marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Estudo
há um ano

[76] À Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça — nossa esperança no futuro

A Torre de Tesouro - Desperte para o tesouro existente em seu interior!Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

Dr. Daisaku Ikeda

01/11/2024

[76]  À Divisão dos Estudantes,  Corredores da Justiça — nossa esperança no futuro

Explanação

Miríades de feixes de luz no céu noturno. A chuva anual de meteoros Perseidas chegará novamente, convidando-nos a contemplar as maravilhas do universo. [Neste ano, 2021, esse fenômeno atingiu o pico de meteoros no Japão em 13 de agosto.] (Explanação publicada originalmente no país nesse mês e ano.)

Isso me faz recordar uma cena inesquecível da minha juventude que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. Uma noite, as sirenes de ataques aéreos soaram, e nos protegemos nos abrigos antiaéreos mais próximos. Prendendo a respiração, olhei para cima, e justo naquele instante uma estrela cadente cortou o céu. Lembro-me nitidamente de fazer um pedido desejando a paz.

Estudo

Entusiasmo dos participantes durante o 7o Curso Latino-Americano de Budismo da Nova Era do Kosen-rufu Mundial (São Paulo, SP, set. 2024)

A maravilha de nascer como seres humanos

Quando voltamos o olhar para o universo, sua imensidão e mistério nos enchem de admiração. Não há como não refletir sobre o que significa nascer como seres humanos neste planeta, e sentimos profundamente a maravilha da vida em si.

O Budismo Nichiren ensina a lei fundamental que permeia, sustenta e dá origem ao universo e à vida huma­na. E expõe o meio pelo qual podemos alinhar nossa vida com a Lei fundamental, habilitando-nos a criar valor para a concretização da paz e da felicidade para todos e fazer brilhar nossa dignidade inata.

Filosofia do respeito pela vida e pela dignidade humana

Chegou a hora de o Budismo do Sol de Nichiren Daishonin, que defende categoricamente o respeito pela vida e pela dignidade das pessoas, mostrar o caminho para o mundo todo.

Nesta edição, estudaremos, A Torre de Tesouro, escrito no qual Daishonin ensina que as pessoas são seres preciosos igualmente nobres e dignos de respeito que possuem ilimitado potencial dentro de si. Juntos, estudemos a incomparável visão da vida e da existência humana oferecida pelo Budismo Nichiren, auspiciosa filosofia para criar a paz e a felicidade para a humanidade.

Trecho 1 do escrito

A Torre de Tesouro

Atualmente, os discípulos e seguidores leigos de Nichiren estão fazendo o mesmo [i.e., percebendo a Torre de Tesouro dentro de sua própria vida]. Nos Últimos Dias da Lei, não há outra Torre de Tesouro senão a figura de homens e mulheres que abraçam o Sutra do Lótus. Nesse sentido, as pessoas que recitam o Nam-myoho-renge-kyo, independentemente de serem ilustres ou humildes, de classe social superior ou inferior, são a própria Torre de Tesouro e são igualmente Aquele que Assim Chega Muitos Tesouros.1 Não existe outra Torre de Tesouro senão o Myoho-renge-kyo.2 O daimoku do Sutra do Lótus é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-renge-kyo. (CEND, v. I, p. 314)

“Excelente! Tudo o que você expôs é a verdade!”

Abutsu-bo, destinatário dessa carta, e sua esposa, a monja leiga Sennichi, eram figuras centrais entre os discípulos de Daishonin na Ilha de Sado. Nesse escrito, Daishonin explica o significado da Torre de Tesouro citado no Sutra do Lótus.

O presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, sublinhou esse trecho em seu exemplar pessoal dos escritos de Nichiren Daishonin, por considerá-lo muito importante.

Comecemos recapitulando brevemente o capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, que descreve em detalhes a torre mencionada anteriormente.

Enquanto Shakyamuni prega o Sutra do Lótus para imensa multidão de discípulos, uma torre colossal adornada com sete tipos de tesouros3 surge de repente da terra e flutua no ar.

Ouve-se de dentro da torre a voz retumbante do buda Muitos Tesouros afirmando a veracidade do ensinamento de Shakyamuni: “Excelente, excelente!... Shakyamuni, Mundialmente Reverenciado, tudo o que você expôs é a verdade!” (LSOC, cap. 11, p. 209-210).

Então, budas de todo o universo se reúnem, e Shakyamuni abre a porta da Torre de Tesouro, entra nela, e senta-se perto do buda Muitos Tesouros. Nesse momento, a multidão é suspensa no ar.

Esse é o início daquela que é conhecida como a Cerimônia no Ar.4

Estudo

Celebração dos 73 anos da Divisão Feminina na RE Sergipe (Aracaju, SE, jun. 2024)

Perceber a Torre de Tesouro dentro de nós e dos outros

Abutsu-bo havia escrito a Nichiren Daishonin perguntando sobre o significado do surgimento da Torre de Tesouro descrita no Sutra do Lótus. Daishonin responde nessa carta que se trata de algo muito relevante e incorpora vários ensinamentos profundos. Prosseguindo, diz: “Em essência, o surgimento da Torre de Tesouro indica que, ao receberem o ensinamento do Sutra do Lótus, os três grupos de ouvintes da voz5 perceberam, pela primeira vez, a Torre de Tesouro na própria vida” (CEND, v. I, p. 314).

“A Torre de Tesouro na própria vida” é a chave. Em outras palavras, esclarece Daishonin, os discípulos de Shakyamuni percebem que a magnífica Torre de Tesouro que apareceu diante deles, na realidade, é a Torre de Tesouro que emerge e surge na própria vida (cf. OTT, p. 229).

Daishonin continua: “Atualmente, os discípulos e seguidores leigos de Nichiren estão fazendo o mesmo” (CEND, v. I, p. 314), destacando que é vital que seus seguidores também percebam sua Torre de Tesouro interior.

Isso que quer dizer que devemos despertar para o fato de que a Torre de Tesouro — a nobre condição de vida do estado de buda tão vasta quanto o universo — é inerente à nossa própria vida. Esse é o verdadeiro significado do surgimento da Torre de Tesouro. Também indica enxergar a Torre de Tesouro na vida dos outros.

Fazer isso é compreender no âmbito mais profundo que todas as pessoas possuem uma resplandecente Torre de Tesouro dentro delas, e que são, intrínseca e igualmente, dignas de respeito. Reconhecer essa grande verdade consiste na essência do Sutra do Lótus. O surgimento de pessoas despertas tanto para a própria dignidade como para a dos outros é o desejo acalentado pelo Buda.

Abutsu-bo havia formulado uma pergunta importantíssima diretamente ligada a essa verdade essencial.

Não há Torre de Tesouro isolada de pessoas reais

Daishonin prossegue: “Nos Últimos Dias da Lei, não há outra Torre de Tesouro senão a figura de homens e mulheres que abraçam o Sutra do Lótus” (CEND, v. I, p. 314). “Figura”, nesse contexto, refere-se às pes­soas assim como elas são. A Torre de Tesouro não existe isolada de pes­soas reais. Revelar a Torre de Tesouro interior não significa se tornar algo especial ou extraordinário. “Atingir” de “atingir o estado de buda” quer dizer “abrir ou revelar” (OTT, p. 126), afirma Daishonin. Abrimos ou revelamos a condição de vida do estado de buda que já existe dentro de nós.

Em especial, ele frisa “independentemente de serem ilustres ou humildes, de classe social superior ou inferior” (CEND, v. I, p. 314). Prestígio, posição social, riqueza — nada disso importa. O budismo é a suprema filosofia de respeito pelos seres humanos, o ensinamento de que todas as pessoas são igualmente nobres e preciosas.

Aqueles que vivenciam árduo sofrimento possuem uma grande missão

Nichiren Daishonin segue dizendo: “Não existe outra Torre de Tesouro senão o Myoho-renge-kyo. O daimoku do Sutra do Lótus é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é o Nam-myoho-renge-kyo” (CEND, v. I, p. 314).

A Torre de Tesouro é o Nam-myoho-renge-kyo. A pessoa que recita Nam-myoho-renge-kyo com toda a seriedade pode fazer a Torre de Tesouro dentro de sua vida brilhar ao máximo.

Jamais precisamos lamentar nossas circunstâncias ou nos sentir menos dignos em comparação com os outros. De fato, quanto mais desafiadora nossa situação, mais ardentemente podemos recitar Nam-myoho-renge-kyo.

Aqueles que recitam daimoku orando com firmeza e perseverança, no fim, alcançarão uma felicidade inigualável e transmitirão esperança e inspiração para muitos outros. Aqueles que mais sofreram não só se tornam os mais felizes, mas também se tornam pessoas corajosas que ajudam outros a alcançar a felicidade. Se vocês estão sofrendo ou passando por adversidades agora, isso é a prova de que possuem uma grande missão.

Cada um de vocês possui uma importante missão que só vocês podem cumprir. Ao mesmo tempo em que se empenham com firmeza e persistência por essa missão, espero que tirem o máximo proveito de suas qualidades e talentos ímpares, brilhando como as reluzentes Torres de Tesouro que são. Com essa oração, os veteranos na fé, incluindo os pais de muitos de vocês, estão dando tudo de si para criar um ambiente no qual vocês possam fazer isso.

Trecho 2 do escrito

A Torre de Tesouro

Neste momento, o corpo do honorável Abutsu é composto dos cinco elementos: água, terra, fogo, ar [vento] e espaço [céu]. Esses cinco elementos são, por sua vez, os cinco ideogramas do daimoku [Myoho-renge-kyo]. Por isso, Abutsu-bo é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo. Nenhum outro conhecimento é relevante. A Torre de Tesouro é adornada com os sete tipos de tesouros — ouvir o ensinamento correto, acreditar nele, observar os preceitos, meditar, praticar assiduamente, renunciar aos apegos e refletir sobre si mesmo. (CEND, v. I, p. 314)

A lei fundamental que permeia a vida e o universo

Nichiren Daishonin declara: “Neste momento, o corpo do honorável Abutsu é composto dos cinco elementos água, terra, fogo, ar e espaço” (CEND, v. I, p. 314). Os cinco elementos referem-se àquilo que as pessoas da antiguidade consideravam ser os componentes básicos que formam tudo no universo.

Daishonin acrescenta: “Esses cinco elementos são, por sua vez, os cinco ideogramas do daimoku” (Ibidem). Em outras palavras, ele está dizendo a Abutsu-bo: “Seu corpo, seu ser, é uno com a lei fundamental que permeia toda a vida e o universo — que é a realidade de sua vida”.

Recitando “os cinco ideogramas do daimoku [Myoho-renge-kyo]”, os mortais comuns, mesmo aqueles atualmente sobrecarregados de problemas e sofrimentos, podem irradiar o brilho da Lei Mística, exatamente como são. No que diz respeito às funções da Lei Mística, a vida deles não difere em nada da vida do Buda. Esse é o penetrante discernimento do Budismo Nichiren.

As pessoas tendem a buscar as causas, tanto da felicidade como do infortúnio, fora delas mesmas. Procuram a felicidade em algum lugar diferente do que estão agora. Mas a verdadeira felicidade não se encontra em algum lugar distante.

Em Atingir o Estado de Buda nesta Existência, Daishonin expressa:

Contudo, mesmo que recite e acredite no Myoho-renge-kyo, se pensa que a Lei existe fora de seu cora­ção, o senhor não está abraçando a Lei Mística, mas um ensinamento inferior. (...) Jamais pense que os oitenta mil ensinamentos expostos pelo buda Shakyamuni durante toda a existência dele ou que os budas e bodisatvas das dez direções e das três existências se encontram em algum lugar fora do senhor. (CEND, v. I, p. 3)

Quando revelamos nosso estado de buda por meio da recitação do Nam-myoho-renge-kyo a cada dia, geramos um manancial de felicidade na nossa vida.

A prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo é a chave para ativarmos nosso infinito potencial e as funções positivas da vida tão vastas quanto o universo. É realmente maravilhoso vocês terem abraçado essa grandiosa Lei Mística ainda tão jovens.

Estudo

Apresentação de jovens e crianças do Coral Esperança do Mundo na 5a Academia Índigo (Itapevi, SP, set. 2024)

Basear a vida no Nam-myoho-renge-kyo

Quando me encontrei pela primeira vez com meu mestre, Josei Toda, em 14 de agosto de 1947, compus um poe­ma de improviso, que se inicia assim:

Ó viajante!
De onde vens?
E para onde irás?

Fazia dois anos desde que a Segunda Guerra Mundial havia terminado. Os valores e padrões militaristas de certo e errado que nos tinham sido ensinados até então caíram por terra, e nós, jovens, fomos atirados num mundo confuso e turbulento. Li todos os tipos de livros numa séria tentativa de encontrar o modo de vida correto. Foi aí então que encontrei Toda sensei.

O poema que compus naquela noite continua:

A lua desce
no caos da madrugada;
mas vou andando
antes de o Sol nascer,
à procura de luz.
No desejo de varrer
as trevas de minh’alma,
a grande árvore
eu procuro
que nunca se abalou
na fúria da tempestade.
Neste encontro ideal,
sou eu quem
surge da terra!

Na época, não tinha conhecimento algum sobre os profundos ensinamentos do Budismo Nichiren, mas estava buscando por uma filosofia sólida e duradoura que servisse como uma robusta e indestrutível árvore de apoio espiritual.

Mais tarde, Toda sensei me explicou de maneira muito simples que construir um eu sólido e inabalável é o que significa viver com base no Nam-myoho-renge-kyo.6 Isso sintetiza a essência do Budismo Nichiren.

Cada um de nós é a Torre de Tesouro

A passagem de A Torre de Tesouro que se segue expõe uma filosofia que proporciona esperança e coragem a todos: “Abutsu-bo é a Torre de Tesouro, e a Torre de Tesouro é Abutsu-bo” (CEND, v. I, p. 314). A monumental e deslumbrante Torre de Tesouro coberta de preciosidades não existe em nenhum lugar a não ser dentro de você — quem não se surpreenderia com essa afirmação?

Daishonin salienta que nada é mais importante do que perceber que nós próprios somos a Torre de Tesouro, e que a Torre de Tesouro não é nada além de nós próprios. Não há sabedoria maior, diz ele, do que despertar para a verdadeira realidade da nossa vida e da Lei Mística que rege todas as formas de vida e o universo.

Pouco antes de morrer, Shakyamuni exortou seus discípulos a “ser uma luz para si mesmos, e um refúgio para si mesmos, [a] não recorrer a nenhum refúgio externo, mas fazer da Verdade a sua luz, e fazer da Verdade o seu refúgio, [a] não buscar por refúgio em ninguém além de si mesmos”.7

Estudo

Foto comemorativa do encontro que celebrou os dez anos do Instituto Soka Amazônia (Manaus, AM, jul. 2024)

O budismo compara este mundo com uma torrente furiosa. O que se pode fazer para aliviar os sofrimentos das pessoas arremessadas de um lado para outro por essas correntes turbulentas? O Buda enfatiza aqui a importância de que cada pessoa estabeleça um sólido eu fazendo da inabalável Lei a sua âncora.

O Budismo Nichiren, ensinamento de que nós próprios somos a Torre de Tesouro, é a sublime filosofia que mostra como fazê-lo.

Toda sensei explicou isso de forma bem simples e acessível: “O espírito fundamental de Nichiren Daishonin é que todos são filhos do Buda, todos são uma Torre de Tesouro. Por essa razão, o Budismo Nichiren pode ser uma autêntica religião mundial capaz de conduzir todas as pessoas à iluminação”.

Essa era a poderosa convicção do meu mestre.

A revolução humana nos faz reluzir como os “sete tipos de tesouros”

Em seguida, Daishonin escreve:

A Torre de Tesouro é adornada com os sete tipos de tesouros — ouvir o ensinamento correto, acreditar nele, observar os preceitos, meditar, praticar assiduamente, renunciar aos apegos e refletir sobre si mesmo. (CEND, v. I, p. 314)

Nesse trecho, ele lista meios concretos pelos quais os praticantes da Lei Mística podem fazer sua vida brilhar. Em linguagem atual, os sete tipos de tesouros podem ser considerados como sete diretrizes para realizar nossa revolução humana.

Examinemos um por um.

“Ouvir o ensinamento correto” significa buscar ativamente aprender sobre o ensinamento da Lei Mística. Exemplifica o espírito de procura com pureza de coração.

“Acreditar nele” indica manter a fé na Lei Mística. O Sutra do Lótus ensina, com relação a atingir o caminho do buda, que podemos “obter acesso unicamente por meio da fé” (LSOC, cap. 3, p. 110). Até Shariputra, discípulo de Shakyamuni reputado como “o mais notável em sabedoria”, no final, atingiu a condição de vida que incorpora a sabedoria do buda por meio da fé. Foi isso que Daishonin chamou de “substituir a sabedoria pela fé” (CEND, v. II, p. 44). Acreditar e praticar a Lei Mística resulta em sabedoria que nos habilita a atingir a iluminação.

“Observar os preceitos” — em primeiro lugar, o termo “preceito” no budismo implica “prevenir o erro e erradicar o mal”. Manter e observar os preceitos, portanto, significa seguir as instruções do Buda, exercendo o autodomínio e trilhando o caminho correto do budismo. Para nós, quer dizer continuar abraçando a Lei Mística junto com a Soka Gakkai durante toda a vida.

“Meditar” consiste em recompor as ideias. Muitas vezes, a meditação é entendida como se sentar em silenciosa contemplação, mas, na realidade, significa estabelecer um estado de espírito firme e inabalável, enquanto seguimos em frente diante das dificuldades da vida. Recitando daimoku ao Gohonzon seja qual for a situação, os membros da Soka Gakkai edificam esse forte estado de espírito, que os capacita a desafiar qualquer adversidade.

“Praticar assiduamente” corres­pon­de a empenhar-se diligentemente na fé e na prática. Significa realizar esforços incansáveis por seus objetivos e avançar sempre. Essa é uma perfeita descrição da maneira como os membros da Soka Gakkai conduzem a vida.

Estudo

Em um encontro geral, Juventude Soka da BSGI anuncia sua nova estrutura de líderes(São Paulo, SP, set. 2024)

“Renunciar aos apegos” quer dizer abrir mão de coisas às quais nos apegamos e que não necessariamente servem para nós, e oferecer aos outros sem pedir nada em troca. No âmbito pessoal, significa não ser levado por desejos egoístas, mas, em vez disso, dedicar a vida de todo o coração ao nobre ideal do kosen-rufu. Quando agimos assim, consolidamos nosso verdadeiro eu.

“Refletir sobre si mesmo” é empenhar-se em uma honesta introspecção visando ao autoaprimoramento continuamente. Significa fazer de tudo na vida uma mola propulsora para o crescimento — examinando com honestidade nossos pensamentos e motivações, realizando uma sincera autorreflexão, mudando nossa conduta, caso necessário, e trabalhando para melhorar como pessoa.

Ao nos desafiar nessas sete práticas, começando a partir do que for possível, levaremos nosso potencial a florescer de forma consistente. Podemos estabelecer a Torre de Tesouro em nossa vida e fazê-la irradiar o brilho da boa sorte eterna e imperecível — resplandecendo como “tesouros do cora­ção” (Ibidem, p. 112) que superam o brilho do ouro, da prata e de todos os tipos de pedras preciosas.

Todos, sem exceção, são Torres de Tesouro. Cada pessoa deve brilhar de um jeito só seu. Ao possibilitarmos que as pessoas o façam, criamos um mundo de verdadeiro respeito mútuo em conformidade com o princípio da “cerejeira, ameixeira, pessegueiro e damasqueiro” (cf. OTT, p. 200), um mundo no qual podemos brilhar e iluminar uns aos outros.

Acreditar no seu potencial é o ponto de partida. O budismo é o aliado de cada pessoa; todos podem se tornar um sol da esperança a iluminar o mundo.

Tenha fé em si mesmo

Hoje, continuo abrindo caminhos para o kosen-rufu, sempre conversando com Toda sensei em meu coração. Também estou zelando pelo crescimento de cada um de vocês, meus jovens amigos.

Na Divina Comédia, de Dante Alighieri, o mestre estimula rigoro­samente seu pupilo, que se sentia inseguro por causa dos que os outros estavam dizendo:

Deixe as pessoas falarem! Seja como uma sólida torre, cuja bravura e altivez se mantenham imperturbáveis diante de todos os ventos que sopram.8

É essencial terem fé completamen­te em si mesmos, tornarem-se fortes e sábios e valorizarem-se.

Sigam avante no caminho que escolheram, de modo que não tenham arrependimentos. Esse é o verdadeiro caminho de mestre e discípulo.

Vamos trilhar alegremente o gran­de caminho da esperança e da coragem até o fim!

Vamos sustentar a espada preciosa da Lei Mística do respeito pela vida e pela dignidade humana — para construir um mundo seguro e pacífico e ensejar um novo alvorecer para a humanidade!

(Daibyakurenge, edição de agosto de 2021)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

No topo: “Seja bem-vindo, Ikeda sensei!” Com essas palavras, os membros da Divisão dos Estudantes recepcionam o Mestre com um buquê de flores em fevereiro de 1993 (Buenos Aires, Argentina). Foto: Seikyo Press

Notas:

1. Muitos Tesouros: Buda do passado descrito no capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, oriundo de uma terra chamada Mundo da Pureza dos Tesouros no leste, que jura aparecer com sua Torre de Tesouro para atestar a veracidade do Sutra do Lótus.

2. Myoho-renge-kyo é escrito com cinco ideogramas chineses, ao passo que Nam-myoho-renge-kyo é escrito com sete (nam, ou namu, compreendendo dois ideo­gra­mas). Daishonin muitas vezes emprega Myoho-renge-kyo como sinônimo de Nam-myoho-renge-kyo em seus escritos.

3. “Sete tipos de tesouros”: Também, “sete tesouros” ou “sete tipos de pedras preciosas”. A lista difere conforme as escrituras. No Sutra do Lótus, eles são: ouro, prata, lápis-lazúli, madrepérola, ágata, pérola e cornalina (cf. LSOC, cap. 11, p. 209).

4. Cerimônia no Ar: Uma das três assembleias descritas no Sutra do Lótus, na qual toda a multidão fica suspensa no espaço, acima do mundo saha. Essa cerimônia se estende do capítulo 11, “Surgimento da Torre de Tesouro”, do Sutra do Lótus, ao capítulo 22, “Transferência”, do sutra. A essência dessa cerimônia é o surgimento da Torre de Tesouro da terra, seguido da revelação da iluminação original do Buda [Shakyamuni] no remoto passado e da transferência da essência do sutra para os bodisatvas da terra, liderados pelo bodisat­va Práticas Superiores.

5. Três grupos de ouvintes da voz: Referência aos discípulos ouvintes da voz de Shakyamuni, que receberam a profecia de iluminação no Sutra do Lótus, quando compreenderam a veracidade dos ensinamentos de Shakyamuni por meio dos três ciclos de pregação. Os três ciclos são pregação por meio da doutrina, pregação por meio de parábolas e pregação por meio do esclarecimento da relação passada dos discípulos com Shakyamuni.

6. Cf. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. v. 2. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1986. p. 466.

7. Maha Parinibbana Suttanta. In: Dialogues of the Buddha [Diálogos do Buda], parte 2. Tradução: T. W. e C. A. F. Rhys Davids. Oxford: The Pali Text Society, 1995. p. 108-109.

8. ALIGHIERI, Dante. Purgatory, The Divine Comedy [Purgatório, A Divina Comédia]. v. 2. Tradução: Mark Musa. Nova York: Penguin Books, 1985. p. 49.

Dante Alighieri

Dante Alighieri

Resumo
Estudo — Novembro 2024
Principais tópicos estudados

Reconhecer o valor da sua vida e a do outro

“(...) Devemos despertar para o fato de que a Torre de Tesouro — a nobre condição de vida do estado de buda tão vasta quanto o universo — é inerente à nossa própria vida. Esse é o verdadeiro significado do surgimento da Torre de Tesouro. Também indica enxergar a Torre de Tesouro na vida dos outros.

Fazer isso é compreender no âmbito mais profundo que todas as pessoas possuem uma resplandecente Torre de Tesouro dentro delas, e que são, intrínseca e igualmente, dignas de respeito. Reconhecer essa grande verdade consiste na essência do Sutra do Lótus. O surgimento de pessoas despertas tanto para a própria dignidade como para a dos outros é o desejo acalentado pelo Buda.”

Missão que é só sua

Aqueles que recitam daimoku orando com firmeza e perseverança, no fim, alcançarão uma felicidade inigualável e transmitirão esperança e inspiração para muitos outros. Aqueles que mais sofreram não só se tornam os mais felizes, mas também se tornam pessoas corajosas que ajudam outros a alcançar a felicidade. Se vocês estão sofrendo ou passando por adversidades agora, isso é a prova de que possuem uma grande missão.

Cada um de vocês possui uma importante missão que só vocês podem cumprir. Ao mesmo tempo em que se empenham com firmeza e persistência por essa missão, espero que tirem o máximo proveito de suas qualidades e talentos ímpares, brilhando como as reluzentes Torres de Tesouro que são.

Frases marcantes

“O budismo é a suprema filosofia de respeito pelos seres humanos, o ensinamento de que todas as pessoas são igualmente nobres e preciosas.”

“Jamais precisamos lamentar nossas circunstâncias ou nos sentir menos dignos em comparação com os outros.”

“Se vocês estão sofrendo ou passando por adversidades agora, isso é a prova de que possuem uma grande missão.”

“(...) Construir um eu sólido e inabalável é o que significa viver com base no Nam-myoho-renge-kyo.”

“Acreditar no seu potencial é o ponto de partida.”

“É essencial terem fé completamente em si mesmos, tornarem-se fortes e sábios e valorizarem-se.”

Personalidades e personagens budistas citados

  • Nichiren Daishonin
  • Abutsu-bo
  • Monja leiga Sennichi
  • Tsunesaburo Makiguchi
  • Shakyamuni
  • buda Muitos Tesouros
  • Josei Toda
  • Shariputra
  • Dante Alighieri

Perguntas-guia para as atividades de estudo

“O budismo compara este mundo com uma torrente furiosa. O que se pode fazer para aliviar os sofrimentos das pessoas arremessadas de um lado para outro por essas correntes turbulentas?”

O Buda enfatiza aqui a importância de que cada pessoa estabeleça um sólido eu fazendo da inabalável Lei a sua âncora.

O Budismo Nichiren, ensinamento de que nós próprios somos a Torre de Tesouro, é a sublime filosofia que mostra como fazê-lo.

Toda sensei explicou isso de forma bem simples e acessível: “O espírito fundamental de Nichiren Daishonin é que todos são filhos do Buda, todos são uma Torre de Tesouro. Por essa razão, o Budismo Nichiren pode ser uma autêntica religião mundial capaz de conduzir todas as pessoas à iluminação”.

Quais são os meios concretos para fazer a nossa vida brilhar?

Em linguagem atual, os sete tipos de tesouros podem ser considerados como sete diretrizes para realizar nossa revolução humana.

Examinemos um por um.

“Ouvir o ensinamento correto” significa buscar ativamente aprender sobre o ensinamento da Lei Mística. Exemplifica o espírito de procura com pureza de coração.

“Acreditar nele” indica manter a fé na Lei Mística. (...) Acreditar e praticar a Lei Mística resulta em sabedoria que nos habilita a atingir a iluminação.

“Observar os preceitos” (...) para nós, quer dizer continuar abraçando a Lei Mística junto com a Soka Gakkai durante toda a vida.

“Meditar” consiste em recompor as ideias. (...) . Recitando daimoku ao Gohonzon seja qual for a situação, os membros da Soka Gakkai edificam esse forte estado de espírito, que os capacita a desafiar qualquer adversidade.

“Praticar assiduamente” corresponde a empenhar-se diligentemente na fé e na prática. Significa realizar esforços incansáveis por seus objetivos e avançar sempre.

“Renunciar aos apegos” (...) significa não ser levado por desejos egoístas, mas, em vez disso, dedicar a vida de todo o coração ao nobre ideal do kosen-rufu.

“Refletir sobre si mesmo” é empenhar-se em uma honesta introspecção visando ao autoaprimoramento continuamente.

Compartilhe

Copy to clipboard