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Reflexões Sobre a NRH
há 6 anos
Reflexões sobre a Nova Revolução Humana
[57] O elenco da Ópera de Pequim
14/09/2019

Brilhante domínio da dança; belas flores de humanidade. A atual turnê da Ópera de Pequim pelo Japão, patrocinada pela Associação de Concertos Min-On, tem sido muito bem recebida. Cada apresentação vem arrancando aplausos estrondosos e ovações do público, e o programa é elogiado por ser um evento digno das comemorações do 50o aniversário da proclamação da República Popular da China.1 Isso me proporciona imensa alegria.
Em 18 de janeiro, tive a oportunidade de conversar por um bom tempo com todo o elenco, incluindo Fang Jie, diretor da ópera e vice-presidente da Fundação Festival de Arte da China, sobre o fascínio e a habilidade da Ópera de Pequim.
Do rosto dos artistas escorria o suor da sincera dedicação. Cada gesto era um maravilhoso florescer, a elevada expressão de graça e elegância, até mesmo em suas indumentárias. A arte fluía naturalmente por suas veias e o talento irradiava de cada um com um brilho diamantino.
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Os artistas são a própria vida da Ópera de Pequim, e o treinamento que recebem é extremamente rigoroso.
Mei Lanfang (1894–1961), um dos mais famosos intérpretes de papéis femininos deste século,2 iniciou seu treinamento por volta dos 7 anos. Tanto seu pai como seu avô se destacaram na arte, porém, quando o jovem Mei começou não tinha qualquer aptidão. Era tão lento para compreender que o instrutor jogava a toalha no chão de desgosto.
No entanto, o jovem estava determinado a aprender. Após ser aceito por um novo professor, começou a se levantar antes do amanhecer e ia até os muros da cidade deserta, onde praticava vocalização sob rigorosa instrução do seu mestre.
Logo que retornavam, iniciavam na casa do jovem um treinamento rígido das técnicas básicas da ópera chinesa, começando por movimentos simples como caminhar. Por fim, surgiu dos seus lábios uma voz tão magnífica como a de um anjo, capaz de atravessar o céu.
No elenco que acompanhou Mei Lanfang em sua última turnê pelo Japão, em 1956, estava Yuan Shihai, um dos principais atores da Ópera de Pequim da atualidade. Seu filho, Yuan Xiaohai, aclamado por seu desempenho no papel de Guan Yu no Romance dos Três Reinos, integra o grupo desta atual turnê apresentada pela Min-On. Outro dia, tive o prazer de me encontrar com ele e com representantes do elenco. Ambos, pai e filho, têm se apresentado no Japão e contribuído para a promoção da amizade sino-japonesa de duas gerações.
Como no caso de Mei Lanfang, Yuan Shihai ingressou na escola para atores da Ópera de Pequim por volta dos 10 anos, há uns setenta anos. Na época, a prática era muito rigorosa, começava bem cedo pela manhã e prosseguia até as 10 horas da noite. Naturalmente, hoje em dia as condições são bem diferentes, mas os grandes mestres da Ópera de Pequim nos ensinam a lição eterna de que os esforços e os desafios são a chave para a perfeição.
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Este ano marca o 25o aniversário da minha primeira visita à China, o primeiro passo em meus empreendimentos para construir uma ponte dourada da amizade sino-japonesa. A partir de então, temos recebido um grande número de artistas chineses extraordinários. Todos são maravilhosos embaixadores da cultura.
Sob o patrocínio da Associação de Con-certos Min-On, apreciamos muitas apresentações inesquecíveis como as do Grupo Artístico Pequim (1975); o elenco da Ópera de Xangai (1976); diversos artistas e grupos musicais que participaram da série de concertos “Travessia Musical ao Longo do Caminho da Seda” (em cartaz desde 1979); o Teatro de Arte Popular de Pequim (1983 e 1990); o Teatro de Arte Popular de Xangai (1985); a Companhia de Canto e Dança Oriental (1991 e 1993); a Companhia de Canto e Dança Yunnan (1995); O Grupo Artístico Xinhui (1996); A Orquestra da Rádio Cidadania (1997); e o Grupo Folclórico de Canto e Dança da Região Central (1998).
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Lembro-me com especial afeto da visita do elenco da Ópera de Xangai em 1976. O grupo apresentou obras contemporâneas como Estratégias para Transpor a Montanha do Tigre, que descrevia eventos da Revolução Chinesa. A última apresentação da turnê foi realizada no ginásio da Universidade Soka, em Hachioji, e eu tive o prazer de assisti-la. Após a apresentação, todo o elenco se juntou aos aproximadamente 50 mil jovens, muitos deles agitando bandeiras chinesas para saudá-los, na pista de atletismo da universidade para um intercâmbio. Nessa ocasião, clamei pela mais breve conclusão do tratado de paz e da amizade entre Japão e China.
O ponto alto do evento foi um coral com todos os participantes. Unidos por um forte laço, todos cantaram em chinês Wo Am Beijing Tiananmen [Amo o Portal da Paz Celestial em Pequim]. No fim, os integrantes do elenco e das bandas Ongakutai e Fuji Kotekitai da Soka Gakkai entrelaçaram os braços e permaneceram no palco cantando em uníssono diante de uma grande bandeira com os dizeres “Que a amizade entre os povos do Japão e da China perdure para sempre!”.
A voz deles ressoava alto, no espaço infinito de um céu azul límpido.
A amizade que hoje existe entre japoneses e chineses não é obra de um grupo de líderes políticos; é fruto do trabalho de uma aliança de sábios pacifistas que desejam ardentemente a paz de ambas as nações. É a realização do desejo das pessoas que foi atingida mediante esforços combinados de ambos os povos. Qualquer um que ouse explorar essa amizade ou reclamar o crédito por ela estaria insultando a China e profanando as incríveis realizações daqueles que se empenharam sem interesse algum para estabelecer as bases dessa amizade.
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A arte é uma “arma” poderosa na luta pela paz. É uma das expressões mais elevadas do triunfo humano. A dedicação daqueles que aperfeiçoam sua arte são esforços para edificar a paz e a cultura em benefício de toda a humanidade.
A Ópera de Pequim originou-se do povo. Embora seu nome signifique literalmente “ópera da capital”, começou e se desenvolveu nas áreas rurais. É produto do vigor do povo. Mais tarde, sua arte foi adotada por aqueles que viviam na capital, e chegou a se converter no tesouro espiritual de todo o povo chinês.
Para mim, esse dinâmico espírito do povo, como o eterno ritmo da vida, faz da Ópera de Pequim um tributo artístico perfeito e incomparável para a amizade duradoura entre Japão e China.
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