohonzon. Então, o que não poderá ser concretizado?” (CEND, v. I, p. 431). Não importando qual seja a situação, assegura-nos ele, recitando Nam-myoho-renge-kyo com fé no Gohonzon, podemos realizar todos os nossos desejos.

Toda sensei também costumava dizer: “Primeiro, decida o que fará e tenha a determinação de vencer sem falta. Vencer ou perder — depende de sua determinação. Essa é a filosofia de vitória ou derrota”.

Na luta contra a maldade da doença, o fator essencial é estar totalmente determinado a vencê-la.

Em outra carta, Daishonin analisa o significado da provação chamada maldade da doença:

“Como o Sutra Vimalakirti e o Sutra do Nirvana ensinam que as pessoas enfermas sem falta atingirão o estado de buda, não seria [esta] doença (...) um desígnio do Buda? A doença faz surgir em nós a determinação de entrar no caminho”. (CEND, v. II, p. 202)

Se possuirmos fé resoluta, a doença poderá representar uma oportunidade para despertarmos o espírito de procura em relação ao caminho e atingirmos o estado de buda. Por essa razão, devemos encarar a doença como um ensejo para manifestarmos o mais elevado estado de buda e nos munirmos da determinação de vencê-la por meio da nossa prática budista. O incentivo que recebemos das pessoas à nossa volta também pode desempenhar papel importante nesse processo, ajudando-nos a reunir a força para desafiar positivamente a enfermidade.

Há casos em que a doença persiste por um longo tempo, ou volta a surgir depois de a pessoa estar aparentemente curada. Daishonin faz alusão a um discípulo que “se vê imerso [na] doença há um longo tempo e agora busca o caminho dia e noite sem cessar” (CEND, v. II, p. 203). Ao nos vermos nessa situação, devemos continuar nos empenhando com paciência e persistência, imbuídos de um inabalável espírito de procura na fé, a fim de obtermos uma transformação em nosso estado de vida que perdure eternamente.

Makiguchi sensei certa vez incentivou seus discípulos:

O importante é perseverar na fé com a forte convicção e determinação de consolidar uma mudança positiva em sua doença, transformando veneno em remédio, e conquistar a grande boa sorte e o benefício de recuperar sua saúde. Ao agirem assim, não somente vencerão sua doença, como também, ao se recuperarem por completo, estarão até mais saudáveis que antes. Esse é o poder da Lei Mística, de transformar veneno em remédio.

Essa é a essência do budismo. Por isso, Nichiren Daishonin expõe que o que importa é o coração (cf. CEND, v. II, p. 214 e 267). O fator essencial reside em manter um espírito de luta que jamais cessa, como a correnteza constante de um rio.

Trecho do escrito 2

Os Três Tipos de Tesouro

Mais valioso que o tesouro do cofre é o do corpo. Porém, nenhum é mais valioso que o tesouro do coração. A partir do instante que ler esta carta, esforce-se para acumular o tesouro do coração! (CEND, v. II, p. 112)

O propósito fundamental da vida

A próxima passagem que examinaremos consta em Os Três Tipos de Tesouro,6 uma carta endereçada a Shijo Kingo.

Tenho a impressão de que este breve trecho ganha um peso maior à medida que se envelhece. Ele aborda a questão da avaliação fim da vida, que tipo de tesouros acumulamos em nossa existência.

Citando os três tipos de tesouro — o tesouro do cofre, o tesouro do corpo e o tesouro do coração —, Daishonin nos ensina que o caminho de vida supremo é aquele no qual acumulamos o tesouro do coração.

O tesouro do coração não pode ser destruído pela doença, pelo envelhecimento ou pela morte. Ele serve para nos conduzir ao caminho da felicidade e nos habilitar a alcançar uma condição de vida permeado pelas “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza — pelas “três existências” — passado, presente e futuro. Aqueles que acumulam o indestrutível tesouro do coração conseguem ultrapassar todas as dificuldades, plácida e serenamente.

Alguns talvez tenham pais ou familiares acamados ou acometidos por demência senil, mas não há necessidade de se sentirem apreensivos ou aflitos em relação ao estado espiritual deles por essa razão. Todos os que viveram com base na Lei Mística já são eternos vitoriosos pelas três existências.

Mesmo que na condição em que se encontram atualmente não possam mais participar das atividades em prol do kosen-rufu, os tesouros que eles acumularam ao longo dos anos de prática não se perdem nem se desgastam. O tesouro do coração torna a vida deles, em si, infinitamente valiosa e preciosa.

E por vivenciarem o eterno ciclo de vida e morte do estado de buda,7 à luz da Lei Mística, eles continuam acumulando o tesouro do coração e expandindo sua condição de vida dia após dia, mesmo enquanto se encontram numa circunstância decorrente de doença ou de envelhecimento, que constituem partes intrínsecas da vida.8 Com convicção nessa verdade, devemos continuar enviando daimoku para eles.

O capítulo 16, “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, expõe que o Buda, desde o remoto passado, sempre esteve ensinando a Lei e se dedicando a ajudar as pessoas a atingir a iluminação. Desse modo, revela que a vida do Buda é eterna. Da perspectiva da eternidade da vida, a existência daqueles que praticaram o Sutra do Lótus passa pelo ciclo de nascimento e morte do estado de buda e, portanto, têm a garantia de que serão abarcados por imensurável boa sorte e benefício. Algumas vidas podem ser breves, mas aqueles que se devotam à profunda missão do kosen-rufu ao lado dos outros praticantes possuem uma existência de supremo valor.

O reconhecimento da dignidade da vida constitui a essência do budismo. Existência após existência, sua infinitamente nobre vida, unida à Lei Mística, trilhará para sempre o caminho do estado de buda, caracterizado pela eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.

O sentimento de gratidão do marido

A monja leiga Toki — destinatária da primeira carta que abordamos, Prolongar a Vida — estimava e cuidou de sua sogra de mais de 90 anos até o fim da vida dela. Em outra carta endereçada à monja leiga, O Arco e a Flecha, Daishonin lhe transmite a gratidão do seu marido, Toki Jonin, por sua dedicação e cuidado:

Toki me contou que, apesar de ter sofrido com a morte da mãe, sentiu gratidão por ter sido de forma serena; e também sentiu gratidão pela senhora, por ter cuidado tão bem dela. Declarou, com alegria, que jamais se esquecerá disso por toda a eternidade. (CEND, v. I, p. 686)

Como a monja leiga Toki deve ter se sentido feliz e encorajada pela consideração e pela preocupação de Daishonin em lhe transmitir as palavras do marido.

Makiguchi sensei também cuidou de sua mãe adotiva, que perdera a visão. Ele a carregava nas costas e a ajudava a se banhar.

O best-seller japonês The Twilight Years [Anos de Crepúsculo], de Sawako Ariyoshi (1931–1984), com quem mantive vários diálogos, é uma obra presciente sobre a questão da demência senil. Como a Sra. Ariyoshi previu de modo muito perspicaz, cuidar de idosos se tornou hoje um dos problemas mais importantes enfrentados por muitos na sociedade japonesa.

Todos precisam lidar com a realidade do envelhecimento e a questão de como vivenciarão os anos finais de vida. Oferecer carinho e cuidados aos idosos constitui uma tarefa sagrada de apoiar as pessoas nos capítulos finais da vida delas. Portanto, a visão de vida e a humanidade daqueles que se dedicam a tais esforços são fundamentais.

Vários membros da Soka Gakkai possuem longos anos de experiência no cuidado aos idosos. Daishonin, sem dúvida, lhes estenderia o mesmo louvor e agradecimentos que concedeu à monja leiga Toki. Esses membros altruístas e experientes estão compartilhando sua sabedoria com muitas pessoas das gerações mais jovens da comunidade por todo o Japão. Os esforços sinceros e constantes deles servem como exemplo precursor para nossa sociedade que está envelhecendo em ritmo veloz.

Situações nas quais entes queridos idosos necessitem de cuidados intensivos podem acarretar frustração, ansiedade e uma busca dolorosa por soluções. Porém, mesmo quando as circunstâncias não estiverem sucedendo de maneira satisfatória, é fundamental que os cuidadores não se culpem nem tentem fazer mais do que podem. O essencial é reunirmos sabedoria e criatividade para encontrarmos as melhores soluções para nossa situação em particular, lembrando-nos de que nenhum esforço jamais será desperdiçado.

Muitos companheiros da organização que tiveram a experiência de cuidar de entes queridos idosos são unânimes em afirmar que foi uma oportunidade de crescimento pessoal pela qual se sentem gratos. Outros disseram que um simples “obrigado” vindo daqueles que estão ajudando os enche de ânimo e faz todos os esforços deles valerem a pena. A relação entre o cuidador e a pessoa que recebe os cuidados, construída com base na gratidão mútua, oferece um exemplo inspirador do princípio de que “todos somos budas”, ampliando a sabedoria e compaixão de ambas as partes.

O período em que os idosos necessitam de cuidado está se estendendo, e a idade dos próprios cuidadores está aumentando. É uma dura realidade. Então, é importante não tentar carregar esse fardo sozinho, mas buscar o apoio dos serviços públicos e de voluntários da comunidade local, e valer-se deles da melhor forma possível. Utilizar casas de assistência a idosos por curto ou longo prazo também pode ser uma sábia medida. Espero que os familiares que prestam cuidados a entes queridos idosos zelem pela própria saúde. Peço-lhes que empreguem sua sabedoria, mantenham o otimismo e criem valor seguindo em frente de modo positivo diante desses desafios.

Trecho do escrito 3

A União de Marido e Mulher

O infortúnio de seus trinta e três anos [uma idade considerada malfadada para as mulheres] se tornará a felicidade de seus trinta e três anos. Este é o significado da seguinte frase: “Os sete desastres desaparecerão num instante e os sete benefícios se manifestarão de imediato”.9A senhora se tornará mais jovem e sua boa sorte se acumulará. (CEND, v. I, p. 485)

Cada vez mais jovem e vigoroso

O Budismo Nichiren nos ensina a avançar com energia todos os dias, seguindo em frente de hoje para o futuro. Aqueles que mantêm o espírito de desafio com o desejo ardente de empreender esforços pela sua própria felicidade, bem como a do próximo, independentemente de qual seja sua idade, se tornarão cada vez mais jovens a cada ano que se passar, conforme forem dando continuidade à prática budista.

Em A União de Marido e Mulher10[endereçada a Nichigen-nyo, esposa de Shijo Kingo], Daishonin aponta: “A senhora se tornará mais jovem e sua boa sorte se acumulará” (CEND, v. I, p. 485). Ele nos ensina que, a cada ano que passar, nossa energia vital se intensificará e nossa vida será vibrante e gratificante.

Numa alusão à sua própria situação, Nichiren Daishonin escreve: “Já faz vinte anos ou mais desde que (...) iniciei a grande batalha. Nem uma única vez pensei em recuar” (WND, v. II, p. 465). Em outra ocasião, afirma que desde que estabelecera seu ensinamento, por enfrentar uma série contínua de adversidades “não conheci um único momento de tranquilidade” (CEND, v. II, p. 231).

Entretanto, despertando para sua missão e renovando sua determinação “dia após dia e mês após mês” (Ibidem, p. 263), ele continuou assumindo novos desafios. Esse é o espírito de autoaprimoramento e crescimento e a fonte de vitalidade na vida. Uma pessoa assim é grande vencedora.

Toda sensei costumava dizer: “O que distingue a verdadeira grandeza na vida? Um seria levar a cabo os sonhos e convicções da juventude. Outro é conservar a paixão juvenil por toda a vida”.

Ele também afirmava: “Há três tipos de idade: física, espiritual e cronológica. Mesmo que você seja idoso fisicamente, deve manter a juventude e possuir forte energia vital”.

Além disso, ele nos instruiu: “A fé não se refere a formalidades. Consiste em viver cada momento ao máximo. (...) Em última análise, a consecução de nosso estado de buda é decidida pela soma total de nossos pensamentos e ações a cada instante”.

Praticamos o budismo para permanecermos jovens a vida toda. Os membros do Grupo Muitos Tesouros, ao apoiarem e zelarem pela geração mais nova da família Soka, estão fazendo brilhar intensamente as “lembranças de sua existência neste mundo humano” (cf. CEND, v. I, p. 66). Eles seguramente atingirão uma condição de vida eterna e indestrutível e se converterão numa fonte de esperança em que os incontáveis bodisatvas da terra que surgirão depois deles poderão buscar inspiração.

Quatro lemas para a boa saúde

Nesse contexto, gostaria de reiterar lemas para a boa saúde:

1. Fazer um gongyo revigorante.

2. Manter um estilo de vida equilibrado e produtivo.

3. Contribuir para o bem-estar dos outros.

4. Comer com sabedoria.

É importante seguir os princípios básicos. Se insistirmos em cometer exageros na comida e na bebida, em não dormir o suficiente, ou em trabalhar à exaustão, pagaremos um preço por isso, adoecendo ou sofrendo algum acidente. Precisamos agir de maneira sábia e viver de forma produtiva.

Budismo é razão, e a prática da fé é, em si, a vida diária.

Tente ir para cama cedo, dormir com boa qualidade do sono e descansar bem. Tenha uma vida bem organizada e faça o gongyo de forma revigorante. Com a transbordante energia vital obtida por meio disso, poderá contribuir positivamente para o seu ambiente de trabalho e para a comunidade.

O lema do eminente historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975) era Laboremus! (expressão em latim que significa “Trabalhemos!”). Mesmo com uma idade avançada, ele se levantava num horário definido pela manhã e, estivesse ou não com vontade, sentava-se à sua mesa de trabalho.

Num dos meus diálogos publicados em forma de livro, Ser Humano — Essência da Ética, da Medicina e da Espiritualidade, o canadense Guy Bourgeault, respeitado especialista em bioética, observou que a qualidade de vida, em última análise, é mais importante do que a duração da vida.11

Como budistas, nenhum modo de vida supera aquele dedicado à felicidade — de si e dos outros —, devotado a ajudar o próximo. Empenhando-se nessa missão, pode-se abrir amplamente as portas para uma vida de vitória.

Condição de vida das “quatro virtudes”

Não existe idade de aposentadoria na fé. Um texto budista afirma que o ser humano pode viver até os 120 anos. Dedicar-se entusiasticamente às atividades da SGI é o caminho para uma vida de suprema saúde e longevidade. Avançar todos os dias pelo kosen-rufu, fazer tudo o que estiver ao seu alcance neste exato momento, este é o segredo da verdadeira saúde física e mental e da longevidade.

O Sutra do Lótus menciona sobre “empregar nossa longa vida para salvar seres vivos” (cf. LSOC, cap. 17, p. 280). Quanto mais vivermos, mais coragem e esperança podemos proporcionar aos outros. Podemos nos tornar os atores de uma emocionante história de “onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos” (cf. LSOC, cap. 16, p. 272) e, juntos, acumular tesouros que perdurarão eternamente, “pelas três existências” — passado, presente e futuro.

Peço-lhes que se juntem a mim e devotem a vida ao grande juramento pelo kosen-rufu, ao lado dos companheiros da organização, e tenham uma existência de total realização, livre de qualquer arrependimento.

(Daibyakurenge, edição de abril de 2016)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

Capítulo 2: Trechos da Nova Revolução Humana

NRH, Cap. “Contínua Felicidade”, v. 29, p. 71-77

No jornal Seikyo Shimbun datado de 9 de novembro, foi anunciada a canção do Departamento de Orientação que existia na época, intitulada Towa no Seishun (Eterna Juventude). No dia seguinte, dia 10, foram publicadas letra e partitura da música. O Departamento de Orientação era formado por veteranos que possuíam grande experiência como líderes da organização, missão sucedida posteriormente pelo Grupo Taho (Muitos Tesouros) [em Tóquio, denominado Grupo Hoju (Preciosa Longevidade), e em Kansai, Grupo Kinpo (Precioso Brocado)].

Ah, quantos anos, nesta jornada, cantarolando

A nobre canção do kosen-rufu sob a lua cristalina

Com orgulho no peito,

Sigo por este caminho das três existências,

Sem nenhum arrependimento

Ah, ladeiras da primavera e do outono

Galgadas com lágrimas e afeto...

Nossos filhos e amigos também galgaram

Com a determinação de emissários do Buda

Ah, alguém saberá, da altura do céu

Ah, voarei também àquela terra distante

E os abraçarei, caminharei e chorarei junto

Tantas serão as lembranças neste mundo

De vitórias que conquistarei

Nas batalhas pela Lei

Ah, mesmo exausto, levanto-me agora

Para viver novamente a eterna juventude

No horizonte ao longe as flores no céu

E subo em suas asas para voar hoje também

Ah, como é bela essa regência

O desenvolvimento da Soka Gakkai se deve, em grande parte, à força da orientação individual constante e dos incentivos. Se fosse comparar a Soka Gakkai com o corpo humano, a organização é a estrutura óssea, e quem se encarrega da função dos vasos sanguíneos, que levam o sangue para todo o corpo, são as orientações individuais e os incentivos. Foi assim que todos os membros vieram avançando com entusiasmo, espírito elevado e disposição.

Por mais que se fale em organização, ela é formada por elos de pessoas, e quando se unem por respeito e confiança mútuos, a força dessa união se torna cada vez mais sólida.

No entanto, no caso dos líderes da organização vertical, tais como responsáveis de comunidade ou de distrito, além de terem muitas reuniões das quais precisam participar, têm diversos assuntos administrativos a tratar e, de fato, não possuem tempo bastante para se dedicar com mais afinco às orientações individuais.

Por isso mesmo, se os veteranos, que por longos anos vieram atuando com responsabilidade e possuem rica experiência dos benefícios da fé e da vida, apoiarem os líderes de cada organização e se empenharem na orientação individual, muitas pessoas se levantarão pela fé com coragem e se desenvolverão como “valores humanos” do kosen-rufu.

Em outras palavras, a existência desses veteranos é, para cada um dos membros, um “cabo para salva-vidas da fé” e, para a Soka Gakkai, importantes raízes que sustentam o kosen-rufu.

Foi por esse motivo que Shin’ichi Yamamoto se utilizou, certa ocasião, da expressão “Cruz Vermelha do Kosen-rufu” em alusão ao Departamento de Orientação da Soka Gakkai.

Para que todos os membros da Gakkai possam se empenhar na prática da fé com alegria e conquistar a felicidade, é importante a existência de uma rede de solidariedade de pessoas que estendam as mãos levando incentivo a todos, sem exceção. Os veteranos são exatamente a figura central desse empreendimento.

E mais ainda, se por meio desses incentivos os membros despertarem para a missão de contribuir socialmente e seguirem ampliando essa rede de sinceridade e amizade para todos os cantos de sua localidade, isso se tornará uma nova rede de segurança da sociedade que protegerá o coração das pessoas. Ou seja, a caminhada dos companheiros do Departamento de Orientação em suas orientações individuais diárias com toda a certeza se tornará uma grande força para solucionar os problemas da sociedade moderna, como o isolamento e a segmentação.

Shin’ichi expressou o nobre aspecto da atuação desses membros e sua disposição nos versos: Aa harukanaru ano chi nimo / Warewa tobiyuki idaki tari / Watashi wa ayumite tomo ni naku [“Ah, voarei também àquela terra distante e os abraçarei, caminharei e chorarei junto”].

Ter empatia pela dor do outro e estender incentivos — nisso se encontra o brilho da natureza humana. Com essas ações, a fonte da coragem emerge de dentro do coração dos amigos. E então vão se formando laços que unem um ser humano a outro.

Shin’ichi Yamamoto desejava que os companheiros do Departamento de Orientação concluíssem de maneira admirável e honrosa a vida como budistas e como seres humanos. Queria que, assim como o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, eles atuassem com ardente espírito de luta em prol do kosen-rufu enquanto vivessem.

Como viveu os últimos anos de vida — é isso o que definirá toda a sua existência. Mesmo que tenha superado árduas e sofridas batalhas, empenhando-se com dedicação nas atividades da Soka Gakkai, se retroceder em sua determinação e decisão pelo kosen-rufumais tarde com a idade, não conseguirá adornar a vida com grande vitória.

Nichiren Daishonin afirma: “Seja diligente em aprofundar sua fé até o último momento de sua vida. Do contrário, irá se arrepender” (CEND, v. II, p. 294).

Com o avançar da idade, a maioria das pessoas cede sua função na organização às gerações mais novas. Isso é importante também para a revitalização da organização.

Contudo, ao deixar a função, se pensar que “Basta! Agora é melhor que os mais novos se esforcem”, e perder a paixão pelas atividades da Soka Gakkai, isso será o reflexo de sua derrota para a maldade que existe no interior do seu próprio coração.

Independentemente da posição que ocupe, deve unir seu coração ao do líder central da organização, visualizar o que existe para ser feito, criar e agir em prol do kosen-rufu. Deve continuar a estabelecer novos desafios com a decisão de “Agora, enfim, é o momento da minha verdadeira luta!”. Esse é o “coração Soka”.

Com a idade vem também uma disponibilidade maior. Poderá destinar mais tempo às orientações individuais, ao diálogo a respeito do budismo, ao desenvolvimento de laços de amizade na localidade e também à contribuição social.

Por outro lado, a vasta experiência que veio acumulando, incluindo os fracassos, se torna uma grande força tanto para incentivar as pessoas como para falar sobre o budismo. Esta fé faz com que as nossas experiências de vida tenham valor e utilidade.

Mesmo que passem a ter dificuldades de locomoção, poderão incentivar as pessoas pelo telefone ou por cartas. Além disso, pode recitar daimoku pela felicidade de todos. Não há nenhuma necessidade de fazer algo além de suas possibilidades. O importante é não perder o espírito de atuação.

Tanto a vida como a sociedade são impermanentes. No entanto, é no ato de manter até o fim o coração de juramento em prol do kosen-rufu junto com os companheiros que existe a vida de “eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza”, embasada na grande Lei [Mística] da vida.

Na quarta estrofe da canção Towa no Seishun (“Eterna Juventude”), os versos Aa tsukare nimo iza tachite / Eien no seishun futatabi to [“Ah, mesmo exausto, levanto-me agora para viver novamente a eterna juventude”] refletiam a expectativa de Shin’ichi Yamamoto: “Membros do Departamento de Orientação, sejam eternos bravos heróis do kosen-rufu!”.

Os versos seguintes, Miwatasu kanata wa ten ni mai / Tsubasa ni norite kyou mo tobu [“O horizonte ao longe baila no céu e subo em suas asas para voar hoje também”], continham seu sincero desejo de que “vivessem seus dias com transbordante alegria e jovialidade, com forte convicção nos princípios do budismo que permeiam as três existências”.

Nichiren Daishonin afirma: “Recite o Nam-myoho-renge-kyo com atitude resoluta e sincera, e recomende com veemência aos outros que façam o mesmo; isso permanecerá como a única lembrança de sua existência neste mundo humano” (CEND, v. I, p. 66). Empenhar-se na fé da prática para si e para os outros, desejar a felicidade das pessoas, ensinar-lhes o budismo e incentivar os amigos — Daishonin diz que isso se tornará a lembrança que restará deste mundo humano.

É por ter nascido como ser humano e encontrado o ensinamento correto que teve contato com o grandioso empreendimento do kosen-rufu e pode falar sobre o budismo para as pessoas e prosseguir no esforço de cumprir a missão como bodisatva da terra. Ao se conscientizar disso, não deixará de sentir a suprema alegria por poder realizar as atividades da Soka Gakkai.

Então, para quantas pessoas conseguiu expor o budismo, quantas fez despertar e quantas desenvolveu como verdadeiros seres humanos de valor — nisso se encontrará sua máxima satisfação e, em si, se tornará seu tesouro da vida que irradiará um eterno e inesgotável brilho.

“Eu sou feliz agora porque aquela pessoa me visitou várias vezes”; “Eu me ergui graças às orientações e incentivos daquele dia” — uma existência que é motivo de gratidão das pessoas é a honra dos bravos heróis do kosen-rufu.

A expectativa de Shin’ichi em relação ao Departamento de Orientação era grande.

Ao visualizar o futuro do Japão, observamos a chegada de uma sociedade sem precedentes formada por idosos. Para que as pessoas vivam uma velhice feliz, além de questões como aposentadoria, empregabilidade e cuidados assistenciais, torna-se tema-chave a visão delas em relação à vida, à morte e como viver seus dias com vivacidade e criatividade. Ou seja, o que será colocado em questão é como estará seu coração de ser humano.

A figura dos veteranos da fé dedicando-se em prol dos amigos e da localidade repletos de vitalidade e com suor no rosto, fazendo do budismo sua filosofia de vida, com certeza se tornará um modelo do modo de viver na velhice para todos os demais.

Shin’ichi Yamamoto desejava que os companheiros com ampla experiência de longos anos de vida estabelecessem extraordinárias comprovações dos benefícios da prática da fé.

Qual é a maior e mais sublime comprovação dos benefícios da fé no final da vida? — Não são aspectos como riqueza, posição social ou fama. É o brilho do caráter e da personalidade como simples ser humano.

O afeto que envolve a todos, o coração que se preocupa com as pessoas, a convicção inabalável pelo grandioso ideal e o incansável anseio pelo autodesenvolvimento — a luz do espírito que fomenta tudo isso é o próprio brilho do caráter.

Pode ser que seja semelhante à beleza das folhas avermelhadas do outono. As árvores desenvolvem seus brotos após suportar a densa neve, formam galhos que buscam crescer para o alto em direção ao céu, criam folhas e se fortalecem sob o sol escaldante. Em consequência disso, tornam-se belas folhas vermelhas. E até o instante de caírem, brilham em vívido escarlate como se desejassem levar felicidade às pessoas que as veem.

As folhas vermelhas são o símbolo dos últimos anos de vida. É a beleza de uma coloração plena de vivacidade provocada pela queima total da vida. Essa beleza perfeita é igual ou superior à da juventude das folhas novas e verdejantes.

Se os veteranos da fé intensificarem o brilho do seu caráter e se tornarem alvo do carinho, da confiança, do respeito e da admiração das pessoas, isso já será a expansão do kosen-rufu. A existência dessas pessoas será o orgulho de todos os membros, que são o incomparável tesouro Soka.

Foi em 10 de novembro que a letra e a partitura da canção do Departamento de Orientação, Towa no Seishun (“Eterna Juventude”), foram publicadas no Seikyo Shimbun.

Capítulo 3: Trechos do Diálogo sobre Religião Humanística

DRH, cap. “Nascimento, Envelhecimento, Doença e Morte”, v. 3, p. 209-212

Morinaka: Durante muitos anos, a monja leiga Toki cuidou de sua idosa sogra, que se encontrava doente, e também apoiou seu marido nos momentos difíceis. É provável que toda essa tensão e esforços acabaram debilitando sua saúde. Ela também carecia de energia para procurar um tratamento que a curasse. Por essa razão, Daishonin a encoraja dizendo:

A senhora também é uma praticante do Sutra do Lótus, e sua fé é como a lua crescente ou a maré alta. Tenha a absoluta certeza de que sua doença não irá perdurar, e que sua vida se prolongará sem falta! Cuide-se e não deixe que a angústia perturbe a sua mente. (CEND, v. I, p. 686)

Pres. Ikeda: “Não deixe que a angústia perturbe a sua mente”, ele diz. O importante é ter o espírito combatente, a postura de um devoto do Sutra do Lótus. Ele também diz: “Cuide-se”. É fundamental que tomemos medidas práticas para recuperar nossa saúde.

Ninguém deseja ser vencido pela doença. Mas, se uma moléstia em particular interfere em nossas atividades diárias ou em nosso trabalho, ou nos faz perder a coragem e a confiança em nós mesmos, gradativamente o desespero vai se apoderando de nós. No caso da monja leiga Toki, talvez a resignação que sentia era devido a sua doença não dar sinais de melhora durante um longo tempo. Daishonin a encoraja a munir-se de nova determinação e a decidir viver não importando as dificuldades.

Morinaka: Em Prolongar a Vida, Daishonin declara:

A vida é o tesouro mais valioso de todos. Mesmo um dia a mais de vida tem valor superior a dez milhões de ryo em ouro... Por esse motivo, a senhora deve se apressar em acumular o tesouro da fé e vencer sua doença o mais rápido possível...

Um dia de vida é mais valioso que todos os tesouros de um grande sistema de mundos, então, antes de tudo, deve munir-se de sincera fé...

Além disso, [a senhora] teve a oportunidade de encontrar o Sutra do Lótus. Se viver um dia a mais, poderá acumular muitos benefícios mais. Sua vida é realmente preciosa! (CEND, v. II, p. 221)

Pres. Ikeda: Naturalmente, há pessoas que têm firme fé, mas cuja vida é breve. Há certamente um significado muito profundo por trás disso. O valor da vida de uma pessoa não é determinado pelo número de anos que ela vive. Daishonin afirma: “É melhor viver um único dia com honra do que viver 120 anos e morrer na desonra” (Ibidem, p. 112).

Nas passagens que o senhor acabou de citar, Daishonin fala do “tesouro da fé”, enfatizando à monja leiga Toki a importância de fazer surgir a vontade, ou seja, ter o desejo sincero ou a aspiração de continuar vivendo.

Para nós, cada dia de vida é uma oportunidade que temos de contribuir para o kosen-rufu. Cada dia que dedicamos à promoção das atividades conduz diretamente à realização do grande desejo do kosen-rufu. Portanto, não podemos, absolutamente, ser vencidos por nenhum obstáculo ou doença. Somente o rei demônio do sexto céu e seus subordinados — as forças da escuridão e da maldade inerentes à vida — se alegrariam de nos ver derrotados e impossibilitados de cumprir nossa missão pelo bem e em defesa da Lei Mística.

Morinaka: O drama da doença resume a luta entre o buda e as funções maléficas, entre atingir o estado de buda e permanecer nos mundos ou estados inferiores.

Pres. Ikeda: Daishonin diz que a doença é um “desígnio do Buda” porque nos incita a firmar “a determinação de entrar no caminho” (CEND, v. II, p. 202). De fato, a doença nada mais é que uma batalha entre o Buda e as forças maléficas.

Em A Prova do Sutra do Lótus, endereçada a Nanjo Tokimitsu quando ele se encontrava muito doente, Daishonin fala sobre a determinação e o espírito necessários para vencer os obstáculos e as maldades.

Saito: Ele condena os demônios da doença que atacavam Tokimitsu e inicia sua investida direta com as palavras: “E vocês demônios...” (Ibidem, p. 376).

Morinaka: Daishonin diz a seu discípulo: “Agora que parece estar pronto para atingir o estado de buda, é provável que o demônio celestial e os espíritos malignos estejam se valendo da enfermidade para intimidá-lo... Jamais, sequer por um instante, se deixe vencer pelo medo!” (Ibidem, p. 376). Em seguida, ele refuta severamente esses demônios.

Pres. Ikeda: Daishonin diz que, ao atormentar Tokimitsu, esses demônios estão ignorando o Sutra do Lótus e convertendo-se em inimigos de todos os budas das dez direções e das três existências. Ele também afirma que não basta que eles mudem sua postura e curem a enfermidade de Tokimitsu. É preciso que o protejam ativamente. Nessa declaração, vemos um princípio vital que esclarece a essência da boa saúde.

O propósito fundamental de uma vida longa e saudável é poder beneficiar outras pessoas na sociedade com nossas ações compassivas. Obviamente, é natural que oremos também por nossa boa saúde e longevidade. Nem é preciso dizer que prejudicar nossa saúde com maus hábitos, com um estilo de vida desregrado, ou por negligência, contraria totalmente um modo de vida de criação de valor.

Devemos exercitar a sabedoria em nossa vida diária — por exemplo, reservando o tempo necessário para descansar e nos revigorar quando sentirmos fadiga. Boa saúde é algo que nós mesmos temos de assegurar, agindo com prudência e bom senso. A saúde é a medalha de honra das pessoas sábias.

Qual é o propósito de nos empenharmos para ter uma vida longa e saudável? É para poder usar essa vida ao máximo trabalhando em prol da Lei, da felicidade e do bem-estar de nossa família, de nossos amigos e semelhantes, para cumprir nossa missão individual e concretizar o grande desejo do kosen-rufu.

Portanto, é fundamental que enfrentemos ativamente o desafio do nascimento, do envelhecimento, da doença e da morte em meio a nossa luta pelo kosen-rufu. Agir dessa forma é uma prova concreta de que em nossa vida existem as quatro nobres virtudes do Buda: eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza.

O nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte não são causas ou motivos de aflição nem de lamentação. Ao contrário, constituem um brilhante palco para representarmos o drama da vida que ressoe com os acordes triunfantes de eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Mediante a epopeia do nascimento, do envelhecimento, da doença e da morte criamos uma existência de júbilo e vitória.

Notas:

1. As “quatro virtudes” descrevem as nobres qualidades da vida do Buda e são enunciadas da seguinte forma: “eternidade” significa imutável e eterno; “felicidade” indica a tranquilidade que transcende todo sofrimento; “verdadeiro eu” refere-se à natureza verdadeira e intrínseca; e “pureza” quer dizer livre de ilusão ou condutas errôneas.

2. Ryo (termo japonês): Unidade de peso no Japão baseada num padrão adotado na China antiga. Um ryoequivalia a aproximadamente 37,5 gramas, embora o valor exato de um ryovarie conforme o período histórico.

3. Essa afirmação se baseia numa passagem do capítulo 23, “Os Feitos Iniciais do Bodisatva Rei dos Remédios”, do Sutra do Lótus.

4. Redigida em 1275 ou 1279, Prolongar a Vida é uma carta endereçada à monja leiga Toki, esposa de Toki Jonin. Ela morava na vila de Wakamiya, distrito de Katsushika, província de Suruga (atual cidade de Ichikawa, província de Chiba). Nessa carta, Daishonin afirma à monja leiga Toki, a qual enfrentava uma doença, que o carma imutável ou fixo (o qual determina a duração da vida de uma pessoa) pode ser transformado pelo poder da Lei Mística, e a incentiva a buscar tratamento e viver o máximo que puder. Daishonin também expõe a própria experiência nesse contexto, apontando: “Quando orei por minha mãe, ela não só se curou da doença, como pôde prolongar a vida por mais quatro anos” (CEND, v. II, p. 221).

5. Daishonin escreve em As Três Esteiras: “Sua visita (...) proporcionou-me grande alento. Foi como se a doença que me levou a emagrecer tivesse desaparecido e eu me sentisse apto o bastante para apanhar um tigre. E graças ao wakame [alga comestível] que você me deu de presente, creio que possa até mesmo montar no dorso de um leão” (cf. WND, v. II, p. 991).

6. Essa carta, datada do décimo primeiro dia do nono mês de 1277, foi escrita para Shijo Kingo. Em decorrência do Debate de Kuwagayatsu, que ocorreu no sexto mês daquele ano, Shijo Kingo havia perdido os favores de seu senhor feudal, Ema, e corria o risco de ter suas terras confiscadas. Entretanto, após ministrar tratamento ao seu senhor feudal, quando ele estava doente, a situação de Shijo Kingo começou a melhorar. Nessa carta, Daishonin escreve sobre o tesouro do coração e sobre nosso comportamento como seres humanos, ensinando a Shijo Kingo o segredo da vitória na vida.

7. “Nascimento e morte do estado de buda” significa passar pelo ciclo de nascimento e morte com base na compreensão de que nossa vida é entidade da Lei Mística e que vida e morte são funções inerentes a essa lei universal. Além disso, consiste em manifestar imensa compaixão e energia vital inerentes ao universo e praticar o caminho do buda, existência após existência, a fim de conduzir todos os seres vivos à iluminação.

8. Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente (Ongi Kuden), Daishonin declara: “Se olharmos com os olhos da sabedoria ao serem abertos pelo capítulo 16, ‘A Extensão da Vida’, do ensinamento essencial [do Sutra do Lótus], compreenderemos a verdade de que a doença, a dor e a aflição são, e sempre foram, uma parte intrínseca da vida. Essa é a sabedoria do buda da ilimitada alegria” (OTT, p. 174).

9. Sutra dos Reis Benevolentes. Os “sete benefícios” referem-se a evitar ou erradicar os sete desastres.

10. Essa carta, endereçada a Nichigen-nyo, esposa de Shijo Kingo, foi redigida no primeiro mês de 1275. Nichigen-nyo estava com 33 anos, e, segundo a crença popular japonesa, era considerada uma idade de azar para as mulheres. Agradecendo aos oferecimentos sinceros enviados por ela, Daishonin a orienta sobre os benefícios da fé no Sutra do Lótus e a incentiva exaltando-a como a “primeira dentre todas as mulheres do Japão” (CEND, v. I, p. 485).

11. IKEDA, Daisaku; SIMARD, René; BOURGEAULT, Guy. Ser Humano — Essência da Ética, da Medicina e da Espiritualidade. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2007. p. 127.

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