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há 2 meses
Encontrei a minha missão
Redação
17/09/2025

Cada um de vocês possui uma importante e magnífica missão. Desejo que tenham esperança e sejam inspirados a viver ao máximo, sem arrependimentos.1
Esse incentivo do presidente Ikeda me norteou nos momentos mais dificeis da minha vida. Eu me chamo Giovanna de Oliveira Thomaz, tenho 23 anos e atuo como líder de comunidade da Juventude Soka. Nasci num lar budista e, junto com meus pais e minha irmã, vivíamos muito bem, até que, em 2014, aos 12 anos, comecei a ter pensamentos suicidas que me assustavam e, num impulso para aliviar a dor, recorri à automutilação.
Nessa mesma fase, passei a ter distorção de imagem: o espelho refletia uma Giovanna que não se encaixava em nada, o que me levou a desenvolver bulimia. Como não fazia questão de me alimentar, a perda de apetite se tornou comum. Convivi com esse sofrimento por dois anos, quando, no final de 2016, um parente faleceu devido à depressão. Minha família mergulhou em uma dor intensa e eu me vi cada vez mais perdida.
Em 2017, se já não bastasse a dor do luto e o que eu já enfrentava, ainda tinham as questões típicas do ensino médio e da exigente escola de música que frequentava. Nesse período, meu corpo começou a dar indícios que estava adoecendo e tosses violentas que me deixavam sem ar apareceram repentinamente.
Depois de passar por vários médicos e fazer uma bateria de exames, recebi o diagnóstico de refluxo, consequência direta do estresse e da má alimentação. Após dar início a um tratamento intensivo, fechei as portas para a maioria dos efeitos colaterais do transtorno alimentar, porém, a depressão, a ansiedade e a insônia continuavam me consumindo diariamente.
Somente em 2018, reconheci que precisava buscar ajuda. Sabia que, primeiro, deveria conversar com meus pais, mas os anos de silêncio me paralisaram. Foi aí que decidi procurar uma psicóloga. Minha família já suspeitava que algo grave estava acontecendo, afinal, eu, que nunca havia me dedicado à prática da fé, me agarrei ao Gohonzon de forma consistente.
Durante as férias escolares, fui a um centro psicossocial acompanhada de uma amiga. Lá, os especialistas informaram que o tratamento exigia a autorização dos pais. Após receber essa informação, fiquei desesperada, pois isso significava que teria que enfrentar meu maior medo: a conversa que vinha evitando há anos.
Neste momento, minha mãe estava no Japão, em viagem programada. Quando contei ao meu pai sobre ter buscado ajuda psicológica, tudo o que eu temia se materializou na reação dele, mas, com diálogo, os pontos foram esclarecidos e então soube que meu pai também já tinha sentido a mesma dor. Nesse momento, assumimos o compromisso de resolvermos juntos minha questão assim que minha mãe retornasse do Japão.
Iniciei a terapia em julho de 2018 com a expectativa de receber um diagnóstico claro. Após quatro meses, descobri que, além de transtorno de ansiedade generalizada, a depressão estava em um grau severo. A psicóloga, que até então acreditava ser possível tratar de mim apenas com terapia, me encaminhou urgentemente ao psiquiatra.
Em dezembro do mesmo ano, comecei o tratamento com medicamentos. Os efeitos colaterais foram imediatos e intensos: náuseas, reflexos lentos e enjoos. Mas, apesar dos desconfortos físicos, a medicação cumpriu seu papel: minha mente finalmente alcançou a estabilidade. Os picos de humor desapareceram, as crises de ansiedade cessaram e os pensamentos suicidas se foram. Porém, essa estabilidade veio com um preço: uma apatia profunda. Nada mais tinha importância e as emoções pareciam distantes.
Nesse contexto, por um descuido profissional, fiquei sem a medicação num determinado mês. Logo os sintomas voltaram e eram fortes o suficiente para me deixar na cama por dias. Depois desse episódio, voltei com a medicação e, assim que estabilizei, o psiquiatra sugeriu interromper o tratamento.
Aquele era o meu maior objetivo, mas sem os medicamentos, passei a ter crises intensas, tomar decisões impulsivas e as emoções ficaram à flor da pele. A psicóloga me explicou que, além da abstinência física, eu estava enfrentando uma abstinência psicológica. Senti a necessidade de me impor sobre aquele vaievém de incertezas, afinal, minha depressão era genética, ou seja, se eu não aprendesse a conviver com ela, jamais viveria minha vida de verdade.
Nesse momento, um incentivo de Ikeda sensei me fez redirecionar minha vida para um propósito maior:
Ninguém consegue escapar dos quatro sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte. Nesse sentido, nossa vida é uma constante batalha contra a doença. Por isso, jamais devemos temê-la e muito menos negligenciá-la. Podemos usar as dificuldades da doença como combustível para abastecer e fortalecer nossa fé, desenvolvendo uma condição de vida mais profunda. Com base na Lei Mística e na dimensão da eternidade, a batalha contra a doença é a provação que permite atingir a felicidade e a vitória.
A verdadeira saúde significa ter uma atitude positiva sobre a vida e um forte caráter que não é abalado por nada. Cada um de vocês possui uma importante e magnífica missão. Desejo que tenham esperança e sejam inspirados a viver ao máximo, sem arrependimentos.2
Nos dois primeiros meses sem medicação, cada dia foi uma batalha. O que me ajudou foi lembrar que sou discípula Ikeda, possuo uma família e amigos que me amam e que atuo no grupo Asas da Paz Kotekitai do Brasil. Não tenho razões para não vencer.
Hoje, entendo que a doença veio para testar minha fé. Precisei de 16 anos para entender que minha vida precisava de uma prática da fé firme e corajosa.
Digo com o coração mais tranquilo possível que, para uma jovem que acreditava fortemente que não passaria dos 18 anos, é um alívio perceber que quero me manter viva. Jamais desacreditem da força do Gohonzon e, principalmente, não esqueçam da força que existe dentro de vocês. Sou grata por todo o apoio recebido e, convictamente, digo que venci minha pior batalha. A batalha contra mim mesma.
Giovanna de Oliveira Thomaz, líder da Juventude Soka da Comunidade Vila Clara, RM Campestre, CNSP.
Giovanna com familiares
Com os membros da localidade
Em reunião da Juventude Soka
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CVV - Centro de Valorização da Vida (188)
NOS - Núcleo de Orientação Social da BSGI - (11) 3274-1800
Notas:
1. Brasil Seikyo, ed. 2.147, 15 set. 2012, p. B2.
2. Ibidem.
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