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Asas para o futuro
há 6 anos

Estocolmo, capital da Suécia

Sugestão de matéria a ser utilizada nas reuniões pela DE-Esperança e DE-Herdeiro

09/11/2019

Estocolmo, capital da Suécia

Quando chega o inverno, penso nas dificuldades enfrentadas por nossos companheiros e amigos que vivem em climas setentrionais.

Na Europa, especialmente na região nórdica, o inverno é longo e severo, e o sol se põe cedo.

Ao visitar o norte da Europa durante o inverno, fiquei impressionado com o modo como os dias frios e curtos fizeram os que vivem ali desenvolver um forte e indomável espírito. Talvez essa seja a razão pela qual eles celebram a chegada da primavera com imensa alegria.

Depois de longo, escuro, gelado inverno,

o gelo derretido brilha prateado,

e os pássaros cantam

no céu e nas árvores —

o coração das pessoas, aconchegante,

dá as boas-vindas, com puro encanto,

à chegada da primavera radiante.

Esses são versos de um poema que apresentei aos membros da SGI-Suécia durante a minha visita a Estocolmo, capital do país, em junho de 1989.

Hoje, a grande diversidade de membros na Suécia avança de forma harmoniosa rumo à primavera da esperança.

A água que escorre da neve derretida no final do inverno flui para riachos e rios, e corre para o vasto oceano. Apesar de se chocar com pedras e rochedos pelo caminho, seu fluxo nunca para — continua em frente, sempre em frente.

Estou certo de que vocês, meus amigos da Divisão dos Estudantes, também estão se esforçando e se desafiando continuamente neste momento — quem sabe se preparando para o vestibular ou se dedicando a atividades extracurriculares — enquanto aguardam ansiosamente a primavera. Oro sinceramente todos os dias para que evidenciem seu pleno potencial.

Talvez alguns de vocês estejam enfrentando conflitos entre a realidade e seus ideais, ou se sintam inseguros sobre o futuro. Mas todos possuem uma profunda missão. Lembrem-se de que as atuais circunstâncias temporárias não determinam a verdadeira felicidade. O mais importante é terem mente forte e espírito de desafio para desbravar com coragem o caminho que está à sua frente do seu jeito, independentemente da situação ou local em que se encontram.

A Suécia era conhecida como uma das nações agrícolas mais pobres da Europa. No entanto, com o esforço do seu povo, tornou-se uma das nações industrializadas mais prósperas, e orgulha-se dos programas generosos de bem‑estar social. Durante a minha visita ao país, tirei fotos da paisagem ao redor de Estocolmo, que pareciam declarar: “Nós moldamos nosso próprio destino!”.

 

A Suécia, terra de florestas e lagos, está localizada no lado oriental da península escandinava. Quase um sétimo de sua área está ao norte do Círculo Ártico e, por volta de mil anos atrás, era coberta por uma geleira enorme com espessura de muitas centenas de metros. Agora, mais da metade da área do país é coberta por florestas.

Durante os meses de verão, a parte mais ao norte da Suécia vivencia o sol da meia‑noite, quando ele fica no céu a noite inteira. No inverno, é coberta pelas noites polares, quando o sol se mantém no horizonte o dia todo.

Para sobreviver nesse ambiente natural extremo e deixar a vida mais confortável, o povo da Suécia põe em prática sua capacidade criativa e inventiva. Por exemplo, são peritos em desenvolver a própria casa e ferramentas, aprimorando o ambiente com ideias criativas e inovadoras. Essas qualidades são, sem dúvida, uma das razões pelas quais a Suécia é conhecida pelo design excepcional.

Muitas tecnologias e acessórios que usamos hoje nasceram na Suécia — desde a dinamite, inventada pelo cientista Alfred Nobel (1833–1896), e o primeiro termômetro Celsius, criado por Anders Celsius (1701–1744), até o refrigerador elétrico, o cinto de segurança, o aspirador de pó elétrico, o fósforo, o zíper, o marca-passo e o predecessor do mouse. A Suécia é a terra dos inventores.

Isso é o resultado da sabedoria prática e dos esforços incansáveis do povo sueco, que lutou para aprimorar sua vida em meio aos desafios impostos pela força da natureza.

O país também desenvolveu um modelo reconhecido globalmente de Estado de bem‑estar social, criando uma sociedade dedicada a aprimorar a vida das pessoas com base no espírito de apoio mútuo.

 

Tsunesaburo Makiguchi, presidente fundador da Soka Gakkai, foi um dos que levaram em consideração a sabedoria do povo sueco.

Em seu livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor], ele cita Alfred Nobel quando afirma que a riqueza pode ser legada, mas a felicidade não. Makiguchi sensei escreveu que essas palavras ressoam profundamente com seus próprios ideais.¹

A verdadeira felicidade não é algo que os outros podem nos oferecer. Temos de conquistá-la por nós mesmos. Como grande educador, Tsunesaburo Makiguchi esperava que os jovens tivessem coragem para continuar realizando esforços positivos quando surgissem as dificuldades.

Foi nesse contexto que Makiguchi sensei definiu o objetivo da educação como “fornecer aos jovens a força para encontrar uma maneira de enfrentar os problemas da vida” e “a coragem da execução” para descobrir pistas e solucioná-las por si mesmos.²

Não podemos apenas sentar e esperar que a felicidade ou um futuro brilhante venham até nós. Somente com a ação de cada um é que podemos conquistar satisfação e crescimento verdadeiros.

 

Em junho de 1989, em minha primeira viagem à Suécia, tive um encontro inesquecível com o primeiro-ministro sueco Ingvar Carlsson.

Ele compartilhou seu ideal de que não somos controlados por um destino incerto, mas criamos nosso próprio futuro, aqui e agora.

O pai do primeiro-ministro faleceu quando Carlsson tinha apenas 12 anos, mas ele superou a dor da perda e se dedicou a servir à sociedade. Recordo-me vividamente da paixão com que falava do seu compromisso com a abolição das armas nucleares e a prevenção da guerra nuclear.

Nessa viagem, também fiz uma visita de cortesia ao rei da Suécia, Carl XVI Gustaf e à rainha Silvia no palácio real. O rei e eu conversamos sobre questões ambientais, tema de grande importância para ele, assim como a arte da fotografia.

A rainha Silvia presenteou minha esposa, Kaneko, e eu com uma edição do livro Go For It!: A Book on Sport and Recreation for Persons with Disabilities [Vamos Nessa!: Livro sobre Esportes e Recreações para Pessoas com Necessidades Especiais], ao qual ela contribuíra com o prefácio, no qual se lê:

Todos nós temos muito mais recursos que sabemos ou acreditamos ter, tanto física como mentalmente. Mas esses recursos internos precisam ser ativados. Muitos de nós têm medo de falhar — e por isso não se permitem tentar. Nessas situações, o apoio e os incentivos ajudam imensamente. Quando as dificuldades parecem intransponíveis, então precisamos de um empurrão amigo para atravessar o primeiro obstáculo.³

É crucial ter pessoas em nossa vida que nos oferecem apoio sincero e incentivos. Todos vocês possuem companheiros da SGI que estão sempre dispostos a incentivá-los e a recitar daimoku junto com vocês.

O termo em japonês para “incentivo”, hagemashi, é escrito com um ideograma chinês composto pelos símbolos de “força” e “dez mil”. Estou certo de que todos, envoltos pelas orações de seus companheiros, podem evidenciar a “força de dez mil”!

 

Jamais me esquecerei, também, do vigoroso coral da Divisão dos Estudantes que cantou para mim na cerimônia de inauguração do Centro Cultural da Suécia (nos arredores de Estocolmo) naquele mesmo mês de junho. Os Estudantes cantaram uma música escrita pela famosa autora infantil Astrid Lindgren (1907–2002), que começava com os versos: “Não acreditamos que o verão começou / até que alguém o comece”.⁴

Aplaudi de coração aquela tocante apresentação.

Nichiren Daishonin cita as palavras do grande mestre Miaole da China, que disse: “O corpo e a mente dela [da pessoa] permeiam todo o mundo dos fenômenos num único momento” (CEND, v. I, p. 384).

Esse ensinamento inspirador nos diz que nossa mente, nossa vida, pode permear todo o universo, estendendo-se infinitamente. Quando mudamos nossa forma de pensar, nossa determinação, mudamos a nós mesmos. E quando mudamos a nós mesmos, podemos transformar todo o ambiente imediato e, em última instância, até mesmo o mundo.

O budismo também ensina que “a mente é como um pintor habilidoso”, criando livremente todas as coisas na realidade à nossa volta (cf. CEND, v. II, p. 466). Em outras palavras, vocês possuem o poder de moldar sua própria juventude.

Vocês têm esperança. Vocês têm oração. Assim sendo, mesmo se as coisas não saírem como desejavam, não desistam. Em vez disso, permaneçam calmos e continuem a polir sua vida e a se desenvolver. Ajam, desafiem-se e sigam em frente. Ao fazer isso, vocês brilharão e iluminarão os que estão à sua volta.

Os jovens que me recepcionaram na Suécia anos atrás cresceram e se tornaram adultos exemplares, que fazem contribuições maravilhosas para a sociedade.

Uma pequena e linda menina queria ser dançarina de balé profissional. Ela treinou muito, suportou lesões, superou suas fraquezas e se tornou bailarina de primeira categoria. Com suas apresentações, ela inspira os outros e atua como emissária da paz.

 

Quando me encontrei com o ministro da Educação sueco, Bengt Goransson, em 1989, ele disse que o princípio básico da educação no país era oferecer oportunidades educacionais para todos.

Quando perguntei o que era mais importante ao direcionar o desenvolvimento de cada pessoa, ele disse que para cada uma, mais que qualquer outra coisa, o fator decisivo é o esforço. O fato de aprender, afirmou ele, pode evidenciar o potencial da pessoa e proporcionar-lhe crescimento e progresso.

Esforços contínuos desenvolvem nosso ilimitado potencial e abrem o caminho do futuro radiante. Essa é a razão pela qual desejo que cada um de vocês se torne “perito do esforço dedicado” que continuam a seguir em frente, não importando o que aconteça.

Na reunião geral nórdica da SGI, que ocorreu enquanto eu estava na Suécia, falei com os membros usando o exemplo dos lilases, que floresciam lindamente por Estocolmo.

Eu disse: “Primeiro, um único lilás cresce, cria raízes, desabrocha e produz sementes. Enquanto existir um arbusto de lilás, com o tempo e as condições certas, ele se propagará amplamente”.

A revolução humana de uma única pessoa pode mudar o mundo. Essa é a esperança que acalento para a Divisão dos Estudantes.

Meus jovens amigos, criem raízes da fé e cresçam como indivíduos notáveis, proporcionando conforto para seus amigos e sorriso de felicidade para todos ao seu redor.

Estou convicto de que todos vocês se tornarão grandes e respeitados líderes do povo.

 

O dia 11 de fevereiro é aniversário do meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda.

Sessenta e cinco anos atrás (em um seminário da Divisão dos Jovens em 1952), quando o mundo estava dividido entre o Bloco Ocidental e o Bloco Oriental da Guerra Fria, Toda sensei declarou que éramos todos parte de uma única família humana e afirmou o ideal da “cidadania global”. Essa declaração incorporou a poderosa convicção que o inspirou a se levantar só e trabalhar pela paz do mundo em meio à devastação do Japão causada pela Segunda Guerra Mundial.

A felicidade ou a paz não são concedidas a nós por outras pessoas. “Cidadania global” não é um slogan vazio; é a expressão do grande juramento de Toda sensei para construir uma era de paz por meio de seus próprios esforços. Como discípulo, continuo a lutar até hoje para fazer esse juramento se tornar realidade.

Confio solenemente a vocês, meus queridos amigos da Divisão dos Estudantes, o bastão de criação de uma era de paz e coexistência que meu mestre me conferiu.

Cada um de vocês é um porta-estandarte da justiça, porta-estandarte da esperança, e porta-estandarte da vitória, pavimentando o caminho para a chegada da primavera da felicidade ao nosso planeta!

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