Quando a dificuldade leva à transformação

Afirmar que o ano de 2020 abalou as finanças de grande parte dos brasileiros não é novidade. Por outro lado, a pesquisa chamada O Bolso do Brasileiro¹ revela que, ao enfrentar esta dificuldade, parte das pessoas se tornou mais consciente sobre suas finanças e sobre o que precisa aprender a fim de enfrentar o momento e saber lidar com dificuldades semelhantes no futuro.

O levantamento teve abrangência nacional, foi realizado em outubro de 2020 e revelou que:

- Sete em cada dez entrevistados passaram pela experiência de ver as contas não fecharem nos últimos 12 meses.

- Para 58% dos brasileiros, a atual situação financeira impediu a realização de projetos importantes.

- Diante disso, 90% deles gostariam de saber como investir, planejar recursos para o futuro e organizar receitas e despesas.

A pesquisa também revelou que 41% dos entrevistados passaram a pesquisar mais sobre finanças e oito em cada dez afirmaram já saber sobre o que desejam aprender — pagamento de dívidas e formação de uma reserva para enfrentar emergências foram os temas mais citados. Por outro lado, 63% dos entrevistados consideram ter, no máximo, conhecimentos básicos sobre o assunto. Ou seja, a maioria revela ter consciência de que não sabe o suficiente, mas menos da metade deles está realmente em busca desse conhecimento.

São várias as razões para esse comportamento, entre eles, a falta de tempo e o conformismo de que nada pode ser feito para mudar a situação. No entanto, a partir da prática do Budismo Nichiren e das orientações do Mestre, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, conscientizamo-nos de que somos capazes de ressignificar e transformar até os momentos de maior dificuldade. O presidente Ikeda afirma:

Dificuldades são inevitáveis. Nossa prática do Budismo Nichiren nos fornece o empoderamento para construir um forte eu capaz de encarar com bravura as provações, possibilitando-nos desafiar todas as situações com espírito positivo e enxergando-as como oportunidades de crescimento. Aqueles que possuem este espírito de luta vencem no final.²

De forma semelhante, em um de seus escritos, o buda Nichiren Daishonin (1222-1282) orienta a um discípulo que, diante das dificuldades, “empregue a estratégia do Sutra do Lótus antes de qualquer outra”,³ a qual pode ser aplicada em nossa vida por meio de três atitudes básicas:⁴

“Prudência” é a primeira delas, ou seja, a atitude sempre alerta, cautelosa, a capacidade de perceber o que se passa ao redor e a disposição de jamais esmorecer nos esforços. A segunda é a “coragem”, isto é, a atitude destemida de enfrentar uma crise sem perder a calma e com sabedoria, que deriva dessa coragem. A terceira razão corresponde à “firme fé no Sutra de Lótus” ou à tenaz determinação de manter uma fé incondicional na Lei Mística, mesmo nas circunstâncias mais desalentadoras. Essa é a base de tudo, pois, em última análise, a prudência e a coragem derivam da fé.

Que possamos nos levantar, mesmo diante de um cenário adverso, dispostos a aprender com as dificuldades e colocar diariamente em prática a “estratégia do Sutra do Lótus” em forma de prudência, coragem e firme fé. Certamente, não só transformaremos cada aspecto de nossa vida como ajudaremos as pessoas que estão passando por situações semelhantes.

Notas:

1. VALOR. Pandemia leva brasileiro a pensar mais nas finanças. Disponível em: https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/11/23/pandemia-leva-brasileiro-a-pensar-mais-nas-financas.ghtml. Acesso em: 25 nov. 2020.

2. Brasil Seikyo, ed. 2.301, 28 nov. 2015, p. B2.

3. CEND, v. II, p. 267.

4. Terceira Civilização, ed. 490, jun. 2009, p. 52.