Estudo
TC
[75] À Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça — nossa esperança no futuro
BUDISMO DO SOL Iluminando o Mundo Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda
Dr. Daisaku Ikeda
03/10/2024
![[75] À Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça — nossa esperança no futuro](https://meubs.com.br/assets/images/ebs-2024-10-02_13-55-23.jpeg)
Carta para os Irmãos
A tradição da Soka Gakkai de “Prática da fé para vencer as dificuldades”
Explanação
Amo e valorizo meus jovens amigos da Divisão dos Estudantes.
Vocês têm sonhos, esperanças e um ilimitado potencial. A adolescência representa um importante ponto de partida determinante na vida. Talvez, hoje, estejam enfrentando situações difíceis e grandes desafios, mas não há infortúnios que não possam ultrapassar. Todos vocês possuem dentro de si a poderosa energia vital para sobrepujar qualquer adversidade.
O Budismo de Nichiren Daishonin ensina como cada um de nós, sem exceção, pode extrair essa força interior fundamental, evidenciar coragem e sabedoria e, sem se deixar derrotar pelas dificuldades da vida, se tornar feliz infalivelmente. Compartilhando esse sublime ensinamento com as pessoas do Japão e do mundo, a Soka Gakkai gerou um movimento crescente do kosen-rufu em prol da paz e da felicidade das pessoas.
Gostaria de dirigir minha explanação nesta edição e na próxima a vocês, em especial, membros da Divisão dos Estudantes, que alçarão voo com dinamismo pelos céus do futuro. Nesta oportunidade, estudaremos a Carta para os Irmãos de Nichiren Daishonin, fonte de imensa força e inspiração para enfrentar sem medo qualquer tempestade de dificuldades.
A luta intrépida, sem recuar um único passo, dos presidentes Makiguchi e Josei Toda
Julho é o mês de mestre e discípulo na Soka Gakkai.
Em 3 de julho de 1945, meu mestre, Josei Toda, foi libertado da Prisão de Toyotama, em Nakano, Tóquio. Ele tinha sido detido e preso dois anos antes, com seu mestre, Tsunesaburo Makiguchi, presidente fundador da Soka Gakkai, enquanto combatiam a perseguição perpetrada pelas autoridades militaristas do Japão na época da guerra. Ao reconquistar a liberdade, Toda sensei levantou-se só, como único herdeiro do espírito de Makiguchi sensei, e iniciou uma grandiosa luta em prol do kosen-rufu.
Makiguchi sensei havia morrido oito meses antes (em 18 de novembro de 1944) no Centro de Detenção de Tóquio, em Sugamo, dando a vida por suas crenças.1 Durante o período no cárcere, sem recuar um único passo, ele compartilhou intrepidamente o budismo com os guardas da prisão, realizando shakubuku, e, ao longo dos interrogatórios, proclamou com coragem e bravura a veracidade dos ensinamentos de Nichiren Daishonin.
Em sua derradeira carta escrita na prisão, Makiguchi sensei declarou: “É mais do que natural que os três obstáculos e quatro maldades2 me ataquem; é exatamente como [o Sutra do Lótus] expressa”.3 Ele estava com 73 anos quando morreu, lutando pela verdade até o fim, com o “coração de um rei leão” (CEND, v. I, p. 318).
Kosen-rufu — o grande juramento para concretizar a felicidade da humanidade
Kosen-rufu é o grande juramento para concretizar a felicidade da humanidade. À luz dos escritos de Nichiren Daishonin, é inevitável que essa grande luta dos mestres e discípulos Soka para concretizar a paz e felicidade de toda a humanidade se depare com obstáculos e perseguição. Em 3 de julho de 1957, também fui detido, sob falsas acusações, e preso pelas autoridades que temiam a ascensão de um novo e poderoso movimento popular.4
Enfrentamos obstáculos porque praticamos o ensinamento do budismo. Quando eles ocorrem, temos uma escolha: podemos vê-los pelo que eles são — ou seja, identificando-os nitidamente como funções da maldade — e desafiá-los resolutamente com base na fé, ou reagir com medo e recuar. Daishonin afirma com clareza que praticantes genuínos tomarão o primeiro caminho. Evidentemente, isso não significa que vocês precisam ir para a prisão a fim de provar que possuem fé genuína!
O presidente Makiguchi, o presidente Josei Toda e eu, unidos pelos laços de mestre e discípulo Soka, sempre nos postamos na linha de frente de cada batalha, determinados a servir de escudo para cada um dos nossos membros, nossos jovens, protegendo-os para não causar-lhes nenhum dano.
Porém, esperamos que todos vocês herdem solidamente e deem continuidade ao nosso resoluto espírito de fé para derrotar as funções da maldade. “Prática da fé para vencer as dificuldades”5 é o orgulho e a tradição da Soka Gakkai.
Trecho 1 do escrito
Carta para os Irmãos
Os seguidores do Sutra do Lótus devem temer aqueles que tentam obstruir sua prática mais do que temem aos bandidos, arrombadores, assaltantes noturnos, tigres, lobos ou leões, e mais até que uma invasão dos mongóis nos dias de hoje.6 Este mundo é o domínio do demônio do sexto céu.7 Todas as pessoas têm sido governadas por este rei demônio desde o tempo sem início. (CEND, v. I, p. 518)
Carta de encorajamento para dois irmãos
Essa passagem de Carta para os Irmãos é endereçada aos irmãos Ikegami. Acredita-se que eles tenham se tornado seguidores de Daishonin pouco depois de ele estabelecer seu ensinamento (no vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253).
Decorridos vários anos de uma prática firme e sincera por parte dos irmãos, uma grave crise surgiu. O pai deles era seguidor de Ryokan,8 prior do templo Gokuraku-ji, da escola Preceitos-Palavra Verdadeira [hostil a Daishonin]. Ele se opunha à fé dos filhos no Sutra do Lótus e, em virtude disso, deserdou o irmão mais velho, Munenaka.
No período feudal, a deserdação não significava apenas a perda do direito de herdar a propriedade da família, mas também ser privado da base econômica e da posição social.
Além disso, pelo simples ato de deserdar o primogênito, o pai colocou o filho mais novo, Munenaga, na posição de ter de escolher entre sua fé ou se tornar o novo herdeiro. Desse modo, ele esperava persuadir o caçula e criar um racha entre os dois irmãos.
Semear discórdia entre pessoas e minar a vontade delas constituem, de fato, ações das funções da maldade.
Maus amigos que destroem as mentes do bem
Na passagem que estamos estudando, Nichiren Daishonin afirma que aqueles que creem no Sutra do Lótus e o praticam devem permanecer cautelosos com “aqueles que tentam obstruir sua prática” do que em relação a bandidos, arrombadores, assaltantes noturnos, tigres, lobos ou leões, e mais até que uma invasão estrangeira (cf. CEND, v. I, p. 518).
Nas escrituras budistas, esses indivíduos obstruidores são conhecidos como “maus amigos”,9 atuando para destruir a mente de praticantes sinceros e para guiá-los aos maus caminhos. Em particular, isso se refere a sacerdotes perversos e indivíduos mal-intencionados que buscam obstruir e destruir a fé das pessoas.
Um comentário budista declara: “Os maus amigos empregam palavras sedutoras, enganam e bajulam, falam com astúcia e extrema cortesia e, dessa maneira, levam os outros a cometer o mal. E, ao induzir os outros à maldade, destroem a mente do bem deles”.10 Ou seja, utilizam-se de palavras astutas para destruir a bondade no coração das pessoas.
A principal fonte das maldades é o rei demônio do sexto céu
Se permitirmos que essas influências negativas nos dominem, então, sem dúvida alguma, a incerteza, confusão e descrença vão se apoderar da nossa mente. Se nossa mente for destruída, perderemos de vista a fé correta.
A principal fonte dessas funções negativas é o rei demônio do sexto céu.
Nessa carta, Daishonin diz que este conturbado mundo saha11 no qual vivemos é governado pelo rei demônio do sexto céu e que nós somos súditos dele. O rei demônio usa nossos familiares e pessoas de poder e influência como agentes dele para obstruir a fé daqueles que abraçam a Lei Mística. O objetivo dele é conduzir as pessoas aos maus caminhos por quaisquer meios possíveis, confundindo a mente delas, “induzindo-as a beber o vinho da avareza, ira e estupidez”12 (cf. CEND, v. I, p. 518).
Ignorância fundamental — a incapacidade de acreditar em seu estado de buda inerente
Em outra carta, Nichiren Daishonin declara que a essência do rei demônio do sexto céu é a escuridão ou ignorância fundamental existente nas profundezas da nossa vida: “A escuridão fundamental se expressa como o rei demônio do sexto céu” (CEND, v. II, p. 380). Escuridão fundamental, ou ignorância fundamental, indica a raiz da ilusão da mente humana — ignorância sobre a verdade essencial da nossa vida. Em outras palavras, consiste na incapacidade de acreditar que cada um de nós incorpora a Lei Mística e é um nobre indivíduo que possui a condição de vida do estado de buda.
O rei demônio do sexto céu, portanto, não é um ser especial que existe fora de nós. É o aspecto da ilusão da mente que é incapaz de acreditar em nossa dignidade e potencial inerentes. Se essa ignorância nos dominar, podemos acabar rejeitando, desvalorizando e até destruindo a nós mesmos. Tais são as ações do rei demônio do sexto céu, e devemos nos certificar de não nos tornar seus súditos.
A “espada afiada” da fé pode aniquilar as funções da maldade
O que tem o poder de derrotar o rei demônio do sexto céu? Somente a “espada afiada” da fé. Como afirma Daishonin: “A única palavra ‘fé’ é a espada afiada com a qual se dissipa a escuridão fundamental ou a ignorância fundamental” (OTT, p. 119-120).
Quando identificamos claramente as funções da maldade e as enfrentamos, despertando forte fé e recitando Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon, conseguimos manifestar nosso estado de buda inato e bani-las sem falta.
Adversidades são treinamento para atingir o estado de buda
Alguns de vocês, meus jovens amigos, podem estar se perguntando por que têm de enfrentar dificuldades, quando se supunha que, praticando o budismo, receberiam benefícios. Talvez pensem que seja melhor nem começar a praticar.
Na carta para os irmãos Ikegami, Nichiren Daishonin escreve: “Quando uma rocha é submetida ao fogo, ela simplesmente se transforma em cinzas, mas o ouro se torna ainda mais puro” (CEND. v. I, p. 520). Essa é uma expressão da profunda confiança de Daishonin nos irmãos. Ele está dizendo que, como praticantes do Sutra do Lótus, eles já são pessoas de “ouro”; portanto, devem se desafiar para superar as dificuldades e fazer sua vida brilhar com força, intensidade e amplitude, assim como o “ouro puro”.
Naturalmente, uma estrada tranquila sem nenhum obstáculo ou subidas e descidas é fácil de seguir. Mas, escalando as montanhas dos desafios que se erguem em nosso caminho, poderemos nos deliciar com vistas maravilhosas quando alcançarmos o topo.
Em outras palavras, obstáculos e dificuldades servem para testar se nossa fé é genuína; são um treinamento para atingir o estado de buda.
Toda sensei explicou de forma simples: “Maldades existem para nos testar e treinar. É como os alunos de judô que se tornam mais fortes ao serem arremessados ao chão repetidas e repetidas vezes pelo instrutor. Se encararmos cada maldade com presteza para enfrentá-la e com a determinação de vencê-la, seremos capazes de sobrepujar os mais difíceis desafios”.
Transformar destino em missão
O Budismo Nichiren nos permite encontrar um significado mais profundo nas adversidades, encorajando-nos a vê-las como oportunidades para fortalecer nossa fé e nossa vida. Nossa fé se torna mais forte ao enfrentarmos e desafiarmos nosso destino. O propósito da nossa prática budista é estabelecer uma condição de felicidade serena e inabalável.
As escolas budistas amplamente reconhecidas na época de Daishonin ensinavam que o sofrimento e as adversidades eram uma consequência das causas negativas, ou do mau carma, de existências passadas. Entretanto, essa explicação não poderia operar como uma força para romper e transformar os desafios da vida real.
O Budismo de Nichiren Daishonin, por outro lado, é um ensinamento que habilita as pessoas a mudar seu destino. Isso porque a Lei Mística representa o meio fundamental para ultrapassar todos os sofrimentos.
Para os praticantes do Budismo Nichiren, provações e dificuldades configuram oportunidades para transformar seu destino. E nossa missão é demonstrar isso aos outros mediante nosso exemplo, comprovando a grandiosidade da Lei Mística. Pautados por esse ideal, vivemos com o espírito positivo de transformar destino em missão. No que concerne à doutrina budista, isso se denomina “carma adotado por desejo próprio”.13 É o juramento dos bodisatvas.
Com base no lema “transformar destino em missão”, os membros da Soka Gakkai no Japão e no mundo se empenham na fé e na prática diariamente.
Toda sensei declarou: “Alegrem-se quando se depararem com dificuldades. Esse é o momento para demonstrar o poder da fé. É uma oportunidade de transformar seu destino. Ultrapassando tais provações, poderão obter ilimitada e inesgotável boa sorte”.
Trecho 2 do escrito
Carta para os Irmãos
Se a propagarem [essa doutrina], demônios surgirão sem falta. Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que esse é o ensinamento correto. Em um trecho desse mesmo volume [quinto volume de Grande Concentração e Discernimento14 de Tiantai]15 consta: “À medida que a prática avança e a compreensão aumenta, os três obstáculos e as quatro maldades surgem de forma desconcertante disputando entre si para interferir... Uma pessoa não deve ser influenciada nem amedrontada por essas ações. Aquela que cai na influência dessas ações é desviada para os maus caminhos. E aquela que as teme será impedida de praticar o ensinamento correto”. Essa afirmação não se aplica somente a mim; também é um direcionamento para os meus seguidores. Com profundo respeito, façam deste o seu próprio ensinamento e o transmitam como um princípio de fé para as futuras gerações. (CEND, v. I, p. 524)
Maldades surgirão infalivelmente quando se pratica de forma correta
Essa é a passagem mais famosa de Carta para os Irmãos.
“Se a propagarem [essa doutrina]” denota que se nos empenhar na prática budista, funções da maldade que buscam obstruir nossa fé surgirão infalivelmente.
Nichiren Daishonin prossegue: “Se isso não acontecesse, não haveria maneira de saber que esse é o ensinamento correto” (CEND, v. I, p. 524). Precisamente pelo fato de o Budismo Nichiren ser o ensinamento correto para atingir o estado de buda, as funções da maldade aparecem para impedir nossa prática.
Em seguida, Daishonin cita uma passagem de Grande Concentração e Discernimento, de Tiantai, que diz: “À medida que a prática avança e a compreensão aumenta, os três obstáculos e as quatro maldades surgem de forma desconcertante disputando entre si para interferir” (Ibidem).
Os “três obstáculos” são: 1) obstáculo dos desejos mundanos; 2) obstáculo do carma; e 3) obstáculo da retribuição.16 “Obstáculo”, nesse contexto, indica algo que bloqueia ou obstrui nossa prática budista.
As “quatro maldades” são: 1) maldade dos cinco componentes; 2) maldade dos desejos mundanos; 3) maldade da morte; e 4) maldade celestial.17 Demônio indica uma função negativa que mina o dinamismo e a vitalidade do interior dos praticantes do ensinamento correto. O ponto importante a se lembrar é que esses obstáculos e maldades são forças que obstruem e impedem nossa prática budista.
Dentre todas elas, a maldade celestial, que se refere ao rei demônio, é a mais grave. Diz respeito ao rei demônio do sexto céu, também conhecido como demônio celestial que Desfruta Livremente Criações Alheias, pois ele se deleita em manipular e explorar os outros de acordo com sua vontade. O rei demônio, a mais fundamental de todas as funções da maldade que podem dominar a mente humana, emprega os meios imagináveis para atacar e importunar os praticantes do ensinamento correto. Isso inclui manifestar-se dentro de personalidades de poder e autoridade na sociedade e manipulá-las para perseguir os praticantes da Lei Mística.
Daishonin afirma aqui que nossa resposta a tais obstáculos deve ser a de “não sermos influenciados nem amedrontados por essas ações” (cf. Ibidem).
“O sábio se alegra, ao passo que o tolo recua”
“Não sermos influenciados” significa não nos permitir cair sob o domínio das funções da maldade. “Não sermos amedrontados” quer dizer vencê-las com a sabedoria de não nos deixar enganar por elas e com a coragem para enfrentá-las. Agindo dessa maneira, podemos realizar nossa revolução humana e mudar nosso destino.
Em outra carta dedicada ao mais novo dos irmãos Ikegami, Munenaga, Nichiren Daishonin escreve: “Os três obstáculos e as quatro maldades aparecem infalivelmente; e quando isso ocorre, o sábio se alegra, ao passo que o tolo recua” (CEND, v. I, p. 666). Daishonin está dizendo a Munenaga que esteja convicto de que o surgimento dos três obstáculos e das quatro maldades é o momento para atingir o estado de buda. Ele ensina que deve vencer nesse desafio com o espírito da fé do sábio que se alegra.
No final da passagem que estamos estudando, Daishonin expressa: “Essa afirmação não se aplica somente a mim; também é um direcionamento para os meus seguidores. Com profundo respeito, façam deste o seu próprio ensinamento e o transmitam como um princípio de fé para as futuras gerações” (Ibidem, p. 524).
Nichiren Daishonin já havia passado por várias perseguições potencialmente fatais — incluindo o Exílio em Izu18 e a Perseguição de Tatsunokuchi, e o subsequente Exílio na Ilha de Sado19 — e triunfado sobre todas elas. É a isso que ele se refere ao escrever “Essa afirmação (...) se aplica a mim” (cf. Ibidem).
Então, Daishonin declara que esse caminho correto da prática budista, o caminho da luta conjunta que ele e seus discípulos percorreram, deve ser transmitido para as futuras gerações como parte a luta para assegurar a eterna perpetuação da Lei.
Daishonin encoraja os irmãos Ikegami, dizendo que cabia a eles personificar e transmiti-la como fonte de inspiração para futuras gerações. Os irmãos superaram os obstáculos, e, com sólida união na fé, finalmente conseguiram obter êxito em converter o pai aos ensinamentos de Nichiren Daishonin.
Essa passagem nos mostra que nosso exemplo de vitória sobre todas as funções da maldade e de seguir em frente de modo triunfal se tornará um marco para consolidar as bases para o eterno desenvolvimento do kosen-rufu.

Sorriso dos jovens da BSGI em ensaio para a Convenção Juventude Soka no Centro Cultural Campestre (Itapevi, SP, maio 2024)
Momentos difíceis revelam o verdadeiro valor do ser humano
Em uma oportunidade, tive a honra de me encontrar com a falecida ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Betty Williams, legítima defensora dos direitos humanos e da paz (em novembro de 2006, em Tóquio).
Quando perguntei à Sra. Williams o que sustentava suas incansáveis atividades, ela respondeu: “Neste trabalho, você precisa ter a coragem de suas convicções. Tem apenas de mantê-las e mantê-las, não obstante o que as pessoas possam dizer, e jamais desistir”.
É importante ter a coragem de nossas convicções na fé também. Coragem é uma expressão de forte fé.
Adversidades e dificuldades são inevitáveis na vida. Pode haver ocasiões em que vocês, meus jovens amigos, talvez sintam que simplesmente não aguentam mais. Mas essa é a hora para demonstrar seu verdadeiro valor como corajosos praticantes da Lei Mística. Leões Soka que se levantam com coragem num momento crucial infalivelmente vencem no final.

Participantes da atividade comemorativa dos quarenta anos do Grupo Alvorada da BSGI (São Paulo, SP, ago. 2024)
Construam um inabalável arcabouço de fé na juventude
A juventude é um período para se construir um sólido arcabouço de fé que não desmoronará ante nenhum obstáculo. O segredo é permanecer firme na fé e na prática por toda a vida, haja o que houver, e continuar seguindo em frente intrepidamente.
Vocês possuem incalculáveis veteranos na fé no mundo todo, os quais se empenham ativamente pelo kosen-rufu em nossa coletividade de “bons amigos”, junto com a Lei Mística, a Soka Gakkai e os companheiros de confiança, e conduzem vidas vitoriosas. Todos estão trilhando a órbita certeira da felicidade.
Fazer do aprendizado e da saúde suas prioridades
Visando, inicialmente, ao centenário da Soka Gakkai (em 2030), como sucessores da nossa organização, peço-lhes que estudem, desenvolvam-se e obtenham um crescimento esplêndido, fazendo do aprendizado e da saúde suas prioridades máximas. Espero que vocês, meus queridos jovens amigos, se empenhem corajosamente na prática budista e avancem com um compromisso inabalável na fé por toda a vida.
Uma estrada vasta e aberta se estende ilimitadamente diante de vocês. Um futuro repleto de esperança e de vitórias emocionantes os aguarda.
Logo será a vez de vocês seguirem voando corajosamente para conduzir a humanidade à felicidade e à paz.
(Daibyakurenge, edição de julho de 2021)
Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI
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Resumo
Estudo — Outubro 2024
Principais tópicos estudados
Deparar-se com obstáculos
“Enfrentamos obstáculos porque praticamos o ensinamento do budismo. Quando eles ocorrem, temos uma escolha: podemos vê-los pelo que eles são — ou seja, identificando-os nitidamente como funções da maldade — e desafiá-los resolutamente com base na fé, ou reagir com medo e recuar. Daishonin afirma com clareza que praticantes genuínos tomarão o primeiro caminho. Evidentemente, isso não significa que vocês precisam ir para a prisão a fim de provar que possuem fé genuína!”
Significado das adversidades
“O Budismo Nichiren nos permite encontrar um significado mais profundo nas adversidades, encorajando-nos a vê-las como oportunidades para fortalecer nossa fé e nossa vida. Nossa fé se torna mais forte ao enfrentarmos e desafiarmos nosso destino. O propósito da nossa prática budista é estabelecer uma condição de felicidade serena e inabalável.”
Não ser influenciado ou amedrontado
Daishonin afirma aqui que nossa resposta a tais obstáculos deve ser a de “não sermos influenciados nem amedrontados por essas ações”. (...) “Não sermos influenciados” significa não nos permitir cair sob o domínio das funções da maldade. “Não sermos amedrontados” quer dizer vencê-las com a sabedoria de não nos deixar enganar por elas e com a coragem para enfrentá-las. Agindo dessa maneira, podemos realizar nossa revolução humana e mudar nosso destino.
Frases marcantes
- “‘Prática da fé para vencer as dificuldades’ é o orgulho e a tradição da Soka Gakkai.”
- “Semear discórdia entre pessoas e minar a vontade delas constituem, de fato, ações das funções da maldade.”
- “O que tem o poder de derrotar o rei demônio do sexto céu? Somente a ‘espada afiada’ da fé.”
- “O propósito da nossa prática budista é estabelecer uma condição de felicidade serena e inabalável.”
- “O Budismo de Nichiren Daishonin, por outro lado, é um ensinamento que habilita as pessoas a mudar seu destino.”
- “Coragem é uma expressão de forte fé.”
- “A juventude é um período para se construir um sólido arcabouço de fé que não desmoronará ante nenhum obstáculo.
- “Somos todos budas, e é exatamente por isso que respeitamos uns aos outros.”
Personalidades e personagens budistas citados
- Tsunesaburo Makiguchi
- Josei Toda
- Irmãos Ikegami
- Ryokan
- Tiantai
- Betty Williams

Betty Williams
Perguntas-guia para as atividades de estudo
Ikeda sensei afirma: “A principal fonte [das] funções negativas é o rei demônio do sexto céu”. Quem é o rei demônio do sexto céu?
Nichiren Daishonin declara que a essência do rei demônio do sexto céu é a escuridão ou ignorância fundamental existente nas profundezas da nossa vida: “A escuridão fundamental se expressa como o rei demônio do sexto céu” (CEND, v. II, p. 380). Escuridão fundamental, ou ignorância fundamental, indica a raiz da ilusão da mente humana — ignorância sobre a verdade essencial da nossa vida. Em outras palavras, consiste na incapacidade de acreditar que cada um de nós incorpora a Lei Mística e é um nobre indivíduo que possui a condição de vida do estado de buda.
O rei demônio do sexto céu, portanto, não é um ser especial que existe fora de nós. É o aspecto da ilusão da mente que é incapaz de acreditar em nossa dignidade e potencial inerentes. Se essa ignorância nos dominar, podemos acabar rejeitando, desvalorizando e até destruindo a nós mesmos. Tais são as ações do rei demônio do sexto céu, e devemos nos certificar de não nos tornar seus súditos.
Por que temos de enfrentar dificuldades, quando se supunha que, praticando o budismo, receberíamos benefícios?
Naturalmente, uma estrada tranquila sem nenhum obstáculo ou subidas e descidas é fácil de seguir. Mas, escalando as montanhas dos desafios que se erguem em nosso caminho, poderemos nos deliciar com vistas maravilhosas quando alcançarmos o topo.
Em outras palavras, obstáculos e dificuldades servem para testar se nossa fé é genuína; são um treinamento para atingir o estado de buda.
Toda sensei explicou de forma simples: “Maldades existem para nos testar e treinar. É como os alunos de judô que se tornam mais fortes ao serem arremessados ao chão repetidas e repetidas vezes pelo instrutor. Se encararmos cada maldade com presteza para enfrentá-la e com a determinação de vencê-la, seremos capazes de sobrepujar os mais difíceis desafios”.
Notas:
1. Em 18 de novembro de 1944, aos 73 anos, o presidente Makiguchi faleceu no Centro de Detenção de Tóquio em decorrência de desnutrição e idade avançada, com a saúde severamente comprometida pelas provações do seu longo confinamento. Coincidentemente, o dia de sua morte foi no aniversário de fundação da Soka Gakkai.
2. “Três obstáculos e quatro maldades”: Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a prática budista. Os “três obstáculos” são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma, que pode se manifestar na forma de oposição do cônjuge ou dos filhos; e (3) obstáculo da retribuição, também interpretado como obstáculos causados por quem devemos obediência, como governantes e pais. As “quatro maldades” são: (1) maldade dos cinco componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial.
3. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 10. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1987. p. 301.
4. Em julho de 1957, o presidente Ikeda, na época coordenador do staff da Divisão dos Jovens, foi detido injustamente e acusado de violação da lei eleitoral, durante o pleito suplementar da Câmara dos Vereadores em Osaka daquele ano. No fim do processo judicial, que se estendeu por mais de quatro anos, ele foi totalmente inocentado de todas as acusações, em 25 de janeiro de 1962.
5. Uma das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai”.
9. “Maus amigos”: Maus sacerdotes e outros que desencaminham as pessoas com ensinamentos falsos, confundindo-as, atrapalhando a prática budista delas e conduzindo-as aos maus caminhos são uma fonte de sofrimento. A expressão “mau amigo” se contrapõe a “bom amigo”, que ajuda a conduzir as pessoas ao ensinamento correto.
10. Resumo de uma passagem de Anotações sobre o Sutra do Nirvana do grande mestre Zhangan.
11. Mundo saha: Este mundo, o mundo dos seres humanos, marcado por sofrimentos. Em sânscrito, saha significa terra; deriva-se do radical “suportar” ou “resistir”. Por essa razão, nas versões chinesas dos textos budistas, a palavra saha é traduzida como resistência. Nesse contexto, o mundo saha indica um lugar no qual as pessoas devem resistir a todos os tipos de sofrimento.
12. Avareza, ira e estupidez são consideradas, no budismo, males fundamentais inerentes à vida que originam os sofrimentos humanos. São conhecidas como os “três venenos”.
13. “Carma adotado por desejo próprio”: Refere-se aos bodisatvas que, apesar de qualificados a receber as puras recompensas da prática budista, abrem mão delas e selam o juramento de renascer num mundo impuro para salvar os seres vivos. Aplicado à nossa vida, significa considerar a superação de problemas por intermédio da prática budista como meio para demonstrar o poder da Lei Mística.
14. Grande Concentração e Discernimento: Compilado de preleções proferidas pelo grande mestre Tiantai (538–597) da China, registradas por seu discípulo Zhangan. Junto com Profundo Significado do Sutra do Lótus e Palavras e Frases do Sutra do Lótus, é considerada uma das três principais obras de Tiantai.
15. Tiantai (538–597), também conhecido como Zhiyi, Tiantai Zhizhe, grande mestre Tiantai e grande mestre Zhizhe. Fundador da escola Tiantai na China.
16. O obstáculo dos desejos mundanos indica quando os desejos mundanos, ou impulsos e aflições, como avareza, ira e estupidez (chamadas de “três venenos”), nos impedem de progredir na fé e prática budistas. O obstáculo do carma refere-se a impedimentos à nossa fé e à prática decorrentes do carma negativo. Em Carta para os Irmãos, a oposição de pessoas próximas, como cônjuge ou filhos, é citada como exemplo específico. O obstáculo da retribuição descreve impedimentos à nossa prática budista em virtude das circunstâncias difíceis em que nascemos ou passamos a viver. São considerados efeitos negativos ou consequências derivadas do carma negativo de existências passadas.
17. A maldade dos cinco componentes origina-se da desarmonia entre os mecanismos do corpo e da mente, ou cinco componentes, daqueles que realizam a fé e a prática. A maldade dos desejos mundanos indica o surgimento de aflições como avareza, ira e estupidez dentro da vida, que atuam para destruir a fé da pessoa. A maldade da morte ocorre quando a prática budista de uma pessoa é interrompida por causa da morte. Além disso, pode-se dizer que a pessoa foi derrotada pela maldade ou pelo demônio da morte quando o falecimento de um praticante, ou de alguém próximo, a leva a duvidar da fé budista. Finalmente, há a maldade celestial.
18. Exílio em Izu: Perseguição que resultou no exílio de Nichiren Daishonin em Ito, na província de Izu (parte da atual província de Shizuoka), do quinto mês de 1261 ao segundo mês de 1263. Quando Nichiren Daishonin reapareceu em Kamakura na primavera de 1261 e retomou suas atividades de propagação, depois de curto período na província de Awa subsequentemente à Perseguição de Matsubagayatsu, o governo o prendeu e, sem investigação adequada, ordenou que fosse exilado em Ito na província de Izu. Depois de ficar exilado lá por dois anos, Daishonin recebeu indulto e voltou para Kamakura.
19. Perseguição de Tatsunokuchi e exílio na Ilha de Sado: No nono mês de 1271, as autoridades prenderam Nichiren Daishonin e o levaram para um local chamado Tatsunokuchi, nas cercanias de Kamakura, onde tentaram decapitá-lo sumariamente sob o manto da noite. Com o fracasso da tentativa de execução, ele foi mantido em detenção na residência do subcomandante do Posto de Comando Militar de Sado, Homma Rokuro Saemon, em Echi (parte da atual província de Kanagawa). Depois de aproximadamente um mês, enquanto o governo discutia o que fazer com ele, Daishonin foi exilado na Ilha de Sado, o que equivalia à pena de morte. Contudo, quando suas predições de conflito interno e de invasão estrangeira se concretizaram, o governo emitiu um indulto no terceiro mês de 1274 e ele retornou a Kamakura.
No topo: Ikeda sensei e Sra. Kaneko sempre acreditam no potencial das crianças. Registro feito no Centro de Treinamento de Nagano, em agosto de 1979
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