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há 9 horas
Ondas de Mudança da Época rumo ao Século Sem Guerras
Declaração do presidente Minoru Harada
Minoru Harada
06/08/2025

Este ano [2025] marca os oitenta anos do fim da Segunda Guerra Mundial, uma guerra que ceifou mais de 60 milhões de vidas à medida que se alastrava envolvendo povos de muitos países. Diz-se que o número de vítimas ultrapassou 3% da população mundial da época, da qual a maioria era de civis, incluindo mulheres e crianças.
Gostaria de expressar meus sentimentos de condolências às pessoas de todos os países que perderam sua preciosa vida na Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, como budista, ofereço minhas sinceras orações em memória delas.
Além disso, como japonês, refletindo sobre a história que trouxe imensos danos e sofrimentos aos países da Ásia e do Pacífico, quero reiterar meu firme juramento de continuar trabalhando para construir a paz não somente da região da Ásia-Pacífico, mas também do mundo inteiro.
O poema de longa extensão do dia 15 de agosto
Às vésperas de 15 de agosto, “Dia do Término da Guerra” para o Japão, recordo-me das palavras redigidas pelo terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda, no poema de longa extensão intitulado 15 de Agosto, o Dia do Alvorecer.
Arrastado pela guerra em sua adolescência, Ikeda senseiperdeu o irmão e teve sua casa destruída por duas vezes. Então, no verão do ano que abriu o século 21 (agosto de 2001), ele registrou, como testemunho histórico, sua trágica experiência durante a guerra na forma de poema, por meio do qual clamou:
Meu lar foi absurdamente arruinado, e
minha família foi mergulhada nas
profundezas da miséria.
Ou melhor,
inúmeras pessoas derramaram lágrimas
de infelicidade, do inferno e de lamentação.
Quando chega o dia 15 de agosto,
arde meu sentimento de raiva.
E, em seu longo poema, Ikeda sensei declarou que o angustiante sofrimento vivido pelas pessoas havia se espalhado por “todos os cantos do mundo” e “os líderes jamais deveriam se esquecer dos sofrimentos dos povos do mundo todo”.
A origem do movimento pela paz da nossa Soka Gakkai remonta à luta na prisão do primeiro presidente da organização, Tsunesaburo Makiguchi, e do segundo presidente, Josei Toda, encarcerados em julho de 1943 devido à repressão do governo militarista por perseverarem na defesa da paz e do humanismo com base na filosofia de “dignidade da vida” do Budismo de Nichiren Daishonin.
Eu, que nasci um mês antes da entrada do Japão na Guerra do Pacífico (novembro de 1941), jamais poderei me esquecer das minhas experiências na guerra. Nasci em Asakusabahi, na parte baixa da cidade de Tóquio, e quando tinha 3 anos, sofri com o grande ataque aéreo de Tóquio, o qual vitimou cerca de 100 mil pessoas.
O horror de fugir correndo pelos arredores, protegido pela minha mãe, enquanto as chamas se espalhavam por toda a área após o lançamento de grandes quantidades de bombas incendiárias na madrugada de 10 de março de 1945, permanece gravado em meu coração até hoje.
Apelo para o mais breve fim dos conflitos
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, um cenário pior, como a Terceira Guerra Mundial, vem sendo evitado com dificuldades. Porém, os horrores da guerra vieram se repetindo diversas vezes. Ainda hoje, conflitos e confrontos armados continuam em várias partes do mundo, incluindo as situações trágicas na Ucrânia e na Faixa de Gaza, no Oriente Médio, e há sérias preocupações com o aumento de vítimas civis e com o agravamento das condições humanitárias. Independentemente da nacionalidade ou da etnia, a tristeza de perder um ente querido ou um familiar é a mesma. Esse fato foi sentido por muitas pessoas não somente nas tragédias que atingiram vários países durante a Segunda Guerra Mundial, mas também na recente pandemia da Covid-19, embora fossem em dimensões distintas.
Meu coração sente imensa dor quando penso nas pessoas que perderam a vida, atingidas pelas chamas da guerra, e em seus familiares. Os conflitos entre Israel e Irã que eclodiram em junho, chocando o mundo, chegaram ao fim sem se ampliarem. Em relação às circunstâncias envolvendo a Ucrânia e a Faixa de Gaza, onde os conflitos se arrastam, espero sinceramente que, por meio do diálogo persistente e dos esforços diplomáticos, incluindo os países envolvidos, seja aberto quanto antes o caminho para o cessar-fogo genuíno e o fim das hostilidades.
No preâmbulo da Carta das Nações Unidas, entidade criada em 1945 com base nas reflexões sobre as duas grandes guerras mundiais, consta o seguinte tipo de compromisso: “Preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra que, por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade”.
Entretanto, quantos países conseguiram permanecer sem ser tocados pelo “flagelo da guerra” ao longo dos últimos oitenta anos? Nesse sentido, é inevitável dizer que a construção de um mundo pacífico, previsto na Carta das Nações Unidas, ainda está somente na metade do caminho.
Amizade com países vizinhos
Relembrando o passado, foi em dezembro de 1964 que começava a intensificar a Guerra do Vietnã, conflito posterior à Segunda Guerra Mundial que trouxe uma quantidade extremamente alta de vítimas. Eu era repórter do Seikyo Shimbun quando Ikeda sensei me entregou um manuscrito. Era referente às treze primeiras partes do romance Revolução Humana.
“Não há ato mais bárbaro do que a guerra! Não existe um fato mais trágico do que a guerra!”.1
Quando li as palavras que Ikeda sensei escreveu na abertura do romance, em Okinawa, local que se tornou o “mais feroz campo de batalha terrestre da guerra” no Japão, fiquei profundamente tocado pela sua forte indignação em relação à guerra.
Na publicação em série da obra no jornal, que começou a partir do ano-novo de 1965, eu me envolvi em diversas tarefas, tais como a de facilitar a relação com o ilustrador. Todos os dias, não conseguia deixar de sentir nas entrelinhas do romance, a profunda determinação de Ikeda sensei “para construir, sem falta, a indestrutível solidariedade entre os povos, visando abrir o caminho do mundo sem guerras”. Fui responsável por esse trabalho até o terceiro volume, mas lembro-me vividamente das seguintes palavras registradas em um ensaio de Ikeda sensei para uma revista, em abril de 1969, pouco antes de começar o capítulo “A Guerra e o Tratado de Paz” do volume 5: “Entre muitas fotos que vi em reportagens sobre o atoleiro da Guerra do Vietnã, nenhuma foi mais trágica e comovente do que a imagem de uma mãe e seu filho fugindo dos tiros”; “Se não tivesse a guerra, provavelmente eles estariam vivendo dias felizes. Então, por qual razão, com que objetivo, eles estão tentando usurpar essa felicidade?”.
A imagem da mãe e do filho na fotografia era exatamente a mesma das cenas à minha volta que eu havia vivenciado durante a guerra.
Na época, Ikeda sensei vinha propondo o imediato cessar-fogo da Guerra do Vietnã e a concretização da paz. Por meio de suas propostas, ele não somente pedia uma solução mediante esforços diplomáticos da perspectiva da política internacional, mas também, como ser humano, dedicava atenção ao “sofrimento das pessoas sob a guerra” e apelava incansavelmente pelo fim da tragédia.
Ikeda sensei visitou vários países em que o Japão infligiu sofrimentos a muitas pessoas ao longo da guerra e ofereceu orações em memória das vítimas. Em 1961, ano seguinte à sua posse como terceiro presidente, ele visitou a Birmânia (atual Mianmar), Tailândia, Camboja e Índia, além da China, Coreia do Sul, Filipinas, Singapura, Malásia e Austrália, empenhando-se de corpo e alma para estreitar a amizade com esses países.
Em adição a esses países, enquanto realizava diálogos com intelectuais do Vietnã, da Indonésia e de diversos países da região do Pacífico, ele aceitava sinceramente o sentimento deles em relação à tragédia causada pelo Japão e se esforçou para registrar cada palavra dita como um testemunho da história em artigos no Seikyo Shimbun e em obras consolidando os diálogos. Eu próprio tive a oportunidade de estar presente em muitos desses diálogos.
Na primeira visita de Ikeda sensei à China (maio a junho de 1974), eu também o acompanhei. Como secretário responsável pela comitiva de visita à China, participei dos preparativos, e Ikeda sensei me ensinou sobre a crença de que sem criar a amizade com os países vizinhos, sem nos esquecer do doloroso arrependimento pela história passada, não seremos capazes de abrir o caminho para a paz do mundo.
Com essa crença no coração, Ikeda sensei dirigiu-se a Pequim após uma escala em Hong Kong. Na visita de cortesia à Associação da Amizade Sino-Japonesa, ele propôs um plano para promover o intercâmbio entre jovens e mulheres. Quando se encontrou com o primeiro-ministro Zhou Enlai durante a sua segunda visita à China (dezembro do mesmo ano), o primeiro-ministro, que já estava enfermo, também expressou seu forte desejo de construir uma amizade que perdurasse geração após geração: “O presidente Ikeda tem proposto repetidas vezes a necessidade de fazer de tudo para desenvolver a relação de amizade entre os povos da China e do Japão. Esse fato me traz imensa alegria”.
Essas duas visitas à China deram origem aos intercâmbios dos jovens, bem como aos intercâmbios culturais e educacionais entre os dois países que continuam até hoje.
Observância do direito internacional humanitário
“Quero eliminar a tragédia da guerra da face da Terra, e construir um mundo em que pessoas de todos os países possam viver em paz.” Essa convicção de Ikeda sensei foi herdada de Toda sensei, conforme ele destaca no romance Revolução Humana.
A maioria das 50 mil pessoas reunidas era jovem, mas, olhando em volta, havia pessoas de todas as idades, inclusive mães com filhos pequenos. Nesse ambiente, Toda sensei declarou que, para proteger o “direito à vida dos povos do mundo”, jamais deveria ser tolerado o uso de armas nucleares, seja qual fosse o motivo.
Depois disso, com o passar dos anos, sempre que releio essa declaração, o que me vêm à mente é o pensamento a seguir:
As tragédias causadas pelas armas nucleares em Hiroshima e em Nagasaki jamais devem se repetir em nenhum lugar da face da Terra. A missão social da Soka Gakkai é agir consistentemente para construir um "mundo sem armas nucleares".
Em contraste, não posso deixar de me preocupar com a realidade do mundo atual, em que, junto com os conflitos e as guerras civis, a ameaça das armas nucleares está novamente em ascensão e se amplia gradualmente a ameaça à “dignidade da vida” de cada pessoa.
Considerando os enormes danos causados pela Segunda Guerra Mundial, o direito internacional humanitário foi desenvolvido no cenário de forte consciência comum sobre como proteger os civis em uma guerra. Na Proposta de Paz de 2019, referindo-se ao processo que levou à adoção das Convenções de Genebra, o núcleo do direito internacional humanitário, Ikeda senseienfatizou:
As convenções — que forneceram as bases para o subsequente direito internacional humanitário — manifestavam sua determinação precisamente porque a crueldade e a tragédia da guerra foram sentidas pelos participantes nas sessões de negociação. Sem revisitarmos as origens das Convenções de Genebra, permaneceremos atolados em argumentos que justificam como aceitável qualquer ação desde que não viole explicitamente o que consta na lei. É crucial ter isso em mente.2
Lamentavelmente, nos conflitos atuais, têm ocorrido com frequência situações em que se levantam vozes de preocupação por “violarem o texto das disposições do direito internacional humanitário”.
Mesmo que seja difícil eliminar todas as guerras do mundo em curto prazo, devemos nos lembrar do significado histórico do espírito com que as Convenções de Genebra começaram, visando à busca pelo estabelecimento de zonas seguras para proteger crianças, mulheres, idosos e doentes. E o 80º aniversário do término da guerra não seria a oportunidade para reafirmar nosso compromisso de observância ao direito internacional humanitário?
Em maio do ano passado [2024], ao receber o 50º aniversário da primeira visita de Ikeda sensei à China, a “Comitiva da Soka Gakkai de Visita à China”, tendo o presidente Harada como responsável-geral pela comitiva, participa do Intercâmbio dos Jovens para a Amizade Sino-Japonesa, realizado na Universidade de Pequim. Após o término, os membros jovens da comitiva posam para foto comemorativa junto com os estudantes das Universidades de Pequim, da República Popular da China e de Estudos Estrangeiros de Pequim
A promessa de acabar com a miséria
O que desejamos defender veementemente é a importância de fortalecer, por meio da solidariedade dos povos, o “quebra-mar para a não guerra” a fim de que as divisões e os conflitos não cheguem à situação de confrontos militares generalizados. Foi exatamente esse ponto que Ikeda senseienfatizou repetidas vezes em suas quarenta Propostas de Paz apresentadas entre 1983 e 2022.
Em sua segunda Proposta de Paz (1984), ele enfatizou a importância de “Aprofundar e ampliar a correnteza das vontades do ‘mundo sem guerras’, paralelamente aos esforços em direção ao desarmamento”. Na época, as duas tendências — o “crescente impulso pelo desarmamento” no âmbito da política internacional e os “crescentes apelos pela paz” no nível popular de cada país — uniram-se para criar rapidamente um movimento em direção ao fim da Guerra Fria.
No mundo de hoje, em que o uso de forças militares envolvendo a população civil vem se tornando uma prática comum, não seriam essas duas tendências que precisam ser impulsionadas mais uma vez?
Em 2015, quando se completaram setenta anos do término da Segunda Guerra Mundial, Ikeda sensei fez uma proposta memorável à Divisão dos Jovens da Soka Gakkai sobre a importância desta “não guerra”. Ele propôs a mudança da denominação da “Conferência de Cúpula pela Paz das Três Províncias”, uma conferência dos jovens em prol da paz, que vinha sendo realizada de forma contínua pela Divisão dos Jovens de Hiroshima, Nagasaki e Okinawa, para “Conferência de Cúpula dos Jovens pela Não Guerra”.
Por que adotar deliberadamente a expressão “não guerra” em vez de “paz”?
Na Proposta de Paz publicada em janeiro daquele mesmo ano, Ikeda sensei deixou registradas palavras que pareciam revelar a verdadeira intenção:
Não há quem ache aceitável a violência ou a opressão por simples preconceito contra ele ou sua família. Mas quando contra outras etnias ou populações, não é incomum pessoas considerarem justificável por algum defeito ou falha atribuído às vítimas. Para evitar essas situações agravantes, o primeiro passo é encontrar um meio de colocar um frente ao outro, livre desse desvio psicológico coletivo. (...) Esta falta de consciência, particularmente em tempo de tensões, pode desvirtuar a nossa própria ideia sobre paz e até ameaçar a vida e a dignidade das pessoas.3
De outro modo, no mundo atual, o termo “paz” se desviou do seu significado original e não raramente é usado como pretexto para justificar a agressão e a violência. Em vez disso, o cerne do que Ikeda senseidefendia era o da necessidade de fortalecer ainda mais o desejo pela paz, a partir do compromisso claro da “não guerra”, mantendo como espinha dorsal a convicção de que “os horrores causados pela guerra jamais deveriam ser vivenciados por ninguém na face da Terra”.
E, ainda mais agora que a ameaça das armas nucleares parece ter se tornado algo normal, não posso deixar de pensar que é imperativo elevar a opinião pública internacional pedindo o não uso de armas nucleares e, daí em diante, criar uma forte correnteza em direção à “proibição e eliminação das armas nucleares”, e a humanidade trilhar em conjunto pelo caminho rumo ao “século sem guerras”.
Promovendo três desafios
Nós, da Soka Gakkai, declaramos que continuaremos a dedicar nossos melhores esforços aos três desafios a seguir para avançar na construção do “século sem guerras” pelas mãos do povo.
O primeiro pilar é o “intercâmbio de jovens”.
Se são os seres humanos que provocam as guerras, da mesma forma são eles que previnem os conflitos e as divisões, bem como as guerras. Por isso, é importante construir uma sociedade que não seja arrastada pela psicologia coletiva e pela incitação à violência.
Nós viemos promovendo intercâmbios no âmbito do povo com os países da Ásia, incluindo os vizinhos como a China e a Coreia do Sul, em especial os intercâmbios entre jovens. Acreditamos que as amizades formadas entre os jovens que liderarão a próxima geração são a base do melhor “quebra-mar para a não guerra”. Nosso pensamento é de que o ato de aumentar a diversidade das gerações com a experiência desses intercâmbios levará à criação de uma sociedade que desencoraja a guerra com outros países.
O segundo pilar é o “diálogo inter-religioso”.
Olhando para a história da humanidade, infelizmente, não se pode negar que as diferenças religiosas têm sido, com frequência, a causa de graves divisões. No entanto, também é verdade que muitas religiões têm servido como apoio espiritual para as pessoas que buscam a paz e a dignidade. Considerando essas duas facetas, existe uma busca por ações dos religiosos para construir um mundo melhor. E é essencial ampliar o diálogo que aprofunde a compreensão mútua a fim de evitar a repetição dos erros da divisão.
Em maio do ano passado [2024], eu também me encontrei com o então papa Francisco da Igreja Católica Romana e conversamos sobre a forte demanda para concretizar “um mundo sem guerras e sem armas nucleares”.
Além disso, em junho deste ano [2025], troquei ideias com o Dr. Abdelaziz Berghout, diretor do Instituto Internacional do Pensamento e Civilização Islâmicos da Universidade Islâmica Internacional da Malásia, sobre as filosofias de paz no budismo e no islamismo.
E, ainda, a Soka Gakkai e a SGI vêm promovendo diálogos com diversas Faith-based Organizations (FBO) [Organizações Baseadas na Fé] em conferências relacionadas às atividades da ONU, e emitindo diversas declarações conjuntas como religiosos.
Daqui para a frente também, estamos decididos a continuar engajados ativamente nesses diálogos inter-religiosos.
O terceiro pilar é o de expandir o círculo de “solidariedade global entre os povos” que age em conjunto com o objetivo de resolver questões globais.
O ato de agir em conjunto visando ao objetivo comum é a melhor base para construir relacionamentos de confiança que transcendem as diferenças nacionais e étnicas.
Nós, da Soka Gakkai e da SGI, viemos sentindo isso fortemente ao promovermos atividades em torno das questões globais, tais como a dos direitos humanos e a das mudanças climáticas, em apoio às iniciativas das Nações Unidas.
Agora é o momento em que é necessária a mudança na comunidade internacional, de uma “época em que os países fazem crescer a desconfiança mútua e fortalecem seu poderio militar” para uma “época de cooperação mútua para eliminar ameaças e desafios comuns da humanidade”. À medida em que acumulamos esforços nessa direção, certamente surgirá, de forma natural, o caminho para o “século sem guerras” diante dos nossos olhos.
Certa vez, Ikeda sensei fez o seguinte apelo, citando palavras de Shakyamuni:
“Compare-se aos outros e não mate, e nem permita que outros matem”.4 Quando “nos comparamos aos outros”, nós, como seres humanos iguais, temos um diapasão espiritual chamado “introspecção” que nos permite simpatizar com o sofrimento alheio, e uma ponte denominada “diálogo” que pode ser construída com qualquer pessoa, em qualquer lugar. E temos uma enxada e um arado chamados “amizade” que possibilitam arar qualquer terreno devastado.
Com base nesse espírito, neste marco dos oitenta anos do término da Segunda Guerra Mundial, reafirmamos nossa forte decisão de continuar atuando com os membros de 192 países e territórios para construir o “século sem guerras” em que todas as pessoas possam viver em paz com dignidade.
Notas:
1. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 21.
2. Terceira Civilização, ed. 609, maio 2019.
3. Idem, ed. 561, maio 2015.
4. Buddha no Shinri no Kotoba — Kanko no Kotoba [Palavras de Verdade do Buda, Palavras de Inspiração]. Tradução: Hajime Nakamura. Editora Iwanami Shoten.
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