Capa
TC
Revele seu verdadeiro potencial
11/10/2014

O que é iluminação?
Iluminação é manifestar o estado de buda. Não se refere a uma condição de vida sobrenatural. Pelo contrário, é um estado de vida que se manifesta concretamente no cotidiano.
Josei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, explicava que “Manifestar o estado de buda significa estabelecer um estado de vida que nos possibilite renascer sempre com abundante energia vital, cumprir nossa missão de forma plenamente satisfatória, atingir nossas metas e acumular uma boa sorte que não pode ser destruída” (Sobre Atingir o Estado de Buda nesta Existência, p. 95).
Em outra ocasião, ele definiu iluminação da seguinte maneira: “É como esparramar-se num espaço aberto, admirando o céu. Tudo o que você deseja aparece imediatamente. Não importa quanto você doe a outras pessoas, há sempre mais. Jamais se esgota” (TC, ed. 553, set. 2014, p. 46).
“Iluminação imediata” ou “transformar a vida instantaneamente” soam como algo irreal para você? Muitos pensam que não é racional acreditar que a mudança de si mesmo e de seu ambiente possa ser imediata.
Segundo o senso comum, uma transformação de vida requer um longo tempo e chega a ser irresponsabilidade acreditar que isso aconteça agora.
A iluminação imediata (jikitatsu shokan, em jap.) é o princípio budista que ensina como essa mudança é possível.
O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, afirma: “Os ensinamentos budistas anteriores ao Sutra do Lótus pregavam que os seres vivos estavam agrilhoados ao sofrimento, como resultado das causas negativas criadas em existências passadas, e que só podiam mudar essa condição de escravidão depois de realizar incontáveis aeons de práticas budistas e de renascer no futuro num estado de vida mais elevado.
Em contraste, Nichiren Daishonin ensina que uma mudança profunda e essencial em nossa atitude ou mentalidade muda instantaneamente nossa vida, sem que tenhamos de mudar nossa identidade. Quando mudamos internamente, não somente nossa vida se transforma, como também nosso ambiente” (TC, ed. 471, nov. 2007, p. 42).
O líder da SGI reafirma: “Daishonin ensina que, quando mudamos fundamentalmente nossa atitude mental, transformamos instantaneamente nossa vida, nosso ambiente ou circunstâncias” (Ibidem).
A iluminação transforma as circunstâncias imediatamente porque o ambiente existe em unicidade com a pessoa e é controlado pelo seu estado de vida. Ao mudar o estado de vida, o ambiente se transforma.
Para manifestar o estado de buda, é preciso mudar a atitude mental. O primeiro passo da mudança de atitude é acreditar que a iluminação imediata é possível.
A simultaneidade de causa e efeito
Atitude significa modo de agir, é o seu comportamento.
A mudança de mentalidade ou atitude mental não é simplesmente pensar positivo. Significa agir com base numa mente mais elevada, acima do próprio ego. Essa mente superior é a mente do estado de buda.
A atitude mental ou comportamento iluminado possibilita a transformação imediata da vida. Viver com base nessa mentalidade requer três pontos:
1. Acreditar que a iluminação
imediata é possível.
2. Compreender que tanto
a causa quanto o efeito
ocorrem ao mesmo tempo.
3. Reconhecer a lei da
“simultaneidade de causa
e efeito” [Inga guji, em
jap.] em si mesmo.
A Lei Mística da simultaneidade de causa e efeito é o princípio supremo do universo.
O buda Shakyamuni se tornou iluminado quando percebeu a verdade de que tanto a causa quanto o efeito ocorrem no mesmo instante. E foi Nichiren Daishonin quem deu um nome para esse princípio e estabeleceu a prática que conduz as pessoas ao despertar dessa verdade.
Daishonin comenta: “O princípio supremo não tinha originalmente um nome. Quando o sábio percebeu a misteriosa Lei [myoho] que se embasava na simultaneidade de causa e efeito [renge], denominou-a de Myoho-renge-kyo. Essa Lei única que é Myoho-renge abarca todos os fenômenos que compreendem os dez estados de vida e os três mil mundos, sem carecer de nenhum deles. Todos aqueles que praticarem essa Lei obterão simultaneamente a causa e o efeito do estado de buda” (Sobre Atingir o Estado de Buda nesta Existência, p. 30).
O Budismo de Nichiren Daishonin é o ensinamento da iluminação imediata porque se baseia na “lei da simultaneidade de causa e efeito”.
O Myoho-renge é o nome da “Lei Mística da simultaneidade de causa e efeito”. Recitar Nam-myoho-renge-kyo é a prática que sintoniza sua vida com essa Lei e efetivamente possibilita a iluminação imediata.
A fé é a causa da iluminação
A fé é a causa; a iluminação é o efeito dessa causa. Como causa e efeito são simultâneos, ao adquirir a fé, o estado de buda se manifesta.
A fé se torna a causa da iluminação imediata quando é dotada de um espírito de luta contra a maldade.
O presidente Ikeda, ao explicar como a fé da Soka Gakkai está diretamente ligada a Nichiren Daishonin, comentou:
“Quando se mantém uma fé ‘com espírito de luta’ para enfrentar e vencer os três obstáculos e as quatro maldades, o estado de buda se revela. Não há iluminação sem a luta contra os três poderosos inimigos. Os que se dedicam incessantemente pelo kosen-rufu são budas genuínos.
O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, foi quem nos ensinou, de modo concreto, a essência desse grandioso estado de buda. A vida do Sr. Toda não foi fácil ou tranquila, ao contrário, foi agitada e repleta de reveses.
A busca por uma vida de paz e tranquilidade, livre de problemas, vai contra os princípios básicos do budismo. Afinal, a vida de Shakyamuni e de Nichiren Daishonin se caracterizara pela luta árdua e constante, muito longe de uma existência contemplativa e sem problemas.
Pode-se dizer que o verdadeiro espírito budista reside em estabelecer um estado de vida elevado e inabalável, que não hesita ante o obstáculo mais atroz. Atingir verdadeiramente o estado de buda nesta existência [iluminação imediata] significa estabelecer uma fé poderosa e invulnerável a todas as funções destrutivas. Foi isso o que ensinaram os budas Shakyamuni e Nichiren Daishonin com o próprio exemplo” (Ibidem, p. 93-94).
É importante ressaltar que é correto e perfeitamente normal desejar uma vida de paz e tranquilidade. O erro é imaginar que uma vida pacífica e tranquila é o mesmo que uma vida livre de problemas. E que essa vida será conquistada sem esforço pessoal.
A iluminação imediata não é algo mágico, concedido por alguma força após longos anos de uma prática religiosa passiva e rotineira.
A iluminação imediata requer um esforço tremendo, direcionado unicamente para desenvolver a própria fé. Esse esforço deve ser feito agora com o objetivo concreto de tornar a sua fé igual à fé de um bodisatva da terra — descrita como uma “fé que se aprofunda cada vez mais” (Ibidem, p. 90).
A fé do bodisatva da terra
Para que o daimoku produza o efeito imediato em sua vida, é necessária a fé firme e absoluta.
Essa fé é apontada pelo Sutra do Lótus como a “fé dos bodisatvas da terra” — “os que haviam firmado sua determinação por completo” (Ibidem p. 90), segundo Nichiren Daishonin.
“Firmar a determinação por completo” é ter um juramento, uma fé forte capaz de vencer qualquer desafio. Isso é fundamental porque o daimoku depende dessa fé para funcionar de maneira imediata.
Essa fé deve ser forte o suficiente para vencer a dúvida e a escuridão.
Dúvida significa não acreditar que você e as outras pessoas possuem a natureza de buda em si; escuridão é viver com base nessa crença errônea e buscar o estado de buda fora de si.
Maldades são as funções inerentes à própria vida que despertam a dúvida na pessoa e a induz a recorrer à escuridão como solução dos problemas.
Um exemplo da adoção da escuridão como “solução” é quando a pessoa se queixa. Essas lamentações são as portas por onde a dúvida e a descrença se infiltram. Quando elas viram um hábito, funcionam como um freio que impede seu crescimento e como um bloqueio para a iluminação imediata.
Não é difícil perceber a dúvida e a escuridão no cotidiano. Você já deve ter notado que, diante dos problemas, a tendência é duvidar da própria capacidade para resolver as questões. Quem duvida, nega a existência do próprio potencial do estado de buda, a força que vence os obstáculos, e se coloca nas mãos das circunstâncias. Essa é a dúvida gerada pela falta de fé.
A dúvida torna a prática budista difícil e incerta. O presidente Ikeda comenta: “O que torna a recitação do daimoku tão difícil? Se analisarmos profundamente, é porque romper a escuridão fundamental e triunfar sobre as funções maléficas requerem que recitemos Nam-myoho-renge-kyo com uma fé firme e absoluta” (Ibidem, p. 91).
Nichiren Daishonin diz: “Se não fossem bodisatvas da terra, eles não seriam capazes de recitar daimoku?” (Ibidem)
Somente os bodisatvas da terra são capazes de recitar daimoku porque a fé deles é forte o suficiente para vencer qualquer dúvida ou maldade.
O líder da SGI ainda comenta: “Quando a nossa fé vence a dúvida e a escuridão fundamental, o poder de nossa natureza de buda inerente é ativado mediante à vibração sonora de nosso daimoku e se manifesta espontaneamente em nossa vida” (Ibidem, p. 16).
O que é bodisatva da terra?
Essencialmente, é uma função que existe dentro de todos os seres vivos. O ritmo do universo é benevolência. Bodisatva da terra é esse ritmo, a benevolência da vida.
Num sentindo amplo
Bodisatva da terra é a função vital que beneficia e sustenta a iluminação. Ao exercerem essa função de acordo com sua “missão essencial”, todos os seres vivos beneficiam e sustentam a iluminação em sua própria vida e na dos outros.
Num sentido individual
Bodisatva da terra se refere às pessoas que reconhecem essa função na vida de todos os seres e em si mesmas. A ação desses indivíduos está em perfeita harmonia com o ritmo universal. São ações dotadas de compaixão, de sabedoria e de coragem.
Realizar o shakubuku é a expressão máxima da benevolência universal. Nesse contexto, shakubuku significa despertar a função de bodisatva da terra em si mesmo e na vida das outras pessoas.
Felicidade no budismo é a suprema ação humana. Suprema porque é una com o ritmo universal.
Ser feliz significa viver como um bodisatva da terra — quando suas ações refletem a função benevolente.
Recitar o daimoku com a fé absoluta
O que significa a prática correta do daimoku?
O presidente Ikeda responde ao explicar em termos práticos como é a fé do bodisatva da terra:
“Se recitamos daimoku, mas sempre culpamos outras pessoas ou as circunstâncias, estamos evitando o desafio de enfrentar nossa própria ignorância ou escuridão. Desse modo, buscamos a iluminação fora de nós mesmos. Ao mudarmos a nós próprios num nível fundamental, melhoramos a nossa situação. A oração é a força motriz dessa mudança.
É também importante não cairmos na armadilha de desenvolver uma ‘fé dependente’, depositando a esperança de que nossas orações serão respondidas graças a poderes divinos ou transcendentais de deuses e budas. Esse é um exemplo típico de uma pessoa que vê a Lei fora de si mesma. Esse tipo de fé, cuja essência é o escapismo, era mantida pelos seguidores dos budas provisórios dos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus.
Mesmo que estejam sofrendo, pessoas com esse tipo de fé dependente evitam examinar seus problemas. Elas não têm coragem para desafiar nem empreender esforços para mudar a situação. No entanto, sem luta não podemos acionar as engrenagens de nossa revolução humana. Nesse caso, para ser franco, a fé está simplesmente servindo como escudo para as pessoas se esconderem e não enfrentarem a realidade.
Fazendo uma analogia com um alpinista, se ficarmos apenas dando voltas ao redor da base da montanha e nunca tentarmos escalá-la, jamais poderemos chegar ao topo, não importa quanto tempo passe. Se evitarmos desafiar nossos próprios problemas e tendências, jamais conseguiremos nos fortalecer e desenvolver e não manifestaremos o estado de buda nesta existência.
Também é importante o esforço consciente para nos livrar da dúvida e da descrença em geral, e lamentações. A crença errônea de que o Myoho-renge-kyo existe fora de nós deriva da incapacidade de reconhecer que todas as pessoas, as demais e nós, também possuímos a natureza de buda. E essa incredulidade, por sua vez, origina-se da ignorância ou escuridão fundamental.
Em termos de postura na fé, essa tendência ao ceticismo de considerar a natureza de buda como um ‘ideal muito bonito, mas que não muda a realidade’ se manifestará como uma oração fraca, vaga e sem convicção. Se nossa fé for desprovida de ânimo ou entusiasmo, não seremos capazes de mudar nossa atitude e transformar fundamentalmente nossa vida.
Como o objetivo de nossa prática é atingir o estado de buda nesta existência, é essencial que tenhamos uma atitude mental ou o pensamento firmemente concentrado quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo. Para explicar a importância disso, seria como tentar disparar uma flecha: sem um alvo claro, não teremos força para retesar o arco com energia ou determinação. Do mesmo modo, nossas orações somente podem ser concretizadas quando convertemos desejos vagos e difusos em determinações concretas e recitamos daimoku com a convicção de que, sem falta, atingiremos aquilo que almejamos” (Ibidem, p. 56).
Hosshaku Kempon
Iluminação imediata é possível devido à fé forte e absoluta.
Quando a fé vence a dúvida e a escuridão, o potencial do estado de buda se revela imediatamente.
Essa vitória da fé — a revelação do estado de buda na própria vida – pode ser interpretada como Hosshaku Kempon — “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”.
Hosshaku Kempon também significa o despertar para a missão como bodisatva da terra — abandonar os desejos egoístas como missão de vida e adotar uma postura benevolente orientada para a felicidade de si próprio e dos demais como missão.
Em certa ocasião, o presidente Ikeda explicou sobre Hosshaku Kempon: “O termo traduzido como abandonar também significa abrir. Poderíamos comparar ‘abrir o transitório’ a remover as nuvens que bloqueiam os raios de sol. Quando as nuvens se dispersam, a ‘verdadeira identidade’ aparece, assim como a brilhante luz do sol. O simples fato de haver nuvens no céu não significa que se deve procurar pelo Sol em outro lugar. As pessoas não deixam de olhar para o céu em busca do Sol; por isso, é o lugar onde se encontra a verdadeira identidade” (BS, ed. 1.478, 26 set. 1998, p. 3).
Convertendo a analogia para o cotidiano, o céu nublado equivale aos momentos repletos de problemas. Naquele período carregado de nuvens de dificuldades, a tendência é duvidar de que a solução existe em si mesmo e não acreditar na própria capacidade para vencer.
Você duvida quando não busca o sol do estado de buda em si mesmo; quando olha para o céu nublado, não vê o sol, e duvida que ele está lá.
Sem a “fé” de que o sol está no céu, apesar de encoberto pelas nuvens, a pessoa passa a buscá-lo em outros lugares, ignorando que ele está no céu da sua própria vida.
Aplicar o Hosshaku Kempon nos momentos de adversidades significa abrir ou dispersar as nuvens das dificuldades do céu de sua mente e revelar o sol do estado de buda que existe dentro de você. Significa não duvidar de si mesmo nem se entregar à escuridão.
Revelar a verdadeira identidade é realizar a iluminação imediata e, com base no sol do estado de buda, enfrentar e vencer os desafios diários.
Quando seu potencial iluminado está manifesto, não há nada que seja impossível de realizar.
A Lei Mística ou a natureza do estado de buda existe em você e não conhece limites. A força dessa Lei transcende o tempo, o espaço e até mesmo a morte. Uma vez ativa dentro de você, o ambiente se transforma no mesmo ritmo iluminado do seu estado de vida interior.
Revolução religiosa
Devido à falsa noção de que o estado de buda é algo sobrenatural, falar em “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro” pode parecer algo do outro mundo; mas não é.
Esse princípio tem como finalidade trazer o budismo de volta ao cotidiano e revelar a verdade de que o estado de buda existe na vida das pessoas comuns.
Certa vez, durante um diálogo com André Malraux (1901–1976), o primeiro-ministro da Índia, Jawaharlal Nehru (1889–1964), abordou a razão do desaparecimento do budismo na Índia.
“A genialidade do buda tem a ver com o fato de ele ser um homem. O criador de um dos mais profundos sistemas de pensamento na história da humanidade, possuidor de um espírito inabalável e de uma grandiosa benevolência. Um acusador, contra a grandiosa multidão de deuses”,1 comenta.
No entanto, após a morte de Shakyamuni, continua Nehru, “ele foi divinizado e se perdeu naquela multidão, que o cercou completamente”.2
O presidente Ikeda ressalta: “A partir do momento em que ‘Shakyamuni humano’ foi esquecido, o budismo deixou de ser um ensinamento que conduz o indivíduo a estabelecer o melhor modo de vida possível. O caminho de mestre e discípulo desapareceu. Consequentemente, o budismo entrou em decadência, tornando-se autoritário” (BS, ed. 1.477, 19 set. 1998, p. 3).
O ser humano é a fonte de qualquer transformação. Não faz sentido buscar a salvação fora de si mesmo.
O período em que Nichiren Daishonin viveu foi marcado por catástrofes e dificuldades extremas no Japão. “O céu estava nublado” e, em virtude das “densas nuvens”, o povo deixou de acreditar que “o sol continuava a brilhar no céu”.
Com uma fé desvirtuada à cegueira quanto ao local onde existia o “sol” do estado de buda, o povo japonês se voltava somente ao externo adorando diversos budas e divindades. Dessa forma, todos ignoravam o potencial da iluminação que existia dentro de cada pessoa.
Mesmo com risco de morte, Nichiren Daishonin foi incansável em sua luta para abrir os olhos das pessoas para a verdade de que o estado de buda existia dentro delas. E foi na Perseguição de Tatsunokuchi em sua iminente execução que Daishonin “abandonou o transitório e revelou o verdadeiro”.
Prestes a ser decapitado, ele provou que a força do estado de buda existia dentro das pessoas comuns. Com seu próprio exemplo, como uma pessoa do povo, demonstrou a força do nobre caráter de um ser humano. E por meio de sua conduta mudou imediatamente as circunstâncias. Ele venceu o poder governamental corrompido pelo autoritarismo somente com o seu poderoso estado de vida.
Hosshaku Kempon de Daishonin
Em 12 de setembro de 1271, Nichiren Daishonin foi arrastado como um criminoso pelas ruas de Kamakura por soldados de Hei no Saemon, subdelegado do Departamento de Assuntos Militares, que decidiu arbitrariamente condená-lo à pena de morte.
De forma surpreendente, Daishonin se comportou com uma atitude destemida e alegre. Seu comportamento, que irradiava felicidade e convicção, assombrava os soldados.
No momento de sua decapitação, um objeto luminoso cruzou o céu iluminando toda a praia escura. Diante da forte luz, os soldados fugiram. Daishonin os chamou de volta, recomendando que o executassem logo, caso contrário, seria vergonhoso se a execução arbitrária e ilegal fosse descoberta.
Sobre esse episódio, o presidente Ikeda comenta: “Um objeto tão brilhante quanto a Lua surgiu, atravessando o céu, partindo da direção de Enoshima, de sudeste a noroeste. O carrasco que estava prestes a decapitar Daishonin ficou cego pela luminosidade do objeto e caiu no chão, incapaz de manejar a espada. Embora Daishonin exortasse os soldados a terminar o trabalho, rapidamente decapitando-o, dizendo que seria um espetáculo desagradável de se ver à luz do dia, eles não responderam.
Ainda que a natureza do objeto brilhante possa ser explicada de diversas formas, o ponto principal aqui é o fato de que as autoridades foram subjugadas pelo estado de vida de Nichiren Daishonin, que abrangeu todo o universo, e eles não foram capazes sequer de encostar a mão nele.
Daishonin estava determinado a resistir até o fim, mesmo diante das mais severas perseguições, tendo coma base seu ardente juramento de ajudar todas as pessoas a atingir a iluminação e propagar amplamente a Lei Mística. Sua inabalável determinação e seu comportamento durante essa crise foi uma manifestação da força de seu colossal estado de buda, com a qual ele venceu completamente as forças diabólicas que se manifestaram contra ele.
É importante lembrar que, embora Daishonin tenha evidenciado seu supremo estado de buda, ele não era um ser sobrenatural, dotado de características sobre-humanas ou especiais. Sua aparência era exatamente o oposto da imagem que as pessoas faziam de um buda: ele era um prisioneiro e estava prestes a ser exilado. Daishonin manifestou o verdadeiro e maior potencial da vida como uma pessoa comum, como uma pessoa que mais do que qualquer outra estava sendo oprimida e perseguida pelas autoridades. Este é o grande significado de ‘abandonar o transitório e revelar o verdadeiro’” (TC, ed. 554, out. 2014, p. 54).
Conclusão
Nesta matéria, você aprendeu que a pessoa e o ambiente são uma única entidade. O ambiente é regido pelo estado de vida da pessoa. Quando o estado de buda se manifesta, essa condição elevada transcende os limites impostos pelas circunstâncias e faz o seu ambiente ser iluminado. Um ambiente iluminado não é limitado pelo tempo e pelo espaço. Sendo assim, a transformação cotidiana proporcionada pelo estado de buda não tem limites e não demora.
Tudo acontece da melhor maneira e acontece agora. Isto é iluminação imediata.
Ao recitar Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon, sua fé se torna a causa; e o estado de buda, o efeito. Como o daimoku é a prática da fé que ativa a Lei Mística da simultaneidade de causa e efeito, a iluminação é imediata.
O daimoku deve ser recitado com a fé para enfrentar e vencer os três obstáculos e as quatro maldades. Essa é a mesma fé dos bodisatvas da terra.
O daimoku dos bodisatvas da terra é a prática verdadeira do Budismo de Nichiren Daishonin. Em termos práticos, significa recitar daimoku pela iluminação das pessoas, uma prática orientada para a felicidade de si próprio e dos demais.
Uma vez que a iluminação imediata consiste em vencer a escuridão fundamental por meio da fé, quem decide agir em benefício da felicidade de si mesmo e do outro deve se preparar para enfrentar obstáculos e maldades. Justamente por esse motivo, para “abandonar o transitório e revelar o verdadeiro”, é necessário ter uma fé forte e absoluta.
Segundo o presidente Ikeda: “‘Abandonar o transitório e revelar o verdadeiro’ nada mais é do que cada associado [da SGI] se levantar com a consciência de que é um discípulo de Nichiren Daishonin e lutar pelo kosen-rufu, sem se intimidar com as inevitáveis dificuldades que surgirão pelo caminho.
“Ao dedicarmos a vida pelo kosen-rufu, manifestamos um vasto e ilimitado estado de vida e conduzimos uma existência de profunda satisfação em que todas as nossas esperanças e desejos se concretizam” (TC, ed. 554, out. 2014, p. 50).
Portanto, se você deseja revelar seu potencial ao máximo, transformar suas circunstâncias e concretizar seus objetivos, levante-se com a determinação de fazer do kosen-rufu sua missão de vida e recite Nam-myoho-renge-kyo com a mesma fé de um bodisatva da terra.
Compartilhar nas