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Crônica

Nunca estaremos sozinhos

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Colaboração

01/11/2023

Nunca estaremos sozinhos

Ao longo dos anos, tenho ouvido falar que, à medida que envelhecemos, nossas amizades tendem a diminuir. Embora tenha observado isso acontecer, sempre achei um pouco estranho, pois sempre tive muitas amizades, dos mais variados níveis de intensidade.

Este ano, li algumas reportagens e estudos falando que no Brasil e no mundo as pessoas têm se sentido mais sozinhas, inclusive com os jovens cultivando cada vez menos amizades.

Um levantamento1 conduzido no Brasil mostrou que um em cada quatro brasileiros não se sente próximo de ninguém e o problema se estende para o mundo todo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de pessoas que não possuem nenhuma amizade aumentou em 400% nos últimos quatro anos.

São várias as razões que podem explicar essas mudanças que vivemos, não é algo simples de definir e muito menos de resolver.

Os ambientes sociais, como o trabalho, a escola, o bar da esquina, o futebol da segunda-feira ou a aula de dança na academia, sempre proporcionaram oportunidades de criar relacionamentos humanos. No entanto, sustentá-los ao longo do tempo, enquanto nossa vida sofre inúmeras transformações, ultrapassa a linha apenas dos interesses comuns.

Certa vez, Ikeda sensei compartilhou o que aprendeu com seu mestre:

O segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, costumava dizer que existem três tipos de amizade: a inferior, a comum e a superior. A amizade inferior baseia-se no dinheiro ou no ganho material. A amizade comum diz respeito aos relacionamentos casuais em que as pessoas são amigas e se ajudam — por exemplo, recomendando um amigo para um emprego. Mas a amizade superior, aquela que realmente se preocupa com os amigos, significa que vocês estão tão preocupados com o bem-estar de seus amigos que anseiam por confrontá-los sobre os aspectos destrutivos e negativos da vida deles e tentam ajudá-los a eliminar as causas da infelicidade que estão cometendo. Espero que todos vocês façam amizades superiores — aquelas que transcendem os sentimentos de gostar ou não gostar. A amizade superior é desejar o melhor para os amigos com todo o coração e se empenhar para crescer e trilhar junto com eles pelo caminho da verdade e da justiça.2

É justamente nos locais das atividades da BSGI que essas amizades superiores florescem. Não porque tudo é perfeito, mas por compartilharmos, de forma sincera, o mesmo espírito de procura pelo Mestre e nossa revolução humana.

Em uma época de relações frias, descartáveis e vazias, encontrar um ambiente com pessoas de diferentes gerações, com vivências distintas e sentir que dividimos o mesmo propósito de vida é um tesouro inestimável.

Nos blocos e nas comunidades, nunca estamos sozinhos — novas pessoas chegam, algumas se mudam, jovens se tornam adultos ao longo dos anos, crianças nascem, alguns veteranos encerram sua existência —, mas esses são constantemente o refúgio seguro de incentivos e de esperança.

Enquanto existirem os blocos e as comunidades da BSGI sempre teremos amizades superiores.

Edjan Santos

Colaboração

Foto: Getty Images

Notas:

1. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2022/12/1-em-cada-4-brasileiros-nao-se-sente-proximo-de-ninguem-diz-estudo.shtml. Acesso em: 16 out. 2023.

2. Brasil Seikyo, ed. 1.588, 20 jan. 2001, p. A3.

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