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Incentivo do líder

Diferentes encontros, única decisão

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Sonia Cristina Santana Paderes

24/01/2024

Diferentes encontros, única decisão

Era setembro de 2000, e eu tinha cinco anos de conversão ao Budismo Nichiren. Lembro-me da minha mãe me ajudando a arrumar a mala que levaria para o Japão, com lágrimas nos olhos. Aquele momento com a minha mãe foi um marco da percepção familiar sobre quanto aquela viagem parecia impossível diante da nossa realidade familiar e financeira. 

Partir para o Japão, cheia de esperança e a determinação inabalável de ser uma jovem de valor para a Soka Gakkai e a sociedade. Embalada por forte decisão, cheguei às terras japonesas e lá vivi momentos dourados que jamais esquecerei.

No dia do retorno ao Brasil e a convite de Ikeda sensei, fomos assistir à cerimônia de outorga do título de doutor honoris causa, concedido a ele. Antes da entrega da homenagem, participamos de um ensaio sobre a recepção e a saída da comitiva, bem como as do próprio presidente Ikeda, do recinto. Na ocasião, foi enfatizado que o local de saída de sensei seria no lado oposto ao do grupo dos brasileiros.

Ao término da cerimônia, quando chegou a hora da despedida, o presidente Ikeda alterou a rota de saída e veio em nossa direção. Confesso que detalhes daquele momento se perderam (quem estava próximo, o que aconteceu depois) porque só do que me recordo é da pulsação acelerada, das pernas trêmulas, do esforço para não chorar e de recitar daimoku mentalmente e com muita intensidade. Era a voz do meu coração clamando para ir até o coração do Mestre. Era o nosso diálogo. Relembro-me do seu sorriso generoso vindo em minha direção, seu cumprimento a poucos centímetros de distância e da minha repetida decisão de jamais traí-lo. Foi emocionante, encontro de vidas e ali só reconfirmei o meu juramento.

Em novembro de 2023, quando ainda sonolenta ouvi sobre o falecimento do Mestre, vários sentimentos tomaram conta de mim e são tão difíceis de descrevê-los que citarei apenas os momentos fugazes de pensamentos que rondavam minha mente: “Como assim? Então é assim que será? Agora é comigo? Chegou a minha hora?”. De novo, em segundos, eu me vi diante do Mestre, sem a sua presença física, mas de forma impactante e decisiva.

Diferentemente das questões sobre o carma que me moveram para a mudança da minha própria realidade, essas de agora me motivavam a renovar o juramento e a empreender ações concretas para a criação de uma nova história. Uma história que será contada por muitas gerações de como os discípulos do Dr. Ikeda se levantaram e deram continuidade ao seu legado.

No dia 17 de outubro, recebi considerações de Ikeda sensei sobre o comunicado que havia lhe enviado no início do mês. Escrevi-lhe sobre diversos pontos e agradeci. Para minha grande surpresa, a resposta foi justamente sobre o que eu não havia dito, mas sobre o que se passava no meu coração. Esse foi mais um extraordinário encontro com o Mestre! A resposta dele se tornou uma diretriz de vida! 

E assim, no esforço de superar os “oito ventos”, mantendo-me na órbita da Soka Gakkai e do Mestre, ao lado dos companheiros e com gratidão aos veteranos, ecoa, dia após dia, o brado da “Convenção da Chuva”, realizada em outubro de 1999: “Se a posteridade há de julgar meu Mestre, por minha qualidade, será julgado o supremo líder do mundo.”1

Sonia Cristina Santana Paderes

Vice-Coordenadora da Divisão Feminina da CGRE

Nota:

1. Brasil Seikyo, ed. 1.818, 5 nov. 2005, p. A2.


Ilustração: GETTY IMAGES

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