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Reflexões Sobre a NRH
há 23 anos

Profundos laços com Kanagawa em julho

01/12/2001

Profundos laços com Kanagawa em julho

“Se quisermos atingir resultados extraordinários, devemos nos esforçar muito. Quando todos agem com essa disposição, um grande êxito pode ser obtido.”2 Li esse trecho há muitos anos, e ainda hoje ele ressoa fortemente em meu coração. São palavras do Dr. Sun Yat-sen, um dos precursores da revolução do povo chinês, que fez de Yokohama [na Província de Kanagawa, Japão] uma importante base para suas atividades. 

O Dr. Sun também disse: “Para atingir o que queremos, devemos tomar a iniciativa e não nos prendermos aos outros.”3 

Três de julho é uma data inesquecível para todos nós, membros da Soka Gakkai. É o dia em que o segundo presidente Jossei Toda foi libertado da prisão [em 1945], e também o dia em que eu, seu discípulo, tive o privilégio de ir para o cárcere em defesa do budismo [em 1957]. Com o passar dos anos, tornou-se uma tradição no mês de julho darmos um vigoroso impulso para o avanço do Kossen-rufu, nossa sincera luta pela verdade e justiça. Nossos renovados dinâmicos esforços em prol dessa causa também fizeram de julho um mês em que o nobre espírito de unicidade de mestre e discípulo brilhe ainda mais intensamente. 

O dia 3 de maio de 1979 — pouco depois de ter renunciado à presidência da Soka Gakkai — amanheceu brilhante e ensolarado. No entanto, a reunião comemorativa realizada naquele dia no ginásio da Universidade Soka com a participação do então sumo prelado, foi sombria e desalentadora. Com certeza, o coração de muitos dos participantes ainda hoje está repleto de um profundo remorso e ira [por terem sido incapazes de evitar aquela situação]. 

Aquele dia definiu o curso futuro de cada participante, dependendo do que se passava em seu coração. Sua vitória ou derrota de hoje estava sendo definida naquele momento. Continuariam a lutar para alcançar sucessivas vitórias ou acabariam se tornando corruptos e decadentes? Bem ou mal, cada participante experimentaria em sua vida a rigorosidade da lei de causa e efeito. 

Foi um momento que distinguiu os autênticos líderes da Soka Gakkai, os verdadeiros defensores do Kossen-rufu, dos líderes falsos, covardes, que exploravam o mundo da fé para fins egoísticos. 

O futuro sempre será brilhante para aqueles que estão comprometidos com a justiça e a verdade e que se esforçam apaixonadamente para mantê-las. Porém, para aqueles cuja vida é governada pelo mal, o futuro será desolador. 

Depois que deixei o local da reunião na Universidade Soka, segui direto para o recém-construído Centro Cultural da Soka Gakkai de Kanagawa em Yokohama. 

Como todos devem saber, houve um tempo em que o Sr. Toda se autodenominou “Jogai” (fora do castelo). O nome surgiu de sua declaração de que enquanto seu mestre, o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, permanecesse dentro do castelo (jochu), ele, seu discípulo, estava decidido a manter-se “fora do castelo” e lutar contra as forças inimigas. Portanto, seguindo o exemplo do mestre, naquele dia de maio não retornei para nossa “principal fortaleza” em Tóquio, mas fui direto para nosso centro em Kanagawa. — “fora do castelo”. Desse local, decidi empreender uma nova luta — a verdadeira ou a “essencial” batalha pela Lei, que representava o propósito de minha existência neste mundo. 

Alguns companheiros me decepcionaram e me traíram, porém eu jamais traí o juramento que fiz ao meu mestre Toda, pois sei que este é o caminho de vida mais correto, tanto da perspectiva do budismo como de um ser humano. 

Foi de minha querida Kanagawa que me lancei à minha primeira batalha como presidente honorário da Soka Gakkai, sustentando alto a bandeira da verdade e da justiça, totalmente só. 

No dia 3 de julho daquele ano — o Dia de Mestre e Discípulo — também estive em nosso Centro Cultural de Kanagawa, com sua vista panorâmica do parque Yamashita e do porto, de onde os navios partem para o Oceano Pacífico. 

Nesse dia encontrei-me com um importante convidado, um professor universitário de Costa Rica. A conversa que tivemos sobre o futuro da humanidade, a paz e a cultura marcou o início de uma nova página na história de significativos diálogos com importantes personalidades mundiais. 

Também passei o dia 3 de julho do ano seguinte, 1980, em Kanagawa. Os membros dessa localidade, em conjunto com representantes de Saitama, realizaram uma reunião comemorativa especial na ocasião. PKkp Em julho de 1984, voltei a escolher a nobre fortaleza do Centro Cultural de Kanagawa como base para lançar uma nova etapa de atividades. Durante esse mês, depois de muitos anos, visitei a área de Misaki [na cidade de Miura, Kanagawa, para participar da reunião de abertura dos cursos de aprimoramento de verão]. 

Entre as muitas atividades realizadas em Kanagawa na época de minha visita, a animada reunião de dirigentes de regional de 10 de julho foi particularmente histórica. Nessa oportunidade, pude entregar pessoalmente as bandeiras da organização — os estandartes do Kossen-rufu — para líderes representantes de todas as regiões de Kanagawa. Entreguei bandeiras para os dirigentes dos bairros de Kanagawa, Naka, Nishi, Hodogaya, Asahi, Isogo e Kanazawa da cidade de Yokohama; aos dirigentes dos bairros de Kawasaki, Saiwai, Nakahara, Takatsu, Miyamae, Tama e Asao da cidade de Kawasaki; e também aos dirigentes da área Fujisawa. Presenteei todas essas bandeiras com o espírito de conceder estandartes da glória a cada um dos membros. 

Os companheiros de Kanagawa são cheios de vida e vigor. Sempre que pensava em como esses nobres companheiros na fé estavam avançando e lutando na linha de frente do movimento pelo Kossen-rufu como verdadeiros Bodhisattvas da Terra, lágrimas quentes brotavam de meus olhos. 

Enquanto entregava as bandeiras, tentava encorajar cada um dizendo: “Faça o melhor! Eu conto com você!” Naquele momento, tive a firme convicção de que havia assentado uma sólida base em Kanagawa. 

A visão comovente desses nobres campeões do Kossen-rufu ainda hoje permanece vívida em minha lembrança. 

Lembro-me de um fato que ocorreu trinta anos antes disso, em 6 de janeiro de 1953. Em uma reunião realizada nesse dia, fui nomeado como responsável pelo primeiro grupo da Divisão Masculina de Jovens, e recebi a bandeira do grupo diretamente de meu mestre, o Sr. Toda. 

Quando ele estendeu a bandeira para mim, seus olhos brilharam por trás dos óculos como se estivesse perguntando: “Está pronto para lutar junto comigo e por toda a vida pelo Kossen-rufu?” 

No momento em que recebi a bandeira do Kossen-rufu de suas mãos, meu espírito elevou-se como uma chama reluzente. 

Ele me disse: “Lute firme até a batalha final e mantenha sempre esta bandeira tremulando bem alto! Daisaku, conto com você!” Meu grande mestre realmente prezava e valorizava os jovens. Jamais me esquecerei do imenso débito que tenho para com ele. 

Naquela reunião, para corresponder ao Sr. Toda, regi uma famosa canção de Bansui Doi, Uma estrela que cai ao sabor do vento outonal sobre a Planície de Wu-chang. Em várias ocasiões, escrevi sobre a razão de cantar essa música para ele. 

Ele permanecia sentado escutando com os olhos fechados, deixando que as estrofes reverberassem em seu coração; todos os presentes podiam sentir quão profundamente a canção o comovia. 

A música fala da trágica morte de Chuko K’ung-ming, o regente chinês que se dedicou com toda lealdade para realizar os desejos do falecido imperador, mas que em seus últimos anos foi acometido por uma grave doença enquanto estava em campanha. 

O vento de outono, com profundo pesar, 

Sopra do monte Chi. 

Nuvens escuras se reúnem sobre o campo de batalha 

Da Planície de Wu-chang. ... 

O regente jaz gravemente enfermo. 

Ao término da canção, ele disse: “Mais uma vez!” 

Tomado de emoção, ele nos pedia que entoássemos 

a canção várias vezes. 

As lágrimas brotavam de seus olhos. 

Mesmo que alguns questionem seu êxito ou fracasso, 

Ele foi leal até o fim. ... 

Lançarão as estrelas seu brilho prateado 

Sobre a angústia do herói solitário? 

Comovidos por sua coragem, 

mesmo os demônios gemem ao vento outonal. 

Sem dúvida, desde sua prisão pelas autoridades militares durante a guerra, o presidente Toda buscava sinceramente pelos jovens porta-estandartes para levar adiante sua obra. Desde aquele dia, travei cada batalha, por mais amarga que fosse, sem jamais recuar um único passo, lutando, lutando e lutando até conquistar a vitória definitiva. Hoje, os novos porta-estandartes — nossos corajosos jovens de Kanagawa — levantam-se orgulhosos à minha frente. 

Em 1991, o clero da Nitiren Shoshu, ao qual nós da Soka Gakkai depositávamos nossa confiança, havíamos protegido e feito sinceros oferecimentos, rompeu arbitrariamente suas relações conosco. Isso se deveu unicamente à inveja que o clero tinha da organização e, especialmente, de mim. Os sacerdotes do clero revelaram sua verdadeira natureza sinistra como entidade perversa, repleta de arrogância e em total degeneração. 

Nesse ano, uma vez mais, liderei nosso movimento de Kanagawa, resplandecente fortaleza do espírito. “Lancemo-nos a uma nova Renascença Soka!”, exclamei. Assisti a numerosos eventos em toda a região: o Festival Musical de Odawara, no Centro da Paz de Atsugui, e os festivais culturais e musicais de Yokosuka e Kawasaki. Visitei também nosso auditório no bairro de Nishi, em Yokohama (atual Auditório Ikeda de Yokohama). Em janeiro do ano seguinte, 1992, participei do festival conjunto de corais de Kamakura e Shonan. 

Em um famoso discurso, o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, declarou: “Mas existe um laço que nos une a todos. ... E estamos preparados para agir mesmo nas circunstâncias mais extremas, a suportar tudo e a vercermos.”4 

Por mais inescrupulosos que fossem os planos ou por mais cruéis que fossem as perseguições lançadas contra nós por um aberrante sumo prelado, a união da Soka Gakkai, que luta pela verdade, não se abalou o mínimo. 

Empenhando-se com mais energia ainda, os membros de Kanagawa adornaram a década final do século XX com uma vitória brilhante. 

Agora, a segunda série de Sete Sinos — que definirá a direção do século XXI — começou a ressoar alegremente em Sagamihara, Yamato, Atsugui, Hiratsuka e em todas as cidades de Kanagawa. Kanagawa já começou um vigoroso e decidido avanço, mostrando o caminho para o Japão e o mundo. 

O grande porta-estandarte do Renascimento norte-americano, Ralph Waldo Emerson, escreveu em seu ensaio “Destino”: “Por serem as mulheres mais susceptíveis, são os melhores indicadores dos momentos vindouros.”5 Há mais de setecentos anos, Nitiren Daishonin declarou a igualdade dos sexos, dizendo: “Não deve haver discriminação entre aqueles que propagam os cinco caracteres do Myoho-rengue-kyo nos Últimos Dias da Lei, sejam homens sejam mulheres.” (The Writings of Nichiren Daishonin [WND], pág. 385.) 

É com esse espírito que a Soka Gakkai começou a construir o “Século das Mulheres” e Kanagawa é um modelo desse ideal. 

Gostaria de presentear os membros de Kanagawa com as seguintes palavras de Simone Weil, filósofa e ativista política francesa: “Para mim, atuar nada mais é do que mudar a mim mesma.”6 

Meus queridos companheiros de Kanagawa! Sejam corajosos, determinados, repletos de invencível espírito de luta e conquistem a vitória absoluta! 

Que a grande bandeira da justiça e da glória tremulem triunfantemente no céu de julho! 

Em 3 de julho de 2001, na Sede da Soka Gakkai.

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