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Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

Parte 2: Ações de encorajamento, sem se poupar, visando à canção triunfal do povo

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01/02/2024

Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

Vínculos de luta conjunta com os companheiros, sempre pelo bem de uma única pessoa. Mergulhar no “mar de pessoas comuns”.

Nesta segunda parte da série, são apresentados os esforços do Mestre para encorajar os membros em todos os cantos do Japão, desde Wakkanai, em Hokkaido, ao norte, até a ilha Ishigaki, em Okinawa, ao sul.

Surgimento do jovem presidente

Na manhã do dia 3 de maio de 1960, pouco depois das 10h30, Ikeda sensei descia do carro e se dirigia ao auditório da Universidade Nihon (na época) em Ryogoku, Tóquio. O fraque preto que utilizava era uma lembrança herdada do seu mestre, Josei Toda.

A cerimônia de posse como terceiro presidente teve início ao meio-dia. Ikeda sensei entrou no recinto enquanto a banda masculina Ongakutai tocava canções da Soka Gakkai. No percurso, o Mestre fez uma pausa e fixou o olhar na foto de Toda sensei colocada no alto da parte frontal do palco.

Após subir nele, em suas palavras, Ikeda sensei posicionou-se no púlpito e declarou vigorosamente: “Apesar de jovem, a partir de hoje assumirei a liderança como representante dos discípulos do presidente Josei Toda e avançarei com os senhores, um passo após outro, rumo à concretização do kosen-rufu”.1

O evento reuniu mais de 20 mil participantes, espalhados no recinto e nas áreas externas. Uma estrondosa salva de palmas envolveu o espaço. Era o surgimento do jovem presidente de 32 anos aguardado ansiosamente por todos os membros.

Na ocasião, Ikeda sensei determinou com todos a concretização de 3 milhões de famílias, isto é, o testamento de Toda sensei, até a cerimônia de sétimo ano de falecimento de seu mestre, que seria realizada dali a quatro anos.

Esse se tornou o objetivo concreto para o quinto período do ciclo de “Sete Sinos”.

O conceito de “Sete Sinos”

Para estabelecer o ritmo de avanço do kosen-rufu a cada sete anos, Ikeda sensei anunciou a concepção do conceito de “Sete Sinos” no dia 3 de maio de 1958, um mês após o falecimento de Toda sensei. Na época, uma parte da imprensa alardeava que a Soka Gakkai estaria à beira do colapso.

Em meio a tais circunstâncias, como dar esperança aos membros mergulhados na tristeza? Ikeda sensei ponderava sobre essa questão em seu íntimo.

Na época, ele registrou em seu diário: “Imaginei como a organização estará daqui a vinte anos. Estou preocupado e angustiado”.2

Assim, no dia 3 de maio, foram apresentados os ciclos dos “Sete Sinos”. Ikeda sensei concebeu essa ideia a partir de uma declaração de Toda sensei: “Vamos estabelecer cada período de sete anos como uma etapa e badalar o sino do kosen-rufu. Então, vamos tocar sete sinos!”.

O “primeiro sino” é o período de sete anos desde a fundação da Soka Kyoiku Gakkai, em 1930, até a partida oficial da organização, em 1937.

O “segundo sino” segue até o falecimento do presidente Tsunesaburo Makiguchi, em 1944.

O “terceiro sino” vai até a posse de Toda sensei como segundo presidente, em 1951.

O “quarto sino” se encerra com a concretização de 750 mil famílias, o empreendimento da vida de Toda sensei, e seu falecimento.

Ikeda sensei fez essa declaração, clamando a todos para avançar com coragem e convicção em ciclos de sete em sete anos, visualizando o futuro de vitórias com a concretização do “quinto sino”, do “sexto sino” e, finalmente, do encerramento do ciclo com o “sétimo sino”, 21 anos a partir daquele momento.

Esse majestoso objetivo criou a força para que os membros avançassem, vislumbrando tal futuro.

Dessa forma, a Soka Gakkai concretizou o objetivo de 3 milhões de famílias, do “quinto sino”, no ano 1962. No período do “sexto sino”, ultrapassou 7,5 milhões de famílias; e, em 1979, ano do término do “sétimo sino”, estava concluído o alicerce do kosen-rufu do Japão.

Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

“Príncipes e princesas da Lei Mística, cresçam como extraordinários sucessores.” Ikeda sensei engaja-se em um cabo de guerra com um menino participante do Encontro da Divisão dos Estudantes Futuro. Ele se dedica a incentivar incessantemente os companheiros que se encarregarão do futuro da região de Hokuriku (Centro Cultural de Ishikawa, nov. 1976)

Encorajamento a uma única vida

“Por que a Soka Gakkai se desenvolveu até esse ponto?”

Diante dessa pergunta de um intelectual, sensei respondeu: “É porque sempre valorizamos uma única pessoa”.

Essa é a essência da própria existência de Ikeda sensei.

Sensei não se limitou a estabelecer apenas um objetivo. Dedicou incentivos e encorajamento, com toda a sua força, para que os membros trilhassem uma existência vitoriosa e feliz. Criou vínculos de luta conjunta com cada pessoa a fim de desbravar a época da canção triunfal do povo.

Em 22 de março de 1965, na cidade de Sendai, em Miyagi, ocorreu um episódio após o término de uma reunião de líderes de comunidade. Naquele dia, por duas horas consecutivas, sensei trocou cumprimentos com cerca de seiscentos participantes. Suas mãos ficaram vermelhas, inchadas e doloridas. Ele mal conseguia segurar uma caneta.

Oito dias depois, estava prevista a realização da Reunião de Líderes de Comunidade da província de Nagano.

“Quero criar um encontro que possa se tornar o ponto primordial da vida dos membros”, afirmou o Mestre. Com isso em mente, como forma de encorajamento, em vez dos cumprimentos, ele pensou em tirar uma foto comemorativa com eles.

Mais tarde, sensei escreveu: “Se fosse possível, queria encorajar os líderes centrais da Divisão Sênior, da Divisão Feminina, da Divisão Masculina de Jovens, da Divisão Feminina de Jovens e da Divisão dos Estudantes, que se levantam como os pilares das comunidades de todo o Japão. Contudo, isso se tornava extremamente difícil, inclusive em termos de disponibilidade de tempo. Então, extraindo toda a sabedoria, surgiu essa ideia da foto, movida com o sentimento de ‘ao menos isso’”.

Pesquisa feita pelo Seikyo Shimbun ao longo de oito anos e três meses, a partir de 1965, revela que sensei tirou fotos comemorativas com pelo menos 718.550 pessoas. Não eram simples poses para a câmera. Eram capturadas com o sentimento de que talvez fosse uma oportunidade única na vida, de que “nunca mais conseguiria encontrar” essas pessoas, dedicando-lhes sinceros incentivos nos intervalos entre as fotos. Além disso, sensei ouvia atentamente cada pessoa que lhe falava sobre suas dificuldades, mesmo nas ocasiões em que ele estava com febre alta. É provável que, em alguns momentos, os incessantes flashes da câmera fotográfica incomodassem seus olhos. Eram realmente ações de encorajamento sem poupar a própria vida.

Em 14 de julho de 1972, num ginásio da província de Iwate, sensei participou de fotos comemorativas com 3.600 pessoas, que foram divididas em doze grupos. Com extrema exaustão, nem conseguia engolir a comida servida. Mesmo assim, quando chegava a hora, levantava-se com todo o vigor e se dirigia para perto dos membros.

Naquele dia, após o término das fotos comemorativas, sensei foi até a sede regional de Morioka, cumprindo uma promessa feita no passado aos estudantes do ensino fundamental.

O compromisso originou-se de uma carta enviada pelas crianças a Ikeda sensei na qual narravam seus sonhos para o futuro. Na ocasião, ele dedicou a elas a seguinte mensagem: “Vamos nos encontrar quando eu for para Iwate”.

Sensei recebeu as crianças na sede dando-lhes boas-vindas e ofereceu livros nos quais dedicou palavras de incentivo na contracapa.

Jornada de mestre e discípulo — os 95 anos da vida de Ikeda sensei

Ao cair da neve, brado de vitória ecoa pelo céu. Membros de Tohoku não se esquecem da sinceridade do Mestre, que visita a região de Akita no inverno com o sentimento de incentivar os amigos em meio às circunstâncias adversas. O “tesouro do coração” é eternamente indestrutível (cidade de Akita, jan. 1982)

“Não precisam mais se preocupar”

No dia 24 de abril de 1979, em meio às tempestades da primeira problemática do clero, Ikeda sensei renunciou ao cargo de terceiro presidente, assumindo total responsabilidade para proteger os membros e para pôr fim aos ataques irracionais dos clérigos. Os maus clérigos e os traidores, que conspiraram para separar o mestre de seus discípulos, pressionaram sensei, obrigando-o a “não transmitir orientações em reuniões” e a “não aparecer no Seikyo Shimbun”. Ao mesmo tempo, eles atacavam a organização e atormentavam os membros.

Certo dia, em 1979, realizava-se uma reunião no Centro Cultural de Kanagawa. Sensei, que ouvia a atividade do lado de fora, entrou silenciosamente por uma porta na parte da frente do salão para não atrapalhar o andamento do evento.

Um companheiro, ao notar sua presença, levantou sua voz de júbilo. Sensei colocou o dedo indicador nos lábios dele, pedindo para ficar quieto, dizendo: “Está definido que eu não posso falar”. Então, ele se dirigiu ao piano colocado no salão. Depois de tocar algumas músicas, tais como Atsuhara no Sanresshi [Os Três Mártires de Atsuhara] e Atsutamura [Vila de Atsuta], deixou o local em silêncio.

Esse fato ocorreu diversas vezes naquele centro cultural durante esse período.

Na primeira problemática do clero, Oita foi uma das localidades que mais sofreram com a opressão dos clérigos. Sempre que os membros iam ao templo, eram obrigados a ouvir somente difamações em relação a Ikeda sensei e à Soka Gakkai. Cerrando os dentes, eles suportaram a irracionalidade.

A partir do outono [japonês] de 1981, sensei iniciou plenamente a contraofensiva. No dia 12 de dezembro, visitou Okajoshi, cidade de Taketa, em Oita, com o sentimento de que era em prol dos membros que mais sofreram.

“Não precisam mais se preocupar!”, afirmou o Mestre. Os membros se aproximaram de Ikeda sensei no momento em que ele descia do carro no estacionamento com fisionomia de alívio e até com lágrimas nos olhos.

Estava presente ali um homem que ainda não havia se tornado membro da Soka Gakkai. Na época, ele tinha aversão pela organização. Mas acabou participando a contragosto, atendendo ao pedido de sua esposa, que lhe disse: “Só hoje!”. Ele havia pensado que, certamente, um líder religioso era alguém de extrema arrogância. No entanto, ao observar o comportamento de sensei de perto, iniciou a prática budista três meses depois.

Esse companheiro relembra o aspecto de Ikeda sensei: “Parecia alguém mergulhando no mar de pessoas comuns”.

Após esse encontro, sensei disse: “A pessoa com quem me encontrei é importante. Porém, ainda mais importante são as pessoas com quem não me encontrei. (...) São pessoas que continuaram recitando daimoku com seriedade, orando pela segurança da viagem. Eu me encontrei no coração com essas pessoas. Graças a elas, a Soka Gakkai venceu”.

O coração do mestre voava sempre junto com os amigos que estavam sofrendo.

Em 29 de fevereiro de 2000, ele visitou o Centro Cultural de Nagata, na província de Hyogo. Recitou gongyo com os companheiros que ali se reuniam.

No local, encontrava-se também um companheiro que havia perdido os amados pai e filho no Grande Terremoto de Hanshin-Awaji (Terremoto de Kobe). Havia pessoas que escaparam por pouco da morte debaixo dos escombros.

Nessa ocasião, sensei ofereceu um vigoroso encorajamento: “A vida é uma batalha. É a batalha para conquistar a felicidade. (...) Por favor, sejam alegres! Ninguém se compara a uma pessoa alegre. Gostaria que sobrevivessem persistentemente”.

Até hoje, essas palavras são a força para o avanço dos membros e se tornaram o juramento ao mestre.

O grande épico do kosen-rufu

Ikeda sensei, que continuou acendendo a chama da esperança nos companheiros de todo o Japão, expressou, do fundo do coração, seu desejo de que fizessem badalar juntos o segundo ciclo dos “Sete Sinos” a partir do dia 3 de maio de 2001, que descortinou o século 21. Em maio de 1997, em Kansai, ele indicou o majestoso plano do novo ciclo dos “Sete Sinos” até meados do século 23:

A primeira metade do século 21 irá marcar o segundo ciclo dos “Sete Sinos”. Acredito que essa será uma época em que deveremos nos dedicar à consolidação da base para a paz na Ásia e em todo o mundo. Olhando mais adiante, para a última metade do próximo século — o “século da vida” — minha esperança é de que o princípio da dignidade da vida se estabeleça como o espírito fundamental da era e do mundo. Oro para que, durante a primeira metade do século 22, seja construída uma base indestrutível para a paz mundial. E sobre essa base, na última metade do século 22, imagino o brilhante florescimento de uma era de humanismo. (...) Na metade do século 23, em 2253, alcançaremos o milênio do estabelecimento dos ensinamentos de Nichiren Daishonin. Creio que será o início de uma brilhante nova fase do nosso movimento.3

Atualmente, está em andamento o segundo ciclo dos “Sete Sinos”. Visualizando o 120o aniversário de fundação da Soka Gakkai (em 2050), quando termina esse ciclo, sensei escreveu: “Nessa ocasião, quanto a filosofia humanística do budismo brilhará como o sol que ilumina o mundo e quanto nossa grande rede solidária Soka será considerada o pilar da paz para a humanidade? Meu coração se aquece”. O grande épico do kosen-rufu só pode ser concretizado por ações contínuas de “encorajamento a uma única pessoa”, como demonstrado inteiramente por Ikeda sensei com suas próprias ações.

Foto: Seikyo Press

Notas:

1. Brasil Seikyo, ed. 2.609, 30 abr. 2022, p. 16.

2. IKEDA, Daisaku. Diário da Juventude: A Jornada de um Homem

Dedicado a um Nobre Ideal. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 462.

3. Brasil Seikyo, ed. 1.456, 11 abr. 1998, p. 3.

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