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Especial

A Longa e Distante Correnteza do Amazonas - 30 Anos

Em 21 de fevereiro de 1987, foi inaugurado o Auditório Presidente Ikeda da BSGI (atual Auditório da Paz do Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, São Paulo). Na ocasião, foi apresentado o poema A Longa e Distante Correnteza do Amazonas, dedicado pelo líder da SGI aos integrantes da BSGI. Ele retrata sua ligação com a BSGI, louva o empenho dos veteranos em prol do kosen-rufu do país e estabelece as diretrizes para todos os associados, especialmente para os jovens.

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18/02/2017

A Longa e Distante  Correnteza do Amazonas - 30 Anos

Foi realmente

Como uma tempestade me envolvendo...

Um turbilhão

De ardente paixão e emoção...

É pique! É pique! É pique! 

É hora, é hora, é hora...

25 de fevereiro de 1984, 

Ensaio Geral do Grande Festival Cultural do Brasil...

O brado audaz da vida

Dos jovens do paraíso do samba

Estremeceu o imenso Ginásio de Esportes.

Sorrisos, lágrimas vozes jubilosas 

De vocês, deles e delas,

Pareciam preencher o intervalo de 18 anos

Vividos, dia após dia, com intensa ansiedade.

Este espetáculo

Por mim jamais será esquecido.

Como um grande panorama, 

No meu coração,

Que percorria a plateia,

Ressurgia vivamente os dias de intempéries do passado.

No ano de minha posse como terceiro presidente, 

Acalentando no meu íntimo as orientações do 

venerado Mestre,

Lancei-me na caminhada do kosen-rufu 

mundial,

E cravei meu passo no solo de São Paulo.

O meu corpo estava desgastado e febril, 

Talvez, pela longa viagem pelo estrangeiro.

Houve vozes aconselhando-me

A deixar a visita para outra ocasião.

Todavia, 

O Brasil seria o pilar do kosen-rufu da América do Sul,

O esteio do hemisfério sul.

Lá, encontravam-se companheiros que me 

aguardavam ansiosamente.

Encorajando e incentivando a mim mesmo,

Assinalei o primeiro histórico passo nessa terra.

No final da longa jornada aérea, 

No aeroporto, às 2 horas da manhã,

Encontrei dezenas de pessoas que me aguardavam madrugada adentro.

Munindo-me de coragem e empregando toda a minha força, 

Trocamos diálogos e incentivos mútuos,

Chegando a registrar a auspiciosa fundação de 

um distrito,

Com o forte desejo de fincar a cunha da Lei Mística

Firme e profundamente no vasto solo do futuro. 

A partir desse dia, 

O eco da sinfonia da paz se elevou

Por todo o Brasil, a Terra do Sol

Descortinando a nova vida na história pioneira.

O tempo passou... 

A nova visita ocorreu em março de 1966.

No morro do Corcovado do Rio de Janeiro,

Juventude com os saudosos companheiros,

O juramento de um futuro magnificente.

O aspecto de sua árdua luta, 

Na vastidão imensa dessa terra,

Como uma joia preciosa,

Jamais se afastou da minha mente,

Nem por um momento sequer.

Oito anos depois — março de 1974. 

Recebendo o convite para uma nova visita,

Parti rumo à travessia do continente americano

Acalentando no coração a alegria, com todos, 

reencontrar-me.

Contudo, ou talvez pela providência do tempo, 

Um contratempo interpôs-se a essa viagem

E a terceira visita deixou de concretizar-se.

A tristeza de vocês, exaurida de lágrimas,

Foi um sofrimento para mim também.

Ah! Quantos vales e montanhas de provações... 

O tempo seguiu o seu curso e a época amadureceu.

Veio 1984!

Naquele dia,

Estremecendo todo o ginásio,

Resplandeceu intensamente o Grande Festival Cultural.

Oh! Meu Brasil! 

Céu e terra que tanto amo!

Solo da paixão,

Nação da esperança e

País do futuro.

Neste grandioso e rico chão

Diferentes raças e

Variadas culturas,

Diversos costumes e

Diversificada natureza e clima exuberantes.

Esses variados fatores mesclam-se em harmonia 

Neste Brasil — República Federativa.

As pessoas denominam isto:

Unidade dentro da diversificação.

Na jornada do caos para o cosmo — nossa meta 

comum, 

Promovendo o aprimoramento recíproco e

Restituindo a vida a cada indivíduo,

Eis a terra das potencialidades do século 21,

Que encerra a vitalidade

Juvenil, mas ígnea como o magma.

Ah! Meus pais e mães dos tempos iniciais 

Que descerraram o alvorecer magnífico

Do kosen-rufu deste Brasil.

Levantando-se dessa terra de crises, 

Acreditando, sempre, um ver a aurora de glórias

Acionando silenciosamente a enxada do 

desbravamento.

Oh! Meus respeitosos senhores e senhoras.

A espessa parede do idioma,

O profundo abismo das raças,

Por vezes, impedindo o diálogo de mútuo incentivo.

Certamente, houve dias em que, perplexos, 

Ficavam tão somente a fitar o extenso campo sob o sol ardente,

Segurando a enxada da propagação dos 

ensinamentos.

Houve também longos dias de perseverança 

À espera do céu azul do kosen-rufu,

Uns amparando os corpos dos outros

Da chuva cruel e impetuosa.

Entretanto, 

Estimulando a si mesmo e erguendo-se 

decididamente,

Nutrindo no coração o Sol do Monarca,

Os senhores iniciaram a marcha da convicção

A fim de executar a sinfonia da felicidade.

Nas vilas das íngremes cadeias de montanhas, 

Nas aldeias das florestas de profundo silêncio e

Nas agitadas cidades onde ressoam as marteladas das construções,

Ponto a ponto, a luz da Lei Mística foi acendida,

E, esta luz da felicidade estendeu-se para todo o Brasil.

Em toda a eternidade, essa história jamais haverá de ser destruída.

Oh! Meus desbravadores do kosen-rufu, 

O caminho aberto com lágrimas

Tornou-se, hoje, a inabalável e imensa estrada da paz.

A planta cultivada com suor

Tornou-se, hoje, uma grande árvore de frutos da 

felicidade.

Esse labor e tormento 

Haverão de se converter em ilimitada boa sorte

Beneficiando eternamente gerações e mais gerações

Com o radiante luzir dos raios ofuscantes.

E os jovens companheiros, 

Herdeiros desse sublime espírito,

Dispõem-se a desbravar ainda mais amplamente esse caminho,

E percorrem triunfantemente pelo Brasil — o paraíso da esperança.

Ouçam! 

Ouçam os passos de avanços dos jovens,

Que ao ritmo do dinâmico samba

Ecoando pela vastidão do céu

Fazem estremecer esta grande terra.

Vejam! 

Vejam o ardor dos jovens de salvar este mundo,

Resplandecendo e transformando no sol da paixão,

Anunciam o despontar no horizonte

O amanhã do Infinito Passado.

Meus jovens e minhas jovens, 

Conforme as parábolas da “Madeira flutuante” e da “Flor de Dongue”,

Nós compartilhamos uma profunda relação

E juntos comparecemos à fileira dos filhos do Buda.

O ensinamento de Daishonin é o “Budismo do Sol”. 

Assim, sendo

A nossa crença também deve ser como o Sol.

O movimento do Sol 

É uma continuidade cotidiana

Dia após dia, ano após ano.

Ao amanhecer, ele desponta com seu aspecto 

imponente

E cruza o céu proporcionando luz e calor

Para depois pôr-se no oeste.

Ontem, hoje e amanhã,

Sendo observado ou não

Ele continua sua órbita simples e regular

Jamais quebrando o ritmo de sua evolução.

Da mesma forma,

A nossa jornada da “prática da fé é a própria vida diária”

Na contínua construção do eterno kosen-rufu

Também deve seguir o mesmo ritmo.

Ilimitados e abundantes, 

O brilho e a magnanimidade do Sol

São a fonte da força do crescimento de tudo.

Sem esta energia.

As plantas, os animais e inclusive o homem

Não poderão viver nem mesmo por um dia.

Tudo que manifesta vida tem como mãe o Sol.

Apesar de observar as mesquinhas discórdias e 

hostilidades dos homens

Ele os aquece

E, espera o tempo, cria a época e

Adianta altivos passos de gigante.

A ardente fé coloca em evidência 

A nobre personalidade e o humanismo.

O nosso caminho de monarcas da confiança

Como homens soberanos

Assim deve ser.

O sol jamais desfaz o sorriso de sua face. 

Há ocasiões que espessas nuvens cinzentas,

Talvez, por ódio ou temor,

Tentam esconder esse sorriso e seus raios 

benevolentes.

Há também momentos em que

Chuvas e tempestades atacam-no violentamente.

Porém, ninguém é capaz de roubar 

O seu sorriso fecundo e o seu calor.

Da mesma forma como o ímã atrai o ferro,

Em sua volta multiplicam-se grandes botões de flores

De sorrisos e mais sorrisos,

Dos quais ele é sempre o mensageiro.

Na terra do exílio em Sado, 

Ante a voraz perseguição,

Com um sorriso, disse serenamente:

“Não posso conter o meu grande júbilo”. 

A nossa atitude como discípulos do Buda Original

Assim deve ser.

Meus jovens, 

Pioneiros da vanguarda

Que exultam no paraíso do futuro,

Amem as pessoas e

Estendam a boa vontade a todos.

Colham assim valentemente

A felicidade reunida de além das mil milhas.

A verdadeira religião 

É a religião para o ser humano.

A verdadeira religião

É a religião para a paz.

A verdadeira religião

Tem como princípio

Contribuir para a prosperidade social.

Assim sendo, 

Nós, budistas,

Devemos nos tornar exemplos para a sociedade,

Como excelentes cidadãos

Visando a paz e prosperidade perenes

Deste Brasil, pátria que tanto amamos.

Esse é o propósito de nossa crença.

Uma pessoa de crença 

Imbui-se de autodisciplina.

No centro da bandeira de sua Pátria,

De verde exuberante,

Destacam-se claramente as palavras 

“Ordem e Progresso”. 

Progresso sem ordem 

É sinônimo de tumulto.

E ordem sem progresso

É estagnação e inércia.

“Ordem e Progresso”

“Regra e Liberdade”

“Dever e Negligência”

Estas palavras são conjuntos de antagonismo ­—

Vetores eternos quando abandonados.

Entretanto,

A força motriz

Da prosperidade e progresso saudáveis da sociedade

Que cria o equilíbrio entre as partes,

Não é senão a autodisciplina —

A força verdadeira da crença.

Além disso, exatamente aí, 

Sabemos que existe o desígnio do dito sagrado

“Myo é o princípio da revivescência”.

Oh! Grande e Majestoso Amazonas, 

Em seu leito corre abundante volume d´água.

E, essa correnteza, nascida de uma gota,

Atravessa montanhas e vales,

Transformando terras ressequidas

Em solos verdes e floridos.

Lavando a selva de suas margens,

Abarca incontáveis afluentes.

Esse volume d´água ilimitado,

Percorre uma longa jornada.

O avanço do nosso kosen-rufu 

Sereno e magnificente,

É como esse grande rio.

Juntando inúmeras correntes de pessoas,

Abrindo extensos campos e vales e

Dominando ondas bravias,

A sua meta é o grande oceano da benevolência.

Oh! Meus jovens heróis de sublime missão, 

Que bailam em chão brasileiro,

Sejam Majestosos como o Amazonas!

Sejam Imponentes como o Amazonas!

E construam o grande rio do eterno kosen-rufu

Como o Amazonas, que nunca conheceu a interrupção.

Além disso, regando a grande terra do povo 

E fazendo soprar ventos da paz e tranquilidade,

Cultivem o jardim da perene felicidade.

Em 21 de fevereiro de 1987

Às 13 horas e 24 minutos

Em Miami, Estados Unidos

Dedico este poema orando pela felicidade dos 

companheiros e pela prosperidade do Brasil. 

Daisaku Ikeda

Presidente da Soka Gakkai Internacional

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