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Humanismo/sociedade

A natureza é como um espelho

O mundo interior das pessoas, a essência da humanidade e a amplitude da própria vida estão refletidos na natureza

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Daisaku Ikeda

06/09/2021

A natureza é como um espelho

Trechos extraídos e adaptados do livro Juventude: Sonhos e Esperanças.1

A natureza é como um espelho. Ela permanece imóvel. Eu, no entanto, posso me mover para outros lugares. Ela parece inalterável, ao passo que eu me transformo a cada instante. O espelho da natureza reflete meu mundo interior, a essência da humanidade e a grandiosa e completa amplitude da própria vida.

Uma estudante escreveu: “Sinto-me feliz quando o dia está lindo. Creio que seja porque a beleza do sol, do vento, da grama e das árvores é completamente natural, à sua própria maneira, isenta de qualquer falsidade ou superficialidade”. Acredito que ela esteja dialogando, à sua própria maneira, com o céu azul e com o sol.

Somente quando nós estamos unidos à natureza e envolvidos com ela é que realmente podemos afirmar que estamos vivos e com energia. Para estarmos vivos, necessitamos da luz do sol, do brilho da lua e das estrelas, da beleza do verde e da pureza das águas.

Um ambiente poluído e sujo não é natural. Quando as pessoas vivem nesse tipo de ambiente, seu coração também se torna poluído. Essa é a unicidade da vida e do ambiente.

As pessoas não existem separadas da natureza e o ato de destruí-la nada mais é que um sinal da arrogância e da ignorância da humanidade.

Sempre apreciei as obras do escritor japonês Doppo Kunikida,2 as quais são repletas de magníficas descrições da natureza. Ainda me lembro delas. Em uma passagem, ele escreveu: “Aquele céu completamente azul despontando sobre o topo das árvores e os raios de sol entrecortados pelas folhas que bailavam ao ritmo da brisa eram indescritivelmente belos”.3

(...)

Tiro fotografias para registrar esse diálogo e para que, dessa forma, possamos sentir a beleza e a maravilha da natureza juntos. As fotos são tiradas com o coração.

Robert Capa (1913–1954) fotografou a tragédia da guerra em um campo de batalha e deixou um registro disso para que tomássemos conhecimento. Meu desejo é deixar um registro da importância da natureza.

Hoje, há um interesse cada vez menor pela busca da natureza oculta nas profundezas da vida. Em contrapartida, uma grande energia é dedicada à exploração de outros assuntos. Pode-se compreender a necessidade desses estudos, mas, quando se separam da essência da vida, eles se tornam insignificantes.

Todas as grandes obras artísticas e culturais realizadas no passado originaram-se do amor à natureza e de uma profunda impressão sobre ela.

Notas:

1. IKEDA, Daisaku. Juventude: Sonhos e Esperanças. Tradução: Izabela Konomi Nakamura. 2 ed. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 247-249, 2020.

2. Doppo Kunikida (1871–1908), poeta e romancista japonês que representou um importante papel como vanguardista do naturalismo na literatura japonesa.

3. KUNIKIDA, Doppo. Musashino [Planície de Musashi]. Tóquio: Iwanami Shoten, 1939. p. 13.

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