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há 2 meses

Por que o conceito de soft power é essencial para o futuro?

Redação

11/06/2025

Por que o conceito de soft power é essencial para o futuro?

Imagine alguém que cumprimenta todos com um sorriso, escuta com empatia quem precisa desabafar e, de forma natural e acolhedora, incentiva práticas como a reciclagem e a criação de hortas comunitárias.

Sem impor nada, essa pessoa inspira quem está ao redor. Aos poucos, o ambiente muda: as pessoas se mostram mais abertas, cuidam melhor dos espaços compartilhados e escutam uns aos outros. Não é preciso exercer autoridade, oferecer recompensas nem fazer ameaças; a transformação acontece movida por admiração, afeto e inspiração. Isso é soft power.

Neste texto, propomos uma reflexão sobre como esse conceito, em conjunto com os valores budistas, pode transformar a maneira como impactamos as pessoas ao redor.

Surgimento do conceito

O termo surgiu no final da década de 1980 com o professor Joseph Nye, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Em suas reflexões, o soft power aparece como a capacidade de um país de obter os resultados desejados por meio da atração, e não da coerção ou do pagamento. Em outras palavras, pode-se considerar o soft power como a capacidade de influenciar outras pessoas por meio da inspiração e admiração em vez de usar a força, ameaçar ou oferecer recompensa.

Formas de manifestação

As pesquisas sobre o conceito evoluíram e hoje é possível perceber sua influência em diferentes níveis. O soft power local, por exemplo, é notado por meio do respeito, do exemplo e da capacidade de inspirar e influenciar a realidade em bairros, escolas, famílias e outros espaços de convivência. Ele aparece na maneira como lideranças comunitárias, educadores, artistas e cidadãos engajados motivam mudanças, unem pessoas e transformam os ambientes a partir dos valores, da cultura e do diálogo. Na prática, você é, ao mesmo tempo, influenciador e influenciado pelas pessoas ao redor.

Um exemplo prático de soft power local é quando você se sente inspirado a realizar uma boa ação a partir do exemplo positivo de alguém.

O soft power global, por sua vez, se manifesta, principalmente, por meio da promoção de valores humanos e da troca cultural, como no caso de artistas que viajam pelo mundo e impactam multidões, seja através da música ou das ideias que compartilham.

Em resumo, o soft power é definido como a capacidade de influenciar os outros por meio do comportamento, da cultura, do conhecimento, das ideias e dos valores. O seu oposto, o hard power, diferencia-se pelo uso da força e da imposição.

Como aplicar o soft power?

Para influenciar as pessoas por meio de uma atitude positiva embasada na filosofia humanística do budismo, você pode:

  • Ouvir com atenção e falar com respeito, sem julgamento. Acolher o outro com genuíno interesse, tentando entender sua dor, seus sonhos e sua visão de mundo. O diálogo empático é uma ponte que gera confiança e compreensão, elemento fundamental para resolver conflitos e construir a paz. É também uma prática ativa de compaixão.
  • Reconhecer que toda vida tem valor incondicional e tratar com respeito todas as pessoas, independentemente de sua origem, crença ou condição financeira. Essa visão estimula atitudes inclusivas, solidárias e justas e influenciam o ambiente de forma positiva.
  • Agir pelo bem comum e se tornar protagonista das mudanças sociais com base em valores como coragem, respeito e justiça.
  • Fazer a revolução humana e superar os limites, os ressentimentos, o egoísmo e a negatividade. Ao mudar a si próprio, você muda a maneira como se relaciona com os outros e com a sociedade e se torna uma fonte de inspiração para as pessoas ao redor.
  • Caminhar em prol do kosen-rufu, ou seja, da concretização da paz duradoura e fortalecer esse movimento pela felicidade de todas as pessoas.
  • Realizar a prática do shakubuku, que consiste em apresentar a filosofia budista a uma pessoa. É uma ação de coragem e amor para que o outro reconheça seu imenso potencial e trilhe um caminho de sabedoria, compaixão e força interior. Não se trata de impor, mas de inspirar.
O Soft power vem do coração

Diante de tantos desafios no convívio diário e nas transformações sociais, o soft power, que nasce do coração, do exemplo e da sabedoria, surge como uma resposta. Quando colocamos em prática valores como o diálogo empático, o respeito à dignidade da vida, a educação humanística e a revolução humana, nos tornamos agentes de mudança reais e concretos, mesmo que invisíveis aos olhos apressados.

Como nos ensina o presidente Ikeda, transformar a si mesmo é o primeiro passo para transformar o mundo.

Discurso em Harvard

O Dr. Daisaku Ikeda, em certa ocasião, proferiu uma palestra na Universidade Harvard na qual defendeu que a motivação interior e o despertar do potencial humano são essenciais para a construção de uma sociedade pacífica e colaborativa. O discurso, feito em um contexto de transformações globais, também abordou temas como a crescente importância da filosofia, a relação entre Japão e Estados Unidos, o contato entre culturas, a unicidade entre o ser humano e o ambiente e a revitalização dos laços humanos.

Anos após a palestra, Dr. Ikeda afirmou:

"Hoje, mais de dez anos após meu primeiro discurso, o soft power, conforme demonstrado pela atual revolução da tecnologia da informação, está tendo um forte impacto nos sistemas sociais. Através de recursos como a internet, as pessoas do mundo inteiro estão simultaneamente conectadas. Por essa única razão, mais do que nunca, as pessoas necessitam de uma força de motivação interior, de autocontrole e de consideração pelos demais".¹

E o que seria essa motivação ou consciência interior? É o impulso que vem da própria pessoa, seu desejo de transformação. Não é algo feito por obrigação, imposição, medo ou pressão externa. É a vontade de inspirar pelo exemplo e, ao mesmo tempo, acolher influências que reforçam o que há de mais positivo e alinhado aos valores humanos.

Nota:
1.
https://extra2.bsgi.org.br/impressos/online/ler/113874/

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