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Na prática

“Budismo é a própria vida diária”

Imaginemos uma via expressa bastante movimentada de uma grande metrópole. Se estivermos no mesmo nível dessa autovia, os sons dos automóveis, das máquinas de obras e dos autofalantes dos estabelecimentos, por exemplo, podem ser um pouco agressivo aos ouvidos. Além disso, o excesso de agitação é capaz de deixar alguém, que não esteja habituado com a situação, desorientado. Contudo, ao subirmos no topo de um prédio e visualizarmos essa mesma via, os ruídos, antes intensos, ficam quase inaudíveis, e lá de cima o ambiente agitado se torna mais sereno. Essa ilustração mostra que todos, sem exceção, enfrentam desafios cotidianos. A prática budista é o ensinamento que permite às pessoas extraírem sabedoria e energia vital do âmago da vida — muitas vezes inexplorado — para defrontar as adversidades. Dessa forma, a seção Na Prática apresenta o conceito “budismo é a própria vida diária” e revela que analisar os fatos cotidianos de perspectiva elevada é essencial para sobrepujar situações desafiadoras.

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Redação

01/04/2024

“Budismo é a própria vida diária”

Como reagir diante de qualquer evento

Em um de seus escritos, Nichiren Daishonin revela: “A pessoa de sabedoria não é a que pratica o budismo à parte dos assuntos seculares; em vez disso, ela tem plena compreensão dos princípios que regem o mundo”.1 Ou seja, os princípios budistas precisam ser empregados nas diversas atividades cotidianas — podemos considerar que esse comportamento é o próprio exercício budista.

Assim, compreender que “budismo é a própria vida diária” tem importante impacto em como percebemos e reagimos diante de qualquer evento. Pois, aprendizados e oportunidades construtivas dessas situações, a expressão da “sabedoria budista” oriunda da prática da fé, seguramente serão alcançadas. Por essa razão, tudo pode ser convertido em felicidade, tal como afirma o presidente Ikeda: “O Myoho-renge-kyo é a Lei suprema da existência humana e a força original das atividades da vida que contempla todos os fenômenos do Universo. Na vida diária embasada nessa suprema Lei ocorrem indescritíveis e grandiosos benefícios”.2

À vista disso, vamos entender como alcançar uma condição de vida interior elevada.

Realize a prática budista diariamente

A Lei Mística é a força original de todas as atividades da vida, assegura o presidente Ikeda. Realizar a prática budista diariamente (recitar gongyo e daimoku com máxima seriedade; estar em contato com pessoas valorosas, como os membros da organização local; aprofundar-se no estudo dos princípios budistas; e absorver os direcionamentos do nosso mestre, Daisaku Ikeda), nos possibilita fortalecer a vida no sentido mais profundo, compreendendo os fatos frequentes com atitude mental positiva. Ikeda sensei diz: “Mantendo firmemente os pés no solo da vida diária, avancemos, de forma constante, vencendo dia a dia. Esse é um caminho repleto de esperança, que conduz a uma vida sólida, um tesouro consistente em contraste com devaneios”.3

Por isso, é fundamental conduzir as ações diárias tendo como força motriz os elementos da prática da fé citados. Ainda que as circunstâncias em determinado momento pouco avancem, o importante é jamais desistir, tampouco lamentar. Com o exercício budista, mesmo diante dos mais dolorosos dramas da vida, é possível enxergar todos os fatos cotidianos de uma perspectiva confiante.

Rumo à revolução humana

Incontáveis membros da Soka Gakkai, desde a sua formação em 1930, comprovaram que “budismo é a própria vida diária”. Em certa ocasião, o presidente Ikeda rememorou os incentivos do seu mestre a respeito desse conceito:

Toda sensei também nos ensinou que mediante nossos esforços para aplicar a prática da fé na vida diária ao mesmo tempo que lidamos com todos os tipos de problemas, podemos estabelecer uma condição de felicidade absoluta na qual o próprio fato de estar vivo já é uma alegria. Nada o deixava mais satisfeito do que ouvir relatos de experiência de membros progredindo em sua revolução humana e transformando o carma.4

Nesse sentido, apresentamos brevemente a história de Hazel Williams, integrante da SGI-Reino Unido. Com uma condição rara, ela descreve como sua prática budista a ajuda a encontrar alegria todos os dias.

Viver cada momento ao máximo

Há cerca de [treze anos], fui apresentada ao Budismo Nichiren por um homem totalmente cego, que era verdadeira inspiração para os outros. Durante a nossa conversa, algo realmente ressoou dentro de mim. Desejava absorver um pouco de sua positividade, de sua atitude de busca alegre e do seu entusiasmo pela vida.

Participar de reuniões de estudo e de diálogo, nas quais pude aprofundar minha compreensão da filosofia budista e falar sobre a vida, encheu-me de nova energia que não havia sentido antes.

Nos anos seguintes, estive presente em quase todas as reuniões da SGI-Reino Unido. Os membros exalavam energia dinâmica, perseverança, coragem, força, além de verdadeira alegria e felicidade. Eles eram como minhas lanternas iluminando meu caminho. O apoio deles era como as raízes de uma árvore interligadas no solo.

Foi gratificante participar de conversas sinceras e de profundos diálogos. As reuniões de incentivos me cativaram, revelando como os membros aplicavam a prática budista na vida diária para superar desafios difíceis e, ainda assim, se mantendo otimistas.

Enfrentando uma doença incurável

Ao longo da minha vida, eu tive alguns problemas de saúde. Há [sete anos], minha condição física se agravou rapidamente e, passados esses anos, o médico me disse que não havia cura. Tudo o que poderiam fazer era proporcionar o máximo de conforto possível para mim. Sofro com uma condição rara chamada síndrome da cabeça caída, que me impede de erguer a cabeça do peito. Apenas quinze centímetros da minha coluna podem se mover, e essa mobilidade está diminuindo de forma progressiva. Por [sete anos], tenho vivido confinada em casa, dependendo da ajuda de cuidadores que me assistem duas vezes por dia.

Então, como posso comprovar os benefícios desta prática budista na vida diária? Assim que acordo, fico na porta de casa, agradeço por mais um dia e sorrio para o mundo. Meu espírito nunca foi tão positivo. Tenho grande entusiasmo pela vida. Afinal, meu nome do meio é Joy [Alegria]! A vida é maravilhosa, verdadeiramente alegre e feliz.

Há tantas pequenas coisas para apreciar e pelas quais sentir gratidão. Muitas pessoas, incluindo meus cuidadores, me perguntam como consigo manter uma postura tão positiva. Com orgulho, respondo que é porque pratico o Budismo Nichiren.5

Com a prática budista, os desafios imediatos serão ultrapassados

Como vimos ao longo do texto, “budismo é a própria vida diária”. Ou seja, os fundamentos essenciais da prática budista devem ser manifestados no próprio comportamento de quem o aplica. Como observamos no relato de Hazel Williams, mesmo diante de uma grave doença, ela não permite se sentir desencorajada. Levando isso em consideração, Ikeda sensei assevera: “O budismo é um ensinamento que está de acordo com o bom senso e a razão, e existe para que possamos ter uma vida mais sadia, feliz e produtiva”.6

Conforme mencionado nos tópicos anteriores, isso significa que o exercício diário da fé nos possibilita manifestar uma condição interior elevada, como se enxergássemos os desfios cotidianos com sabedoria e sensatez, tanto na maneira como nos relacionamos com as pessoas ao redor quanto no modo como cuidamos da saúde mental e física, e até como organizamos as finanças pessoais. A sabedoria budista deve ser aplicada em todos os aspectos do cotidiano. Ainda que não estejamos no topo do prédio (como ilustrado no início deste texto), o importante é jamais desistirmos e não lamentarmos. Certamente, com a nossa vitória, aqueles que enfrentam dramas parecidos se sentirão impelidos a vencer também. Não devemos nos esquecer de que, com a prática budista, os desafios imediatos serão ultrapassados, mas, indubitavelmente outros irromperão, e logo se desvanecerão.

Notas:

1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin . São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v.II, p. 389, 2017.

2. IKEDA, Daisaku. Revolução Humana . São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2022. p. 94.

3. Terceira Civilização , ed. 668, abr. 2024, pág. 52.

4. Ibidem, pág. 56.

5. Disponível em: https://www.sokaglobal.org/practicing-buddhism/personal- Experiences/living-every-moment-to-the-fullest.html. Acesso em: 14 mar. 2024.

6. Brasil Seikyo , ed. 1.727, 6 dez. 2003, pág. A2.

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