Relatório sobre a Educação no Brasil [parte 2]

Em direção ao bem e à paz
Criação de valor com tecnologia de ponta

Em uma única foto tirada do céu do Brasil, é possível ver todas as instalações públicas que levam o nome dos três presidentes da Soka Gakkai —Makiguchi, Toda e Ikeda. A cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo, estabeleceu há cerca de 25 anos a Rua Tsunessaburo Makiguti, a Praça Jossei Toda, a Biblioteca Daisaku Ikeda e o Jardim Kaneko Ikeda. A razão parece estar no fato de que essa cidade valoriza profundamente a educação. 

Busto de Toda sensei na Praça Jossei Toda. Na placa comemorativa consta: “Educador, líder humanista, que dedicou esforços em prol do desarmamento nuclear e para proteger o direito de viver”

Um espaço de rico aprendizado principalmente para os mais pobres

Em São José dos Campos, localiza-se o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) do Brasil. A cidade também abriga a sede de uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo. Com uma população de 720 mil habitantes, é considerada uma cidade de vanguarda, onde diversas empresas e empreendedores se reúnem, gerando constante inovação tecnológica. Por ser frequentemente retratada dessa forma, muitos no país a veem como uma “cidade economicamente próspera”.

No entanto, ao visitá-la, percebe-se que ela não está isenta de um dos grandes desafios nacionais: a desigualdade econômica. Ainda assim, a verdadeira riqueza da cidade talvez esteja na criação de um ambiente em que essa desigualdade não se transforme em desigualdade educacional.

Um dos pilares centrais desse esforço é o Colégio de Educação Profissional Hélio Augusto de Souza (CEPHAS). Comemorando 25 anos desde a sua fundação, a instituição oferece gratuitamente ou a baixo custo oportunidades de aprendizado para pessoas de famílias de baixa renda, acima dos 15 anos sem limite de idade. Lá, é possível adquirir formação técnica avançada em áreas como enfermagem, engenharia mecânica e química.

Neste ano, Suzana Miya Kisen, responsável pela Divisão Feminina de comunidade, assumiu a direção da escola. “Na época da fundação, eu era apenas uma professora aqui”, relembra ela.

Os primeiros locais que nos apresentaram foram a Biblioteca Daisaku Ikeda e o Jardim Kaneko Ikeda. Ambos foram construídos quando o colégio abriu as portas, com uma cerimônia que contou com a presença do então ministro da Educação. Antecedendo a isso, foram estabelecidas, em 1997, a Rua Tsunessaburo Makiguti e, em 1999, a Praça Jossei Toda, localizadas em frente à escola.

_{Placa do Jardim Kaneko Ikeda em que consta: “Símbolo de uma mulher que jamais cessou a luta pela paz”}

_{Placa da biblioteca homenageando Ikeda sensei como “defensor da paz, cultura e educação”}

Por que homenagear os Três Mestres Soka? Dizem que a razão está no fato de que eles estabeleceram a pedagogia da criação de valor e a expandiram por todo o mundo.

Mesmo quando se trata de ciência e tecnologia, quem decide se seu valor será usado para o bem ou para o mal, para a paz ou para a guerra não é outro senão o ser humano. O objetivo da educação é “aprimorar o caráter do indivíduo”, e a pedagogia Soka esclarece os meios para alcançar esse objetivo (conforme descrito em Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]). Os administradores e profissionais da educação da cidade conheceram essa filosofia por intermédio dos membros da organização e a incorporaram ao ambiente escolar.

_{Diretora Suzana, ao centro, com alunos após aula de química}

Suzana também veio se esforçando para pôr isso em prática. “O que mais tenho valorizado é o diálogo”, afirma. Isso não mudou mesmo após se tornar diretora da escola.

Sempre que encontra tempo, ela caminha pelos corredores, dedicando atenção aos professores, funcionários e alunos, perguntando com um sorriso: “Como você está?” ou “Está com alguma dificuldade?”. Sua sala também está constantemente de portas abertas. Quando diz frases como “Essa ideia é ótima!” ou “Obrigada por sua opinião sincera!”, é visível a alegria de quem as ouve. A energia para aprimorar o caráter e a sabedoria para inovar nascem do diálogo, que respeita cada indivíduo e busca, juntos, atualizar constantemente as melhores soluções.

Conversamos com uma aluna que estava lendo na biblioteca. Ela disse:
“Qual é a mensagem que a vida dos professores Makiguchi, Toda e Ikeda nos transmite? Qual é o propósito do estudo? Refletimos e conversamos sobre esses temas em nosso dia a dia. Esta escola é o nosso orgulho”.

Prêmio de excelência da cidade concedido a partir de ações da Coordenadoria Educacional

Nos últimos 25 anos, os municípios do Brasil têm promovido uma evolução gradual na educação escolar. Essa evolução tem sido nomeada como Educação 2.0, Educação 3.0 e Educação 4.0, refletindo a transição para a aprendizagem centrada na criança, o uso efetivo das tecnologias da informação e da comunicação e a formação de habilidades de resolução de problemas na era da inteligência artificial.

A cidade de São José dos Campos foi uma das primeiras a declarar sua transição para a Educação 5.0. Em poucas palavras, trata-se da fusão entre tecnologia e humanidade. O objetivo principal é cultivar, em cada indivíduo, uma riqueza interior que o motive a viver de forma mais plena, em colaboração com a família e a comunidade.

Entrevistamos Letícia Alessandra dos Santos, responsável pela Juventude Soka de subcoordenadoria, professora da EMEFI Profa. Homera da Silva Braga.

Letícia busca, acima de tudo, despertar nos alunos a alegria de ter um sonho. Ela transmite a ideia de que todos podem criar algo, um valor que ainda não existe no mundo. E que, em algum lugar do planeta, há alguém esperando ansiosamente pela realização desse sonho! Letícia acredita nisso com todo o coração. Ela nunca deixa de orar. E é justamente por que ela mesma vibra com a “alegria de perseguir um sonho” que consegue contagiar seus alunos.

No ano passado, Letícia colaborou com alunos do sétimo ano em um projeto inovador: criar, em tablets, materiais visuais e interativos sobre “educação financeira” e “democracia”. Mas o projeto não terminava com a finalização dos materiais. Os alunos saíam da sala de aula e visitavam as casas da vizinhança — previamente solicitadas pela escola a cooperar — para explicar como aquele material poderia gerar valor para elas. Assim, os alunos aprendiam, de maneira prática, que o “valor” só nasce na relação com os outros.

Essa iniciativa recebeu grande reconhecimento no “Projeto de Empreendedorismo Educacional” promovido pela prefeitura, e uma aluna conquistou o prêmio máximo. Letícia também foi homenageada com um prêmio especial na categoria Educador.

Contudo, o maior reconhecimento veio em forma de cartas escritas por seus alunos: “Sua dedicação, empenho e paciência em nos guiar durante todo o processo fizeram toda a diferença”, “Tenho muito a agradecer por toda a sua ajuda e por servir de ombro amigo quando eu precisava”, “O seu jeitinho é encantador, professora!”.

Outros alunos também têm se destacado como futuros empreendedores com valores humanísticos. Exemplo é do estudante que, para desenvolver um aplicativo que permite às pessoas sem os braços se maquiar, realizou diversas entrevistas com atletas paralímpicos.

Em abril deste ano, o site oficial da prefeitura publicou a seguinte declaração: "A teoria pedagógica da criação de valor disseminada pela Soka Gakkai encontrou terreno firme nas escolas municipais de São José".

Confira a declaração aqui .

Em 06 de junho de 2025, aniversário natalício de 154 anos do Prof. Tsunesaburo Makiguchi, Seikyo Shimbun lança série especial sobre as práticas da educação Soka no Brasil. Clique aqui e leia a parte 1 que narra a história da Escola Estadual Eça de Queiroz, em Diadema.