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Proposta de Paz

Antídoto contra a discriminação e as desigualdades

Texto elaborado pelo Comitê de Estudo da Proposta de Paz (CEPP)

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COLABORAÇÃO

04/10/2021

Antídoto contra a discriminação e as desigualdades

A pandemia do novo coronavírus não gerou males apenas para a saúde pública. A sociedade também sofreu com a difusão de informações errôneas sobre a doença, as formas de transmissão e suas consequências, o que fomentou a discriminação contra as pessoas infectadas pelo vírus.

O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, aborda essa questão na terceira área temática da Proposta de Paz de 2021. Ele explica que a educação e a consciência sobre os direitos humanos são verdadeiros antídotos contra a discriminação, pois resgatam a consciência da dignidade da vida da própria pessoa e das demais. Em sua visão, isso deve ser parte dos esforços das pessoas para construir uma cultura de direitos humanos na qual não seja negada a dignidade de ninguém.

Dentre as referências literárias mencionadas na Proposta de Paz, está a obra Um Diário do Ano da Peste, de Daniel Defoe. O romance relata os acontecimentos durante a chamada “peste de Londres”, a última epidemia de peste bubônica na Inglaterra no século 17, e narra “a perda da razão e do autocontrole por parte dos cidadãos que estavam sob a influência de retóricas demagógicas que incitavam o medo, a confusão e a insegurança”,1 situação semelhante a qual estamos passando.

Desde os tempos remotos, a história nos mostra repetidos casos de discriminação contra as vítimas de doenças infecciosas. Surtos de medo irracional e desconfiança causaram divisões agudas e perturbações que deixaram profundas cicatrizes na sociedade.

Cinco dias antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a Covid-19 como uma pandemia, no dia 6 de março de 2020, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, fez a seguinte observação sobre os direitos humanos e as doenças contagiosas: “A dignidade e os direitos humanos devem estar à frente e ao centro de tais esforços, e não serem considerados a posteriori”.2

Em setembro de 2020, ao discutir as abordagens indispensáveis para superar a crise da Covid-19, a alta comissária ressaltou: “Testemunhamos as formas pelas quais desigualdades profundamente arraigadas e fissuras nos direitos humanos alimentam esse vírus — aumentando o contágio e acelerando enormemente sua ameaça.”3

Todos, independentemente das diferenças geográficas, ocupacionais, étnicas ou religiosas, estão expostos ao risco da infecção pelo vírus. Apesar do fato de ser claramente um desafio que devemos enfrentar e superar juntos, há uma fragmentação social que exacerba essa ameaça.

Ciente disso, o Dr. Ikeda alerta que “devemos ter cuidado para não permitir que nosso sentimento de desespero claustrofóbico procure vazão em um sentimento de aversão pelos outros. Em vez disso, é vital usar este sentimento para criar empatia pelos outros”.4 Para ilustrar essa afirmação, o autor utiliza a seguinte parábola do buda Shakyamuni: em certa ocasião, Shakyamuni ouve do rei e da rainha de Kosala, um reino antigo da Índia, que cada um deles não estimava ninguém além de si mesmo. Diante disso, Shakyamuni os ensina a amar os outros da mesma forma que amam a si mesmos.

O Sutra do Lótus é tido como uma narrativa que revela a dramática “revitalização da vida humana” e nos ensina a não nos determos às fronteiras da visão egocêntrica dos monarcas de Kosala, permitindo-nos, assim, despertar “continuamente para a própria dignidade preciosa e insubstituível” e “reconhecer o peso e o valor da dignidade dos outros. Em consequência, [as pessoas] mutuamente aprofundam sua determinação para construir um mundo no qual a dignidade tanto de si como dos demais brilhe radiantemente”.5

Com esse mesmo sentimento, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), a SGI vem participando de diversas ações para a promoção da educação em direitos humanos por serem iniciativas essenciais para a construção de uma sociedade inclusiva.

Na conclusão dessa área temática, o Dr. Ikeda escreve:

A educação em direitos humanos pode impulsionar a formação de uma vigorosa solidariedade entre pessoas que, ao compartilharem a consciência da importância da dignidade humana, dedicam-se ao trabalho de reexaminar nosso modo de vida e, assim, transformar a sociedade.6

Com a educação vem a consciência e, com a consciência, vem a noção prática sobre o que ainda precisa ser feito para que a dignidade da vida de cada pessoa seja assegurada. Esse é o primeiro passo para a igualdade. O simples fato de poder ler este artigo não é algo assegurado a todos, já que muitas pessoas não têm acesso à internet. Assim, podemos refletir, a partir dos ensinamentos do Mestre, de que forma podemos agir em nossa realidade para promover ações que façam a diferença na vida de quem nossa vida conseguir alcançar.

Leia mais: Principais ideias da Proposta de Paz  

Notas:

1. Terceira Civilização, ed. 633, maio 2021, p. 23.

2. Ibidem, p. 24.

3. Ibidem, p. 34.

4. Ibidem, p. 27.

5. Ibidem, p. 29.

6. Ibidem, p. 39.

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