marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Estudo

[20] Coragem

ícone de compartilhamento

Departamento de Estudo do Budismo

12/05/2022

[20] Coragem

Capítulo 1: Trechos do Gosho

Budismo do Sol — Iluminando o Mundo:

Terceira Civilização, ed. 601, set. 2018, p. 48-65

Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

As Perseguições ao Venerável — Parte 2 [de 2]:

Trecho da carta

Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém. O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes. Os caluniadores são como raposas que uivam, mas os seguidores de Nichiren são como leões que rugem. O sacerdote leigo do Saimyo-ji, já falecido, e o regente atual permitiram que eu retornasse de meus exílios quando descobriram que eu era inocente das acusações atribuídas a mim. O governante atual não mais tomará medidas em resposta a qualquer acusação sem antes ter confirmado a veracidade dos fatos. Os senhores podem ter certeza de que nada, nem mesmo alguém possuído por um poderoso demônio, poderá fazer mal a Nichiren, pois Brahma, Shakra, as divindades do Sol e da Lua, os quatro reis celestiais, a Deusa do Sol e Hachiman estão me protegendo a todo o momento. Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês. Se enfraquecerem em sua determinação, por pouco que seja, os demônios se aproveitarão. (...)

Encorajem, mas não atemorizem, as pessoas de Atsuhara que são ignorantes do budismo. Digam a elas que se preparem para o pior; que não esperem bons tempos, mas tenham os maus como certos. Se reclamarem da fome, contem-lhes sobre os sofrimentos no mundo dos espíritos famintos. Se lamentarem do frio, explique a elas sobre os oito infernos gelados. Se demonstrarem que estão com medo, diga-lhes que um faisão avistado por um falcão ou um rato perseguido por um gato sentem o mesmo desespero que elas. (CEND, v. II, p. 263-264)

Explanação

A Soka Gakkai é um encontro de leões.

Se nós nos tornar um leão, venceremos qualquer forma de adversidade. Leões são fortes, nada temem.

E se recitarmos Nam-myoho-renge-kyo do rugido do leão, aniquilaremos todas as funções da maldade. Nada consegue impedir o caminho dos leões.

Hoje, por todo o planeta, jovens leões Soka estão empreendendo ações com novo vigor e espírito de levantar-se só, movidos pelo desejo de promover o nosso movimento pelo kosen-rufu em sua respectiva comunidade e país.

Ingressamos num período em que os jovens estão dando continuidade e desenvolvendo ainda mais o legado de vitória em prol do povo construído pelos mestres e discípulos Soka e oriundo do histórico e abnegado empenho sem poupar a própria vida do primeiro e segundo presidentes, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda. Esses jovens, extraordinários líderes cidadãos do mundo, estão se esforçando com a coragem de leões para criar uma sociedade pacífica.

Nosso movimento pela revolução humana, fundamentado nos princípios do Budismo de Nichiren Daishonin, está ganhando o reconhecimento no mundo inteiro. A Soka Gakkai reluz como um farol de esperança para a humanidade no século 21.

Neste ensejo em que celebramos o 85º aniversário de fundação da Soka Gakkai (18 de novembro de 2015), consolidamos uma rede mundial de bravos leões. Vamos todos, juntos, bradar com orgulho nossa esplêndida vitória!

“Prefiro um único leão a mil ovelhas!”

Makiguchi sensei costumava dizer: “Prefiro um único leão a mil ovelhas!”. Com o espírito do rei leão, ele e seu discípulo, Josei Toda, empreenderam incessantes esforços contra a perseguição que enfrentaram pela causa do budismo durante a Segunda Guerra Mundial. Daí se originou o espírito da Soka Gakkai.

Na época, as autoridades militaristas do Japão forçavam as pessoas a abraçar o xintoísmo como religião do Estado, com o propósito de torná-lo o pilar espiritual para unir o povo em torno de seus planos de guerra. Makiguchi sensei e Toda sensei se opuseram às exigências do governo. Insistiram com firmeza em defender seu direito à liberdade de crença religiosa e o ideal de Nichiren Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”. No dia 18 de novembro de 1944 — exatamente no mesmo dia em que catorze anos antes (1930) sua revolucionária obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]1 havia sido publicada —, Makiguchi sensei morreu na prisão dando a vida por suas convicções.

Toda sensei só soube da morte do seu mestre dois meses depois, em 8 de janeiro do ano seguinte (1945). Naquele momento, ele jurou: “Esperem e verão! Se sair da prisão com vida, eu me tornarei o conde de Monte Cristo e provarei a inocência do meu mestre, sem falta!”.

Após ser libertado, Toda sensei levantou-se só em meio às ruínas do Japão pós-guerra e começou sua luta pela felicidade das pessoas que mais sofriam e pela paz. Ele se dedicou a expandir a Lei Mística sem poupar a própria vida, lutando como um resoluto rei leão.

O coração do rei leão é, de fato, o espírito de fundação da Soka Gakkai e o ponto primordial do nosso movimento. Herdando esse espírito, conduzimos a luta pelo kosen-rufu até os dias atuais. Nesta oportunidade, daremos sequência ao estudo do escrito As Perseguições ao Venerável, aprendendo um pouco mais a respeito do coração do rei leão que pode ser considerado o espírito dos três presidentes da Soka Gakkai.

Trecho 1 do escrito

Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém. O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes. Os caluniadores são como raposas que uivam, mas os seguidores de Nichiren são como leões que rugem. (CEND, v. II, p. 263)

Fé é outro nome para coragem

Na edição anterior [Terceira Civilização, ed. 600, ago. 2018, p. 48-65], estudamos a primeira metade de As Perseguições ao Venerável e verificamos que a base para o budismo do povo foi estabelecida por meio da luta obstinada dos Três Mártires de Atsuhara2 e dos outros discípulos camponeses de Nichiren Daishonin durante a Perseguição de Atsuhara.3 Na segunda metade deste escrito que estudaremos neste segmento, Daishonin descreve detalhadamente a postura de fé que seus discípulos, os quais enfrentavam perseguições intensas, deveriam adotar como praticantes da Lei Mística.

Na parte imediatamente anterior a essa passagem, Nichiren Daishonin declara: “No passado e na era atual dos Últimos Dias da Lei, os governantes, os altos ministros e as pessoas que desprezaram os devotos do Sutra do Lótus pareciam estar livres de punição no início, mas, com o tempo, todos se condenarão à queda” (CEND, v. II, p. 263). Aqueles que perseguem os devotos do Sutra do Lótus, independentemente da época, não têm como escapar da rigorosa lei de causa e efeito.

Além disso, Daishonin afirma que as divindades que juraram proteger o Sutra do Lótus — como Brahma, Shakra, as divindades do Sol e da Lua, e os quatro reis celestiais — agora se empenham para cumprir seu juramento, trabalhando mais do que nunca para proteger Nichiren Daishonin, o devoto do Sutra do Lótus (cf. CEND, v. II, p. 263). Como, à luz da Lei Mística, as consequências dos bons e maus atos são evidentes, não há motivo para temer a perseguição.

Todos possuem dentro de si o coração do rei leão

Após esse esclarecimento, Daishonin encoraja seus discípulos: “Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão” (Ibidem).

Makiguchi sensei sublinhou esse trecho em seu exemplar dos escritos de Nichiren Daishonin.

Essa frase encerra a essência do Budismo de Nichiren Daishonin. Como a passagem indica ao assinalar “Cada um dos senhores”, todos nós, sem exceção, possuímos dentro de nós o coração do rei leão. O fator essencial para fazer despertar essa coragem é a fé fundamentada no espírito de unicidade de mestre e discípulo.

O coração do rei leão é o espírito do mestre que abriu destemidamente o caminho do kosen-rufu. Quando fazemos deste o nosso espírito, infalivelmente ativamos o coração do rei leão em nossa própria vida.

No período em que eu trabalhava arduamente para servir a Toda sensei, fiz uma profunda decisão. Para proteger meu mestre — um rei leão —, como seu discípulo, decidi extrair, eu mesmo, o coração do rei leão e suplantar todos os obstáculos.

Quando nos empenhamos com o mesmo espírito do nosso mestre, nunca ficamos sem saída. Ao nos perguntar o que o mestre faria, reunimos nossa sabedoria e força para corresponder às expectativas dele — é esse espírito que desperta a força do rei leão dentro de nós e faz surgir a coragem para vencer as dificuldades e os desafios.

Toda sensei costumava dizer que aqueles que continuam a se esforçar corajosamente pelo kosen-rufu — o testamento de Nichiren Daishonin — são bodisatvas e budas.

O coração do rei leão consiste no espírito de jamais abandonar a fé — o espírito de jamais ser derrotado, o espírito da Soka Gakkai. É lutando contra as dificuldades e vencendo-as que atingimos o estado de buda. Por isso, devemos reunir a coragem do rei leão. Fé é outro nome para a coragem de continuar seguindo sempre em frente.

Nossos membros vêm se dedicando incansavelmente desde os primórdios da Soka Gakkai, recusando-se a se deixar derrotar por injúrias e críticas infundadas, agindo de acordo com a admoestação de Daishonin de “Jamais sucumbir às ameaças de ninguém” (CEND, v. II, p. 263). Eles cerraram os dentes e não recuaram um pouco sequer. Aqueles que avançam, um passo que seja, ou um simples milímetro, são vitoriosos. Não ceder à derrota é o meio para acumular tesouro do coração imperecível e, assim, realizar a revolução humana e transformar o destino. No âmbito da fé, aqueles que perseveram sinceramente na prática budista colherão, sem falta, os louros da vitória brilhante no final.

O filhote do leão também é um rei leão

Nichiren Daishonin prossegue, afirmando: “O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes. Os caluniadores são como raposas que uivam, mas os seguidores de Nichiren são como leões que rugem” (CEND, v. II, p. 263).

Há muitas referências ao rei leão nos escritos de Nichiren Daishonin. Ele compara sua condição de vida iluminada com a do rei leão para facilitar a compreensão de seus discípulos. Nas escrituras budistas, o rei leão também é empregado para simbolizar o Buda.

Daishonin também equipara o Sutra do Lótus — o rei dos sutras — ao rei leão. Aqueles que abraçam este sutra alcançarão a condição de vida de um rei leão, intrépido e confiante, como ele indica ao assegurar: “Será corajosa como o rei leão” (cf. CEND, v. I, p. 431). Por essa razão, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo do rugido do leão, escreve ele, “Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?” (Ibidem).

Em As Perseguições ao Venerável, Daishonin salienta que o rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes (cf. CEND, v. II, p. 263). As “raposas que uivam” são as que fogem de medo ao ouvirem o rugido do leão.

O fator fundamental para combater os obstáculos e as maldades reside em nosso próprio coração. Por mais colossal que possa se mostrar o obstáculo ou a maldade, não há motivo para temê-lo. Antes, o que deveríamos temer é a manifestação do “coração que cede e se curva diante das ações maléficas” ou do “coração que se amedronta diante das maldades”4 (cf. CEND, v. I, p. 524).

O segredo da vitória se encontra em não ser derrotado em seu coração, isto é, em permanecer invicto no espírito. “O que importa é o coração” (CEND, v. II, p. 214). Vencedores no espírito são vencedores na vida.

Nessa passagem, Daishonin utiliza a expressão “seguidores de Nichiren” (Ibidem, p. 263). É uma referência àqueles que fizeram um profundo laço de mestre e discípulo com Daishonin que, nos 27 anos desde o estabelecimento de seu ensinamento (em 1253), conforme se relata no início da carta, lutou e venceu todos os tipos de poderosos inimigos e as mais severas perseguições.

Interpreto a utilização da expressão “seguidores de Nichiren” aqui como um poderoso incentivo aos seus discípulos, como se ele lhes assegurasse: “Todos vocês são meus discípulos! Desse modo, se vocês se empenharem assim como eu, vencerão infalivelmente!”.

Discípulos que abraçam o grandioso objetivo do kosen-rufu e seguem o exemplo de um excelente mestre, repleto de compaixão, coragem e sabedoria, jamais serão derrotados. O rei leão é sempre vitorioso. Os filhotes do leão devem decidir se tornar reis leões também. É o momento exato para isso. Os discípulos de Nichiren Daishonin devem se encorajar mutuamente e se lembrar de que chegou a hora de se levantarem resolutamente como reis leões. Essa é a mensagem de Daishonin aos seus discípulos.

Trecho 2 do escrito

O sacerdote leigo do Saimyo-ji já falecido, e o regente atual5 permitiram que eu retornasse de meus exílios quando descobriram que eu era inocente das acusações atribuídas a mim. O governante atual não mais tomará medidas em resposta a qualquer acusação sem antes ter confirmado a veracidade dos fatos. Os senhores podem ter certeza de que nada, nem mesmo alguém possuído por um poderoso demônio, poderá fazer mal a Nichiren, pois Brahma, Shakra, as divindades do Sol e da Lua, os quatro reis celestiais, a Deusa do Sol e Hachiman estão me protegendo a todo o momento. Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês. Se enfraquecerem em sua determinação, por pouco que seja, os demônios se aproveitarão. (CEND, v. II, p. 263)

A proteção das divindades celestiais e das divindades benevolentes é certa

Nichiren Daishonin menciona o fato de o antigo regente Hojo Tokiyori permitir que ele retornasse do Exílio em Izu,6 e o atual governante, Hojo Tokimune, consentiu que regressasse do Exílio em Sado.7 Em ambos os casos, ele foi condenado ao exílio em decorrência de mentiras disseminadas por seus inimigos, motivados pela inveja e pela mordaz animosidade. Daishonin afirma que os governantes do país, tendo percebido esse fato, provavelmente não incorreriam no mesmo erro outra vez.

Nesse trecho, Nichiren Daishonin assegura a seus discípulos que enfrentavam severas perseguições que, se lutassem com o coração do rei leão contra as conspirações e intrigas infligidas a eles, a verdade seria revelada sem falta.

É mais que natural as divindades celestiais e as divindades benevolentes protegerem aqueles que abraçam a Lei — que é tão vasta quanto o próprio universo —, mesmo que alguém com imensa autoridade secular, “possuído por um poderoso demônio” (CEND, v. II, p. 263), tente persegui-los. A declaração de Nichiren Daishonin é repleta de compaixão e convicção.

Essa passagem estava sublinhada em vermelho no exemplar do Gosho de Toda sensei, apreendido pelas autoridades durante a guerra.

A amplitude da proteção que recebemos das divindades celestiais depende da força da nossa fé. Se formos preguiçosos, apáticos ou negligentes, as funções maléficas ou influências negativas se aproveitarão disso, acharão um meio de penetrar em nossa vida e destruirão tanto nosso corpo como nossa mente. Por essa razão, Nichiren Daishonin enfatiza: “Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês. Se enfraquecer na determinação ainda que um pouco, demônios se aproveitarão” (CEND, v. II, p. 263).

Recordações das explanações de Gosho em Saitama

Durante a juventude, explanei este Gosho como representante de Toda sensei para os membros da Comunidade Kawagoe, da província de Saitama, Japão. Na época, discorri sobre a passagem “Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês. Se enfraquecer na determinação ainda que um pouco, demônios se aproveitarão” (Ibidem), e reiterei aos membros de Kawagoe que o kosen-rufu constitui uma luta incessante contra as forças maléficas.

Aos membros que lutavam ao meu lado, eu disse: “Não importando quão arduamente tenhamos nos empenhado até hoje, se nos tornarmos arrogantes ou presunçosos, abriremos uma brecha para as funções da maldade penetrarem. Essas influências estão sempre em busca de uma oportunidade para impedir nosso crescimento e barrar e destruir o fluxo do kosen-rufu. A única maneira de suplantar as funções da maldade é continuar avançando, desafiando a nós mesmos e nos desenvolvendo dia após dia”.

Esforços persistentes na fé são o segredo da vitória na vida. Shakyamuni afirmou que, desde que atingira a iluminação, “nunca, nem sequer por um instante, negligenciei [o trabalho do Buda]” [LSOC, cap. 16, p. 267] (cf. CEND, v. II, p. 107).8 Daishonin transmite a mesma mensagem, dizendo: “Nem uma única vez pensei em recuar”9 (TC, ed. 592, dez. 2017, p. 44).

Que funções da maldade Shakyamuni e Nichiren Daishonin combateram durante toda a sua vida? A escuridão fundamental ou ignorância fundamental10 inerente à vida humana.

Funções da maldade são essencialmente “ladrões de vida” e “ladrões de benefícios” (cf. CEND, v. I, p. 89). O segredo para dominá-las reside em possuir um coração ou um espírito que se fortalece cada vez mais “dia após dia e mês após mês”. Esforços incessantes para avançar na prática budista ativam o estado de buda.

As funções da maldade não conseguem penetrar na vida daqueles que se empenham com afinco na prática budista — aqueles que constantemente ativam o estado de buda de dentro deles. As pessoas que avançam de forma contínua edificam uma condição de vida vasta e abrangente. Esse é o propósito do budismo.

“Fortaleçam sua fé dia após dia e mês após mês” (CEND, v. II, p. 263) é a base para a vitória absoluta, que nos capacita a vencer os “três obstáculos e quatro maldades”11 e a transformar nosso destino.

Trecho 3 do escrito

Encorajem, mas não atemorizem, as pessoas de Atsuhara que são ignorantes do budismo. Digam a elas que se preparem para o pior; que não esperem bons tempos, mas tenham os maus como certos. Se reclamarem da fome, contem-lhes sobre os sofrimentos no mundo dos espíritos famintos. Se lamentarem do frio, explique a elas sobre os oito infernos gelados.12 Se demonstrarem que estão com medo, diga-lhes que um faisão avistado por um falcão ou um rato perseguido por um gato sentem o mesmo desespero que elas. (CEND, v. II, p. 264)

Enfrentar desafios com dedicada fé

Quando praticamos corretamente a Lei Mística, obstáculos e oposições ocorrem invariavelmente. Porém, as grandes dificuldades enfrentadas no decorrer de nossos esforços em prol do kosen-rufu nos capacitam a atingir o estado de buda. Tal como a moxibustão,13 que fere ao ser aplicada, mas é necessária para curar a doença,14 (cf. CEND, v. II, p. 362), como Daishonin aponta nesse escrito, pôr nossa fé em prática para ultrapassar os obstáculos e as dificuldades nos permite transformar o destino.

Os benefícios da fé surgem de diversas formas. Uma situação, ou obstáculo, que no momento talvez pareça injusta e incabível poderá ser, ao fazermos uma retrospectiva, apreciada como um acontecimento que abriu o caminho para a felicidade. Até a situação aparentemente terrível e desesperadora ao extremo, quando enfrentada com forte fé, poderá propiciar uma oportunidade para se alcançar um benefício imensurável e genuíno. Daishonin elucida nesse trecho esse profundo princípio.

Na perspectiva das três existências da vida, que abrange passado, presente e futuro, a morte do presidente Makiguchi na prisão em defesa de suas convicções produziu uma causa para a magnífica expansão e desenvolvimento da Soka Gakkai pelo eterno futuro, e abriu o caminho para o kosen-rufu mundial e a criação da nossa rede dedicada à felicidade das pessoas e à paz mundial.

Daishonin salienta a seus seguidores que se esforcem com uma fé imbuída de forte compromisso, encorajando-os a estar prontos para qualquer coisa. “Não esperem bons tempos, mas tenham os maus como certos” (CEND, v. II, p. 264).

Mesmo antes de proclamar seu ensinamento pela primeira vez, Daishonin estava mais consciente que ninguém de que, se expusesse o ensinamento do budismo, perseguições intensas ocorreriam. Contudo, mantendo-se calmo e imperturbável diante da série infindável de perseguições que enfrentou subsequentemente, continuou a lutar, afirmando em outros escritos que “Vinha esperando esse desenrolar dos acontecimentos há muito tempo” (Ibidem, p. 22) e “Não estou sofrendo, pois desde o começo eu já sabia que isso ocorreria” (CEND, v. I, p. 202).

As palavras de Nichiren Daishonin “Não esperem bons tempos, mas tenham os maus como certos” (CEND, v. II, p. 264) descrevem perfeitamente sua pronta disposição de enfrentar o que quer que fosse.

Se tivermos a fé resoluta que nos habilite a não ser influenciados por circunstância alguma e a seguir em frente pelo caminho que escolhemos, ilimitada coragem e infinita sabedoria brotarão de dentro de nós, e se abrirá o caminho para a vitória em todos os campos. Poderemos transformar infalivelmente nossos problemas e nosso destino.

Como Daishonin afirma: “Dificuldades surgirão, e deverão ser encaradas como [paz e tranquilidade]” (cf. OTT, p. 115). Quando nos virmos assolados por árduas provações, devemos enfrentar a situação com alegria e coragem, encarando-a como oportunidade para nos tornarmos mais fortes. Esse é o espírito da Soka Gakkai e a essência do modo de vida budista.

A adversidade nos faz crescer. É o forte vento contrário que nos permite transformar o destino e ascender ao céu da felicidade e da vitória.

Características comuns àqueles que abandonam a fé

O trecho seguinte “Se reclamarem da fome” (CEND, v. II, p. 264) explica que aqueles que abandonam a fé por temer a fome e o frio ou por medo da perseguição cairão nos estados de vida dos “três maus caminhos” — os mundos do inferno, dos espíritos famintos e dos animais — nas três existências.

Só é possível compreender a essência do budismo da perspectiva da eternidade — frequentemente expressa no budismo como as “três existências” — passado, presente e futuro. Por acreditarmos na eternidade da vida, nossos esforços nesta existência possuem um profundo significado. O sofrimento das dificuldades que estamos vivenciando agora propicia a consecução do estado de buda. É como a moxibustão, que é dolorosa ao ser aplicada, mas depois produz um efeito benéfico.

No trecho seguinte, Daishonin aponta quatro características daqueles que abandonaram a fé, como Sammi-bo15 e outros (cf. CEND, v. II, p. 264).16

São covardes. Fingem ter firmeza no coração, mas quando a perseguição de fato acontece, esquecem os ensinamentos do seu mestre e fogem apavorados.

São insensíveis ou descuidados. Ouvem as importantes orientações oferecidas por seu mestre, acatando-as como se aplicassem aos outros, não a eles, e se esquecem delas rapidamente. Isso ocorre porque carecem de fé para buscar a orientação do seu mestre com sinceridade.

São gananciosos. Anseiam avidamente por prazeres mundanos, poder e aclamação. Esquecendo-se do grandioso juramento de mestre e discípulo pelo kosen-rufu e concentrando-se somente em seus interesses imediatos, desviam-se do correto caminho da fé.

São desconfiados. Duvidam das orientações do seu mestre e não conseguem compreendê-las apropriadamente.

Em síntese, o traço comum a todos os que abandonam a fé na Lei Mística é o fato de não terem como o eixo de sua vida a Lei — que deveria ser o alicerce deles — nem um mestre que os instrui sobre essa Lei. Em vez disso, são centrados em si mesmos. São egoisticamente arrogantes e ingratos. Essa é a essência daqueles que abandonam a fé na Lei Mística.

O Gohonzon é o “estandarte da propagação do Sutra do Lótus”

Durante o período em que estava se dedicando à reconstrução da Soka Gakkai após a Segunda Guerra Mundial, meu mestre, Josei Toda, declarou: “Nossa vida é eterna, sem começo nem fim. Agora tenho consciência de que todos nós surgimos neste mundo com a grande responsabilidade de propagar o Nam-myoho-renge-kyo, ou o Sutra do Lótus de sete ideogramas,17 nos Últimos Dias da Lei. Se definimos nossa condição de acordo com essa convicção, todos nós somos bodisatvas da terra”.18

Toda sensei prosseguiu afirmando que, pelo fato de essa consciência e essa determinação direcionadas para a realização do kosen-rufu terem se difundido, agora, por toda a organização como sua filosofia central, a Soka Gakkai recebeu o “Gohonzon de Consagração Permanente da Soka Gakkai” (em japonês, Soka Gakkai Joju Gohonzon), que contém a inscrição “Grande Desejo pela Concretização do Kosen-rufu, a Propagação Benevolente da Grande Lei”. Com isso, disse ele, a Soka Gakkai comprovou o princípio de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”.19

O Gohonzon é o “estandarte da propagação do Sutra do Lótus” (CEND, v. II, p. 91). É o objeto de devoção para realizar o tão acalentado intento de Nichiren Daishonin — o kosen-rufu mundial — e levar felicidade a todas as pessoas. Entretanto, durante mais de setecentos anos, não surgiu nenhum discípulo que cumprisse genuinamente esse grande juramento de relevância tão primordial.

No século 20, Makiguchi sensei e Toda sensei despertaram para a sua missão como bodisatvas da terra e, pela primeira vez, realizaram o trabalho compassivo de propagar amplamente o budismo entre as pessoas e deram início ao grande progresso do kosen-rufu, em exata conformidade com os ensinamentos de Nichiren Daishonin. A partir de então, a Lei Mística se expandiu para 192 países e territórios, e hoje os benefícios do Budismo de Nichiren Daishonin estão sendo vivenciados no mundo inteiro.

Dia após dia, empreendemos ações com base no juramento de realizar o kosen-rufu. Na época atual, a Soka Gakkai é a única organização que está concretizando o grande propósito de Nichiren Daishonin — o kosen-rufu mundial.

Dedicar a vida ao caminho Soka de mestre e discípulo

A relação de mestre e discípulo é a expressão suprema da fé. O presidente Josei Toda declarou com a máxima convicção: “Simplesmente dediquem a vida ao caminho Soka de mestre e discípulo. Jamais se arrependerão disso. Poderão ter uma vida em que reine a alegria da vitória”.

Trilhei o caminho da unicidade de mestre e discípulo com toda a determinação. É minha maior honra e meu orgulho na vida. Hoje, incontáveis companheiros bodisatvas da terra também avançam por esse nobre caminho e atuam nas mais diversas localidades da face da Terra.

Marco Antônio Laffranchi (1936–2015), falecido fundador da Universidade Norte do Paraná, no Brasil, disse-me que concordava com a importância da relação de mestre e discípulo. O mestre traça os planos, afirmou ele, e os discípulos os executam. O mestre aponta o caminho para o sucesso, e os discípulos dedicam a vida a trilhá-lo. O Dr. Laffranchi manifestou concordância com a nossa convicção de que uma grandiosa revolução humana de um único indivíduo ajudará a propiciar a mudança do destino de uma nação.

A nova era do kosen-rufu mundial é aquela na qual os bodisatvas da terra avançam pelo grande caminho de mestre e discípulo em todos os cantos do planeta.

Uma nova era despontou.

O mundo todo está à espera do

budismo dos reis leões.

Abriram-se as cortinas do

verdadeiro palco de mestre e

discípulos Soka.

Manifestando o coração do rei leão, trabalhemos com orgulho e confiança para expandir, consolidar e desenvolver ainda mais nosso maravilhoso movimento, que é unido pelos laços de mestre e discípulo e dedicado a consolidar a felicidade e vitória de todos.

(Daibyakurenge, edição de novembro de 2015)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

Capítulo 2: Trechos da Nova Revolução Humana


NRH, cap. “Luz da Felicidade”, v. 25, p. 75

— Como membros e defensores da Soka Gakkai, devemos ter abundante convicção em nossa fé, transbordante energia vital e ardente disposição de enfrentar quaisquer desafios da vida que possam surgir em nosso caminho. Em outras palavras, é importante nutrirmos de energia e ter uma vida realmente resplandecente. Uma vida que emana brilho ilumina a escuridão. Essa é a luz da felicidade.

— Nossa energia vital é o que mais importa. Compreende o que quero dizer? — acrescentou Shin’ichi.

Observando a reação do homem, ele acrescentou:

— Quando se perde o meio de sustento, a tendência comum é se sentir deprimido, e se não houver nenhum prospecto aparente, pode-se facilmente cair na apatia e no desespero. Se em ocasiões como essa você se mantiver repleto de energia vital e entusiasmo, pronto a encarar os desafios que se encontram à sua frente, poderá transmitir enorme coragem aos outros. A coragem se propaga em efeito cascata. Além disso, quando os membros da Gakkai são otimistas e dinâmicos, assumindo ativamente os desafios da vida, demonstram a prova do poder do budismo às outras pessoas. A força da religião se evidencia pela maneira como as pessoas vivem. Em muitos casos, é provável que, ao mudar de emprego, não seja possível incorporar na nova ocupação as aptidões técnicas e experiências específicas que adquiriu trabalhando nas minas de carvão. Para isso, é ainda mais imprescindível que se possua um vibrante espírito de desafio, vigor, perseverança e otimismo. As empresas não estão interessadas em contratar pessoas negativas e apáticas.

NRH, cap. “Avanço Intrépido”, v. 26, p. 328-329

Shin’ichi também explanou a passagem de As Perseguições ao Venerável, que diz: “Cada um dos senhores deve reunir a coragem do rei leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém. O rei leão não teme outros animais, e da mesma forma agem seus filhotes. Os caluniadores são como raposas que uivam, mas os seguidores de Nichiren são como leões que rugem” (CEND, v. II, p. 263).

Ele comentou a passagem:

— O mais importante no caminho do kosen-rufu é coragem. Coragem é a fonte de energia para ir ao encontro de alguém e encorajá-lo, para conversar com nossos amigos sobre o Budismo Nichiren ou para enfrentar perseguições em prol da Lei. Coragem é a chave para desenvolver nossa condição de vida e mudar nosso destino. A fonte dessa coragem é ter o coração de um rei leão. O que quer dizer “coração de um rei leão”? É o elevado espírito de Nichiren Daishonin, seu poderoso desejo de conduzir todas as pessoas dos Últimos Dias da Lei à iluminação. Esse também é o espírito do presidente Tsunesaburo Makiguchi e do presidente Josei Toda, que se levantaram e agiram para realizar o kosen-rufu, exatamente como ensina Daishonin. “Leão” de “rei leão” é escrito com ideogramas chineses que indicam “professor” e “criança”, representando “mestre” e “discípulo”. Em outras palavras, quando os discípulos alinham seu espírito com o do seu mestre e se levantam com o mesmo compromisso, eles conseguem fazer despertar o coração audaz e destemido do rei leão dentro deles. Todos os dias digo a mim mesmo: “Como discípulo do presidente Josei Toda, corresponderei aos anseios dele. Registrarei feitos na história do kosen-rufu que o encham de orgulho!”. Agindo assim, não importando com que dificuldade possa me deparar, sou capaz de evidenciar a coragem para nunca desanimar. Aqueles que sempre se lembram do espírito do mestre em seu coração, que sempre estão vivendo ao lado dele, nunca se desviarão do caminho correto na vida, do caminho da felicidade. Quando temos o mestre no coração, não podemos nos permitir ser covardes ou preguiçosos; somos estimulados a ser corajosos, a nos desafiar e a eliminar nossa arrogância. Podemos conseguir enganar os outros, mas não o mestre que habita o nosso coração. Temos no presidente Josei Toda um mestre realmente grandioso. Aqueles que, onde quer que estejam, sempre levam o mestre no coração são discípulos verdadeiros. Esse é o primeiro passo para compartilhar do mesmo compromisso que o nosso mestre. Tendo nos tornado discípulos de Toda sensei, iniciemos esforços para divulgar compassivamente o Budismo Nichiren a outras pessoas e concretizar o kosen-rufu, juntos com nosso mestre, ou melhor, no lugar dele!

NRH, cap. “Hino da Ampla Propagação”, v. 28, p. 86-87

— Acredito que seja do pleno conhecimento de todos que Nichikan Shonin afirmou: “Se crer neste Gohonzon e recitar o Nam-myoho-renge-kyo, não haverá oração sem resposta, nem pecado imperdoável, toda fortuna será concedida e toda justiça será provada”. Todas as pessoas podem receber igualmente este grandioso poder benéfico do Gohonzon. Mas, para tanto, é necessário manifestar uma fé imbuída de coragem. Seja para recitar o gongyo ou dialogar a respeito do budismo, é preciso coragem. Se perseverarem na prática correta como ensina Nichiren Daishonin, as maldades surgirão e, naturalmente, serão alvo de ações maldosas, sofrerão opressão também. É por isso que Daishonin orienta rigorosamente: “Os discípulos de Nichiren nada poderão realizar se forem covardes” (CEND, v. I, p. 503). É importante possuir a “oração de convicção” de que será feliz sem falta e perseverar até o fim nesta fé.

O diálogo sobre o budismo também é decidido com a convicção. É por ter esse espírito firme chamado “convicção” que tanto a teoria como os relatos de experiência adquirem ainda mais força de persuasão.

Por favor, desbravem a sua vida e o kosen-rufu com coragem e convicção, e vençam superando a tudo.

NRH, cap. “Frescor”, v. 29, p. 203-204

Esse ano de 1979 seria, finalmente, o da conclusão dos “Sete Sinos”. Desde a sua fundação em 1930, a Soka Gakkai vem marcando passos de avanço a cada sete anos. Depois de 49 anos, o objetivo estabelecido dos sete sinos chegava ao fim, ao mesmo tempo em que se daria uma nova partida.

Nessa alvorada refrescante, Shin’ichi clamava a todos para que iniciassem um grande avanço, tenaz e indomável, evidenciando esperança e alegria infindáveis em sua vida com o poder de uma fé sólida.

No primeiro dia do ano, Shin’ichi participou do Gongyo de Ano-Novo realizado na sede da Soka Gakkai em Shinanomachi, Tóquio. Ele declarou com veemência seu desejo de tornar esse ano da conclusão dos sete sinos um novo ponto de partida do kosen-rufu:

— Na trajetória da longa jornada do kosen-rufu, o surgimento de numerosas tempestades é um princípio mais que natural à luz do Gosho de Nichiren Daishonin. Porém, nós temos a fé. A fé equivale à coragem. Jamais devemos nos esquecer de que todos os grandes empreendimentos foram concretizados a partir de um único ponto chamado “coragem”. É nela que se encontram a verdadeira fé, a infindável esperança, o desenvolvimento, a mudança da época e o avanço rumo ao novo século.

A coragem é a força para fazer do homem o verdadeiro ser humano. Sem coragem, não há justiça nem vitória.

Notas:

1. A data da publicação de sua obra, 18 de novembro de 1930, posteriormente se tornou o dia que marca a fundação da Soka Gakkai.

2. Três Mártires de Atsuhara: Três irmãos, Jinshiro, Yagoro e Yarokuro, que foram presos e decapitados durante a Perseguição de Atsuhara.

3. Perseguição de Atsuhara: Série de ameaças e ações violentas contra os seguidores de Nichiren Daishonin na vila de Atsuhara, distrito de Fuji, província de Suruga, que se iniciou por volta de 1275 e continuou até aproximadamente 1283. Em 1279, camponeses (seguidores de Daishonin) foram presos sob falsas acusações. Eles foram interrogados por Hei no Saemon-no-jo, subchefe do Posto de Comando Militar, que exigiu que renunciassem à sua fé. Entretanto, nenhum deles cedeu. Por isso, Hei no Saemon-no-jo mandou executar três deles.

4. Em Carta para os Irmãos, Nichiren Daishonin cita a passagem de Grande Concentração e Discernimento, de Tiantai, que afirma: “À medida que a prática avança e a compreensão aumenta, os três obstáculos e as quatro maldades surgem de forma desconcertante disputando entre si para interferir. (...) Uma pessoa não deve ser influenciada nem amedrontada por essas ações. Aquela que cai na influência dessas ações é desviada para os maus caminhos. E aquela que as teme será impedida de praticar o ensinamento correto” (CEND, v. I, p. 524).

5. “Sacerdote leigo do Saimyo-ji” refere-se a Hojo Tokiyori (1227–1263), quinto regente retirado do governo de Kamakura. Embora retirado, era a figura de maior poder no Japão, na época em que Daishonin submeteu seu tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra no sétimo mês de 1260; e “regente atual”, a Hojo Tokimune (1251–1284), oitavo regente.

6. Exílio em Izu: Perseguição na qual Nichiren Daishonin foi exilado em Ito, província de Izu (atual parte da prefeitura de Shizuoka), do quinto mês de 1261 ao segundo mês de 1263. No oitavo mês de 1260, um grupo de crentes da Nembutsu, enfurecidos com Daishonin devido às suas críticas aos ensinamentos da Terra Pura (Nembutsu), contidas no tratado Estabelecer o Ensinamento para Pacificação da Terra, atacaram a moradia dele em Matsubagayatsu, Kamakura, na tentativa de assassiná-lo. Daishonin consegue escapar por pouco e se abriga na casa de Toki Jonin, na província de Shimosa. Quando ele reaparece em Kamakura na primavera de 1261 e retoma suas atividades de propagação, o governo o prende sem a devida investigação e o sentencia ao Exílio em Ito. Aproximadamente dois anos após chegar a Izu, Daishonin é perdoado e retorna a Kamakura.

7. Exílio em Sado: Exílio de Nichiren Daishonin na Ilha de Sado, localizada no Mar do Japão, do décimo mês de 1271 ao terceiro mês de 1274. Após fracassarem na tentativa de tomar sua vida em Tatsunokuchi, as autoridades o sentenciaram ao exílio na Ilha de Sado, que equivalia à sentença de morte. Entretanto, quando as predições de Daishonin se concretizaram (conflitos internos e invasão estrangeira), o governo emitiu o indulto no terceiro mês de 1274, quando Daishonin retornou a Kamakura.

8. Nessa passagem do capítulo 16, “A Extensão da Vida”, do Sutra do Lótus, Shakyamuni, que havia revelado que, na verdade, atingira a iluminação no passado infinitamente remoto, afirma nunca ter cessado seus esforços para ajudar outros a atingir o estado de buda.

9. Em A Grande Batalha, Nichiren Daishonin declara: “O rei demônio do sexto céu despertou as dez tropas e, no mar dos sofrimentos de nascimento e morte, está em guerra com o devoto do Sutra do Lótus para impedi-lo de tomar posse, e afastá-lo para bem longe, desta terra impura onde habitam tanto mortais comuns como veneráveis. Já faz vinte anos ou mais desde que me vi naquela situação e iniciei a grande batalha. Nem uma única vez pensei em recuar. Dentre meus discípulos e seguidores, no entanto, aqueles que são covardes, em sua maioria, cederam ou retrocederam no coração” (TC, ed. 592, dez. 2017, p. 44).

10. Escuridão fundamental ou ignorância fundamental: Ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Inabilidade para ver ou reconhecer a verdade, particularmente a verdadeira natureza da própria vida.

11. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a prática budista. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma; e (3) obstáculo da retribuição. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial.

12. “Oito infernos gelados”: Infernos que, segundo afirmava a antiga cosmologia indiana, se situavam abaixo do continente de Jambudvipa [o mundo inteiro], sob os “oito infernos escaldantes”. Aqueles que residem lá são atormentados pelo frio insuportável. De acordo com o Sutra do Nirvana, eles são: (1) o inferno Hahava; (2) o inferno Atata; (3) o inferno Alala; (4) o inferno Ababa; (5) o inferno Utpala (o inferno do lótus azul); (6) o inferno Padma (o inferno do lótus carmesim); (7) o inferno Kumuda (o inferno do lótus escarlate); e (8) o inferno Pundarika (o inferno do lótus branco).

13. Moxibustão: Queima de uma mistura de ervas sobre a pele; é um remédio popular no Leste Asiático para o tratamento de vários males.

14. Nichiren Daishonin escreveu: “Nossas tribulações atuais são como o tratamento com moxa; no momento da aplicação é doloroso, mas como seus efeitos são benéficos, no fim, a dor não é na realidade um sofrimento” (CEND, v. II, p. 264).

15. Sammi-bo [n.d.]: Um dos primeiros discípulos de Nichiren Daishonin. Embora fosse altamente reconhecido por suas habilidades no aprendizado e no debate e tivesse auxiliado Nikko Shonin em seus esforços de propagação na área de Fuji, era arrogante com relação ao seu conhecimento e desejoso por reconhecimento e posição. Daishonin achou necessário adverti-lo sobre essa questão em diversas ocasiões. Durante a Perseguição de Atsuhara, Sammi-bo renunciou à sua crença nos ensinamentos de Nichiren Daishonin e se voltou contra Daishonin e seus defensores. Em várias cartas, Daishonin faz referência à morte trágica e prematura de Sammi-bo, apesar de os detalhes serem desconhecidos.

16. Nichiren Daishonin escreve: “Venho repetindo essas coisas com insistência, dia após dia, mês após mês e ano após ano. Não obstante, no caso da monja leiga de Nagoe, Sho-bo, Noto-bo, Sammi-bo [discípulos de Daishonin que renunciaram à fé] e outros, ou seja, covardes, irracionais, gananciosos e incrédulos, minhas palavras têm sido tão improdutivas quanto despejar água na laca fresca, ou tentar cortar o ar” (CEND, v. II, p. 264).

17. O Sutra do Lótus de sete ideogramas refere-se ao Nam-myoho-renge-kyo, que é escrito com sete ideogramas chineses (nam ou namu englobam dois ideogramas) e representam a suprema essência dos 28 capítulos do Sutra do Lótus.

18. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Soka Gakkai no Rekishi to Kakushin [História e Convicção da Soka Gakkai]. In: Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 3, p. 119-120, 1983.

19. Ibidem, p. 120-121.

Compartilhar nas