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A força de Makiguchi

6 de junho — celebração dos seus 154 anos

Redação

06/06/2025

A força de Makiguchi

Retrato de Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da Soka Gakkai. Foto — www.tmakiguchi.org

Tsunesaburo Makiguchi, primeiro presidente da Soka Gakkai, nasceu em 6 de junho de 1871, na aldeia de Arahama, na atual prefeitura de Niigata, um pequeno porto na costa oeste do Japão. Posteriormente, viveu grande parte de sua juventude em Otaru, Hokkaido, que estava passando por rápida transformação numa cidade modelo no processo de modernização e industrialização do país.

Enquanto trabalhava como ajudante no escritório da polícia local, Makiguchi lia e estudava muito, e conseguiu entrar na Escola Normal de Hokkaido, um centro de treinamento de professores na cidade de Sapporo.

Por ter vivido sérias dificuldades financeiras ao lado da família, experimentou a grande lacuna de oportunidades entre a elite e o povo em geral. Essas experiências exerceram nele forte influência quando estabeleceu sua carreira como educador.

Depois de se qualificar como professor de escola primária, Makiguchi ensinou por alguns anos em Sapporo, e foi membro ativo das associações de professores locais. Depois, em 1900, ele deixou Hokkaido, foi para Tóquio e, em 1903, aos 32 anos, publicou sua primeira grande obra, Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana].

Até ser nomeado diretor de uma escola primária de Tóquio em 1913, o jovem educador sustentou a si mesmo e à sua família por meio da escrita e de uma variedade de empregos na área de ensino. Ele editava periódicos educacionais e estabeleceu um empreendimento promovendo cursos por correspondência para mulheres jovens, que não tinham oportunidades de aprendizado formal. Também ensinou em uma escola para estudantes estrangeiros em Tóquio e desenvolveu livros didáticos para o Ministério da Educação.

Tsunesaburo Makiguchi basea­va sua filosofia educacional naquilo que definiu como “teoria da ‘criação de valor’”. O propósito da vida era a felicidade, que ele definia como o “estado em que a pessoa pode plenamente criar valor”.

O encontro com o Budismo Nichiren

Por volta de 1920, conheceu Josei Toda, também professor, com quem dividiu suas convicções e lutas, tornando-se inseparáveis como mestre e discípulo. Mais tarde, em 1928, ambos foram apresentados ao Budismo de Nichiren Daishonin pelo diretor da Escola Comercial Mejiro. Ao se aprofundarem no estudo e na pesquisa do budismo, encontraram nele a expressão última da filosofia humanística de valor por eles defendida.

Após a sua conversão ao budismo, Makiguchi foi ainda mais perseguido. Mesmo assim, convicto de suas ideias, fundou, em 18 de novembro de 1930, junto com Josei Toda, a Soka Kyoiku Gakkai, literalmente Sociedade Educacional de Criação de Valor, predecessora da atual Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valor). Nessa mesma data, publicou a obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. Tsunesaburo Makiguchi tornou-se presidente da organização, e Josei Toda, diretor-geral e, mais tarde, seu segundo presidente.

Em 18 de novembro de 1944, após dezessete meses de confinamento, Makiguchi faleceu aos 73 anos devido à desnutrição e aos maus-tratos na prisão. Seus ideais para a educação, a cultura e a paz foram legados a Josei Toda que, libertado em 3 de julho de 1945, assumiu a tarefa de reconstrução da organização em meio aos escombros da guerra.

Com a dedicação de Josei Toda, que mais tarde mudou o nome da organização para Soka Gakkai, junto com Daisaku Ikeda, que se tornou seu discípulo em 1947 e abraçou seus ideais e de Makiguchi, a organização cresceu e as ideias do primeiro presidente vêm sendo difundidas em 192 países e territórios.

Ikeda sensei, certa ocasião, fez o seguinte comentário sobre Makiguchi sensei:

Tsunesaburo Makiguchi começou a praticar o Budismo Nichiren aos 57 anos, em 1928, ano em que nasci. Ele não era de modo algum um homem jovem. Em relação à expectativa média de vida na época, seria considerado idoso. Ele iniciou a prática do Budismo Nichiren no capítulo final de sua existência, e mesmo assim registrou feitos imortais na história do kosen-rufu. Nos derradeiros anos de sua vida, engajou-se numa luta incessante contra as autoridades militaristas do Japão e morreu nobremente na prisão em defesa de suas crenças. Makiguchi sensei emprega a expressão “uma alegria indescritível”. Ao adotar o modo de vida fundamental do Budismo Nichiren, transformou completamente a maneira como vivera até então, e percebeu-se capaz de empreender ações na sociedade com total liberdade e energia. Suas palavras nos transmitem a intensidade do entusiasmo dele em afirmar que nada poderia se comparar à alegria dessa experiência. (...) Por essa razão, Makiguchi ensinou que não devemos permitir que algo destrua nossa alegria, nem permitir que alguém destrua nossa fé e prática budistas, a fonte de nosso alegre espírito e modo de vida. Já que é para viver, viva com convicção e coragem, dedicando-se a um propósito grandioso! — esse era o espírito do fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi.1


Em outro incentivo, Ikeda sensei compartilha trecho do escrito que Makiguchi sensei utilizava


Na sala de homenagens dentro do Auditório Memorial Makiguchi está exposto o exemplar do Gosho utilizado por Makiguchi sensei. Em diversas partes, há marcas de suas pesquisas tal como espadachim.
Na página de Abertura dos Olhos, a frase “Farei aqui um grande juramento”2, está grifada com dois traços e na lateral está escrito com letras grandes “grande juramento”.
O coração de seigan é o coração do praticante do Sutra do Lótus, o espírito do Budismo Nichiren e a essência do budismo. (...) Na Abertura dos Olhos também consta: “Todos os outros sofrimentos nada mais são para mim que poeira lançada ao vento”3.
Tal como essa frase, o correto juramento contém a força inabalável que propicia grande convicção e alegria a vida.



Como era Makiguchi sensei por Ikeda sensei

Trechos do ensaio do presidente Ikeda intitulado Tsunesaburo Makiguchi, o Fundador da Soka Gakkai, da série “Reflexões sobre a Nova Revolução Humana”, traduzido da edição de 3 de junho de 1998 do Seikyo Shimbun e publicado no Brasil Seikyo, ed. 2.565, 22 maio 2021, p. 06-07.


✅ Seriedade, franqueza, rigorosidade e integridade. Estas são as palavras que me vêm à mente sempre que vejo uma fotografia de Tsunesaburo Makiguchi, pai do movimento Soka e primeiro presidente da Soka Gakkai. Eu sempre noto o brilho penetrante de seus olhos.

✅ Ele era um mestre rigoroso com seus discípulos, e ainda mais rigoroso consigo próprio.

✅ Mesmo depois de aprisionado, Makiguchi sensei continuou a bradar seus ideais convictamente.

✅ Falou a seu carcereiro sobre a grandiosidade do Budismo de Nichiren Daishonin e o convenceu a abraçar a fé no Gohonzon. Ele jamais cedeu em suas convicções ou demonstrou o mínimo de medo.

✅ Apesar de toda a sua rigorosidade e rígida autodisciplina, Makiguchi sensei era extremamente afável e gentil.

✅ Quando era diretor da Escola Primária de Mikasa, em Tóquio, chegava a pagar de seu próprio bolso os lanches para os estudantes demasiadamente pobres. Conhecia perfeitamente a situação de cada aluno e tratava de ajudar a todos. Era um professor carinhoso e solícito.

✅ A vida de Makiguchi sensei fundamentou-se na crença de que não fazer o bem é o mesmo que fazer o mal. Ele viveu de forma digna e a serviço da humanidade.



Publicações em diferentes idiomas da obra Educação para uma Vida Criativa, também de autoria de Makiguchi


Publicações em diferentes idiomas da obra Educação para uma Vida Criativa, de autoria de Makiguchi


Saiba mais


Na Terceira Civilização, ed. 527, de julho de 2012, numa série de matérias especiais da revista Daibyakurengue de 2005 sobre a prisão dos três mestres, várias pessoas próximas ao presidente Makiguchi relatam os fatos diante de sua injusta detenção pelo governo militar japonês. Leia na Terceira Civilização episódios marcantes.


Entenda como começou o interesse de Makiguchi sensei pelo budismo de Nichiren Daishonin. Escute aqui .

Notas:

1. Brasil Seikyo, ed. 2.393, 28 out. 2017, p. B2.

2. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 293,2020.

3. Ibidem.

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