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Hosshaku-kempon
“Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”
Redação
12/09/2025

O objetivo da prática do Budismo de Nichiren Daishonin é a vitória da fé e da natureza iluminada de buda sobre a ilusão e a escuridão. Essa vitória da fé — a revelação do estado de buda na própria vida — pode ser interpretada como hosshaku-kempon, ou seja, “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”.
Hosshaku-kempon também significa o despertar para a missão do bodisatva da terra — abandonar os desejos egoístas e adotar uma postura benevolente orientada para a felicidade de si próprio e dos demais como missão de vida.
Qual é o significado de hosshaku kempon?
É um termo budista de profundo significado e literalmente significa “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. Indica o ato de um buda descartar a posição transitória ou provisória e revelar sua verdadeira identidade.
No capítulo 16, “Revelação da Vida Eterna do Buda”, do Sutra do Lótus, Shakyamuni descarta sua identidade provisória de um buda que atingiu a iluminação em sua existência na Índia sob a árvore bodhi, revelando seu aspecto verdadeiro da iluminação alcançada em um longínquo passado, há incontáveis existências.
Nichiren Daishonin escreveu em Abertura dos Olhos a seguinte passagem:
No décimo segundo dia do nono mês do ano passado, entre as horas do rato e do boi [entre 23 horas e 3 horas], esta pessoa chamada Nichiren foi decapitada. Foi sua alma que chegou a esta Ilha de Sado e, no segundo mês do ano seguinte, cercado pela neve, escreve esta carta para enviá-la aos seus discípulos mais próximos.1
Essa é uma referência à Perseguição de Tatsunokuchi, ocorrida em 12 de setembro de 1271, quando Daishonin manifestou sua verdadeira identidade como Buda dos Últimos Dias da Lei, abandonando seu aspecto transitório. Assim, esse acontecimento é conhecido como o momento do hosshaku kempon de Nichiren Daishonin.
O que foi a Perseguição de Tatsunokuchi?
Em 1271, o Japão foi assolado por uma terrível seca. O governo ordenou a Ryokan, famoso e respeitado prior do templo Gokuraku-ji, que orasse por chuva. Quando Daishonin soube disso, desafiou Ryokan por meio de uma carta, declarando estar disposto a ser seu discípulo se ele fosse bem-sucedido em fazer chover. Mas, se falhasse, Ryokan deveria se tornar seu discípulo. Ryokan aceitou o desafio, mas, apesar de suas orações e de centenas de sacerdotes assistentes, nenhuma chuva caiu. Ao contrário, Kamakura foi assolada por fortes vendavais. No final, Ryokan não só se recusou a seguir Daishonin, como também começou a tramar contra ele em conluio com Hei no Saemon-no-jo, a autoridade militar. Como consequência, em 10 de setembro de 1271, Hei no Saemon-no-jo intimou Nichiren Daishonin a comparecer à corte para responder a uma série de acusações infundadas. Dois dias depois, em 12 de setembro de 1271, ele foi levado para a localidade de Tatsunokuchi, próxima a Kamakura, onde seria decaptado conforme a determinação de Hei no Saemon-no-jo. Entretanto, no último momento, um objeto esférico luminoso surgiu repentinamente no céu aterrorizando os soldados que, então, desistiram da execução. Depois disso, Daishonin declarou ter nascido de novo, agora como Buda dos Últimos Dias da Lei.
Esse acontecimento da Perseguição de Tatsunokuchi nos faz entender o verdadeiro espírito de Nichiren Daishonin, que, suportando todas as formas de perseguições, continuou a lutar com imensa benevolência para conduzir as pessoas à felicidade.

Imagem ilustrativa do momento em que Nichiren Daishonin seria decapitado durante a Perseguição de Tatsunokuchi
Nota:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 281-282, 2020.
Incentivos de Ikeda sensei sobre “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”
“Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” significa “revelar a verdade” para todas as pessoas — ou seja, evidenciar uma condição de vida suprema e nobre inerente a nós e ajudar os demais a fazerem o mesmo. Somos budas, e os outros também. “Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” compõe a base fundamental de nossas ações assentadas no respeito a todos os seres humanos. (Brasil Seikyo, ed. 2.340, 17 set. 2016, p. B2).
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Atingir a iluminação não significa que [após alcançá-la] não será necessário dar continuidade à prática budista, ou que alguém nunca mais terá de lutar contra as funções demoníacas de novo.
Qual o propósito de se atingir a iluminação? Ser capaz de ajudar todas as pessoas a alcançar a felicidade. O verdadeiro trabalho começa depois que se alcança a iluminação. É aí que as influências malignas atacam com ferocidade ainda maior. Aqueles que continuam se empenhando nessa luta são budas. (Brasil Seikyo, ed. 2.340, 17 set. 2016, p. B3).
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O termo traduzido como “abandonar” também significa “abrir”. Poderíamos comparar “abrir o transitório” a remover as nuvens que bloqueiam os raios de sol. Quando as nuvens se dispersam, a “verdadeira identidade” aparece, assim como a brilhante luz do sol. O simples fato de haver nuvens no céu não significa que se deve procurar pelo sol em outro lugar. As pessoas não deixam de olhar para o céu em busca do sol; por isso, é o lugar onde se encontra a verdadeira identidade. (Brasil Seikyo, ed. 2.665, 24 ago. 2024, p. 17).
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“Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” significa “revelar a verdade” para todas as pessoas — ou seja, evidenciar uma condição de vida suprema e nobre inerente a nós e ajudar os demais a fazer o mesmo. Somos budas, e os outros também. “Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” compõe a base fundamental de nossas ações assentadas no respeito a todos os seres humanos.
Consequentemente, no que se refere a Daishonin “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”, isso não representa apenas um ato pessoal, mas uma demonstração de que todos podem revelar plenamente em sua vida o inexaurível repositório de tesouros que existe dentro de si. Como meio para atingi-lo, ele ensina a importância de se empenhar na fé com o espírito de “verdadeira causa” — de sempre avançar a partir deste momento — um modo de prática em que nos dispomos a enfrentar bravamente os mais duros desafios da realidade com base no juramento de unicidade de mestre e discípulo de lutar pela iluminação de toda a humanidade. (Brasil Seikyo, ed. 2.387, 16 set. 2.387, p. C4)
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As grandes adversidades nos levam a manifestar a iluminação. As grandes perseguições nos asseguram que manifestaremos imediatamente o estado de buda. (...) O “transitório” que se deve descartar é a fraqueza, a covardia. Ao manifestar sua “verdadeira identidade’, a coragem, Daishonin demonstrou a todas as pessoas o princípio de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. Podemos comprovar esse mesmo princípio enfrentando todas as dificuldades com determinação e fazendo do espírito destemido de Daishonin o nosso próprio espírito.
Portanto, “descartar o transitório e revelar o verdadeiro” não se refere, de forma alguma, à manifestação de um poder sobrenatural. É, antes de tudo, manifestar, com base na Lei Mística, virtudes existentes na própria vida, como coragem, persistência, esperança e sabedoria. É manifestar o melhor que há em si e, a partir disso, consolidar uma mudança fundamental no âmago de sua existência como base para o cumprimento da própria missão como bodisatva da terra, para a construção da felicidade absoluta e para a criação de um mundo de paz (Brasil Seikyo, ed. 2.665, 24 ago. 2024, p. 16)
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“Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” significa cada um de nós estabelecer um eu sólido capaz de sobrepujar todas as dificuldades, romper a ignorância fundamental e dar expressão à nossa natureza inerentemente iluminada. Tornarmo-nos pessoas cujo estado de buda reluz cada vez mais intensamente quanto maiores forem os desafios que enfrentamos é o caminho para atingir o estado de buda nesta existência. (Sabedoria para Criar a Paz e a Felicidade, v. 2, p. 161)
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As grandes adversidades nos levam a manifestar a iluminação. As grandes perseguições nos asseguram que manifestaremos imediatamente o estado de Buda. (...) O “transitório” que se deve descartar é a fraqueza, a covardia. Ao manifestar sua “verdadeira identidade”, a coragem, Daishonin demonstrou a todas as pessoas o princípio de “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”. Nós podemos comprovar esse mesmo princípio enfrentando todas as dificuldades com determinação e fazendo do espírito destemido de Daishonin o nosso próprio espírito. (Terceira Civilização, ed. 427, mar.2004, p. 18)
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