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há 2 meses

A imaginação muda o mundo

Seikyo Shimbun | Redação

03/07/2025

A imaginação muda o mundo

Discurso na cerimônia de concessão do título de doutor honorário da Universidade Soka. Foto: Seikyo Press

Muhammad Yunus, conselheiro-chefe de Bangladesh e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2006, proferiu um discurso comemorativo no Japão, por ocasião da cerimônia de concessão do título de doutor honorário da Universidade Soka, no último dia 30 de maio. Yunus foi laureado por seu trabalho pioneiro em microfinanças que ajudou a aliviar a pobreza do país, sendo amplamente adotado em todo o mundo.

O evento, realizado no Salão Internacional de Conferências da sede da Universidade Soka, contou com a participação de estudantes de Bangladesh que são intercambistas dessa instituição. Apresentamos um resumo do discurso de Yunus publicado no Seikyo Shimbun do dia 13 de junho de 2025.

A recepção calorosa de todos na Universidade Soka e, acima de tudo, o olhar repleto de afeto dos alunos me fizeram sentir como se tivesse “retornado para casa”. A universidade é um lugar que sempre me emociona. Testemunhar os desafios que os alunos enfrentam é uma grande alegria e uma experiência de aprendizado.

Eu sempre procuro dizer aos jovens: “Aprender é importante, mas o que é ainda mais importante é a ‘imaginação’”.

A “imaginação” é a fonte da criação de um novo mundo. Se não conseguir imaginar, nada poderá ser realizado. Por outro lado, se conseguir imaginar, com certeza poderá tornar realidade. É por isso que eu rogo para que nunca deixe de reservar um tempo para “imaginar”.


“A alegria de ver os alunos enfrentarem novos desafios”

“A alegria de ver os alunos enfrentarem novos desafios”


Fazendo dos aldeões seu “professor”

Na minha juventude, quando era professor, tinha os seguintes questionamentos:

“As universidades são preciosos reservatórios de conhecimento, mas por que há tanta pobreza lá fora?”; “Se o conhecimento que possuímos não tem o poder de mudar a sociedade, ele poderia ser chamado de verdadeiro conhecimento?”.

Pensando assim, saí do campus e comecei a interagir com as pessoas das aldeias. Então, percebi que isso tinha sido a “melhor universidade” para mim.

Meus encontros nas aldeias acabaram me levando a questionar os próprios fundamentos do sistema bancário.

“Por que as pessoas mais pobres têm maior probabilidade de ficar longe dos bancos?”

Assim fundei o primeiro “banco para os pobres” do mundo — o Grameen Bank.* Falhei muitas vezes e também fui alvo de zombaria, mas nunca desisti e continuei. Esse foi o início do Grameen Bank.

Yunus aperta a mão de cada estudante

Os três zeros pelas nossas mãos

Agora eu tenho uma profunda sensação de perigo. Temo que o mundo esteja a caminho da autodestruição.

A destruição ambiental causada por lixo e resíduos, a disparidade econômica e a perda de empregos por conta do desenvolvimento da IA ​​(inteligência artificial) — o que acreditávamos ser o maravilhoso “progresso” pode, na verdade, estar corroendo a humanidade. Se continuarmos como estamos, podemos perder o nosso planeta, seus habitantes e o futuro.

Então, junto com alguns estudantes, iniciei um novo movimento chamado “Três Zeros”: “Pobreza Zero”, “Desemprego Zero” e “Emissão Zero de Dióxido de Carbono”. É uma tentativa de construir com nossas próprias mãos uma sociedade que vise a esses três objetivos.

Negócios não são sobre lucro, mas sobre o poder de solucionar problemas. Acredito que os seres humanos já nascem empreendedores. Todos têm o poder não apenas de assumir um emprego que existe, como também o de “criar” o próprio trabalho.

Se conseguirmos “imaginar”, o mundo mudará. Não é um sonho, é uma possibilidade concreta.

Ao “retornar” ao campus da Universidade Soka, senti fortemente essa esperança.

Este lugar está repleto de força para abrir o futuro e de coragem para agir. O poder de mudar o mundo está adormecido dentro de cada um de vocês. Estou convencido disso.

[Nota da Redação] *Banco Grameen: Banco oficialmente estabelecido em 1983 com a aprovação do governo de Bangladesh, que oferece pequenos empréstimos sem garantia a pessoas em situação de pobreza. A instituição cria oportunidades para mulheres abrirem o próprio negócio ou encontrarem emprego e as ajuda a se tornarem independentes.

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