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há 3 dias
Academia Magia da Leitura da Coordenadoria Educacional da BSGI
Relatório sobre a Educação no Brasil [parte 6]
Redação
28/10/2025

Participantes felizes da Academia Magia da Leitura (Centro Cultural Centro-Leste, em São Paulo, SP). Fotos: Seikyo Shimbun
Por que conversar aqui desperta a vontade de ler livros?
Existe um programa no Brasil em que qualquer pessoa pode se tornar um “mago”. Usando a magia, é possível viajar para qualquer país num piscar de olhos, ir ao passado ou ao futuro com total liberdade. O nome desse programa é Academia Magia da Leitura — promovida em todo o país pela Coordenadoria Educacional da BSGI. Em vez de uma varinha mágica, os participantes seguram um livro, e, ao virar as páginas, o poder misterioso da imaginação começa a brilhar. Em um dos encontros da academia, foi feita a seguinte pergunta: “A partir da palavra ‘monstro’, que imagem vem à sua mente?”.
Encontros realizados regularmente em 182 locais pelo país
Convidando e sendo convidado ao mundo encantado dos bons livros
A pergunta sobre o “monstro” foi seguida por uma descrição de suas características: “Tem orelhas pontudas, boca grande. Os braços são longos, mas as pernas são curtas. E tem uma áurea charmosa…”.
No dia 24 de março deste ano, às 19 horas (horário local), numa sede regional da Soka Gakkai, localizada na cidade de São José dos Campos, SP, crianças e adultos sentaram-se lado a lado em cadeiras dispostas com cuidado, todos ouvindo atentamente. O facilitador da Magia da Leitura fez o convite: “Agora, vamos desenhar o monstro que cada um imaginou!”.
Ao compartilharem os desenhos, surgem reações como: “Nossa! O seu é diferente do meu!”. E risadas se espalham pelo ambiente. O facilitador comenta: “Mesmo diante das mesmas palavras e frases, as imagens que surgem na mente de cada um de vocês são diferentes, não é?”.
Com a leitura é igual. Mesmo quem tem dificuldade com textos, ao se acostumar com a leitura, começa a ver cada letra ganhar vida na mente. Árvores verdes se alinham em fileiras, flores vermelhas e amarelas desabrocham, a neve branca cai suavemente, o mar azul se estende. Sons e vozes são ouvidos, até aromas parecem surgir. “É como se fosse mágica, não é? Esse é o poder da ‘imaginação’ cultivado pela leitura.”
Nesse dia, foi realizada a primeira aula da academia, marcando o início de um ciclo de aprendizado de um ano. Os membros da Coordenadoria Educacional lançam primeiro um “encantamento” nos “alunos”, despertando neles a vontade de ler. E os convidam, de forma divertida, a entrar no rico mundo dos bons livros.
Para todas as gerações
Atualmente, a Academia Magia da Leitura é realizada em 182 locais pelo Brasil, com frequência de uma vez a cada um ou dois meses. A participação é gratuita e aberta a todas as gerações, basta querer.
Os participantes dedicam tempo à leitura de um livro por vez. Os títulos variam conforme a região, indo desde obras mais fáceis de ler, como O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, e O Diário de Anne Frank, até livros como Cidade Eterna, de Hall Caine, e clássicos da literatura brasileira.
O grande diferencial da academia é que qualquer pessoa pode participar, em qualquer lugar, e de forma prazerosa.
No Brasil, país de dimensões continentais, as desigualdades econômicas e educacionais entre regiões são significativas. Há também diferenças nas habilidades de leitura e de escrita dos participantes. Mesmo assim, a Coordenadoria Educacional consegue criar um ambiente de aprendizado em que ninguém é deixado para trás, graças à rica experiência acumulada com base no sistema educacional Soka.
Desde 1987, a Coordenadoria Educacional realiza movimentos de alfabetização. Na época, mais de 20% da população na faixa de 15 anos ou mais era analfabeta. E foi desenvolvido um programa educacional que permitia a conclusão do ciclo de alfabetização, equivalente ao ensino fundamental 1, em quarenta horas, voltado para adultos.
As políticas do governo federal também contribuíram, e hoje a taxa de analfabetismo caiu para 5,3%. Por outro lado, surgiu um novo desafio: cerca de 30% da população tem dificuldade em compreender corretamente os textos que lê, ou seja, é considerada analfabeta funcional, segundo pesquisas recentes.
Para enfrentar esse desafio social, em 2007, a Coordenadoria Educacional iniciou esse movimento chamado Academia Magia da Leitura.
Kai-ji-go-nyu — “abrir, revelar, despertar e conduzir”
A Academia Magia da Leitura é, na verdade, a cristalização da longa trajetória de pesquisa e prática do sistema educacional Soka.
Exemplo disso é a aplicação do princípio kai-ji-go-nyu, ensinado no capítulo “Meios Apropriados”, do Sutra do Lótus, que se reflete na forma como o aprendizado é conduzido ao longo de um ano. Esse método foi utilizado pelo primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, em suas aulas durante a carreira como educador.
Primeiro, kai — “abrir”. Na academia, abre-se o coração dos participantes para o mundo da leitura. Isso é feito com atividades introdutórias criativas, como a pergunta sobre o “monstro” mencionada no início do artigo ou com o uso de vídeos e músicas que despertam curiosidade e entusiasmo.
Em seguida, ji — “revelar”. Apresenta-se, de forma clara e envolvente, o tema e o enredo do livro. O objetivo é fazer com que a pessoa, mesmo que tenha dificuldade com leitura, sinta: “Acho que consigo ler isso!”, criando um ambiente de acolhimento e de confiança.
Prosseguindo, go — “despertar”. Durante o processo de leitura, os participantes compartilham suas impressões, respondendo a perguntas como “O que mais o emocionou?”, “O que foi difícil de entender?”. Eles escrevem textos para apresentação e, ao ouvirem os outros, descobrem novas maneiras de interpretar: “Ah, então dá para ver por esse ângulo!”, “Essa leitura faz sentido!”. Assim, aprofundam sua apreciação da obra e desenvolvem, sem perceber, habilidades de leitura, escrita e expressão oral.
Por fim, nyu — “conduzir”. A leitura torna-se um hábito, permitindo que o aprendizado seja aplicado à vida cotidiana e promovendo um fluxo de ações motivadas por iniciativa própria. Surge nos participantes o desejo de não apenas receber a magia da leitura, mas também de transmiti-la aos outros.
Há diversos relatos inspiradores de pessoas que tinham dificuldade com a leitura e a escrita e que, após participarem da academia, seguiram carreira na educação ou até publicaram coletâneas de poemas. Uma dessas histórias é a de uma integrante da Soka Gakkai.
A história de uma vovó do Rio que foi encantada pela “magia da leitura”
Era uma vez… bem, melhor dizer, há cerca de vinte anos, essa história começou.
No Rio de Janeiro, vivia uma senhora chamada Maria de Lourdes Davi da Silva. Na época, ela tinha 70 anos e, desde pequena, não sabia ler. Devido a dificuldades econômicas, ela não pôde frequentar a escola como gostaria. O Brasil tem uma história marcada por desigualdades, como o sistema escravocrata que perdurou até o fim do século 19 e o regime militar (1964–1985), que negligenciaram a educação.
Foi então que Dona Lourdes conheceu o programa de alfabetização da Coordenadoria Educacional da BSGI. E, aos poucos, aprendeu a ler.
Mais tarde, ela participou da Academia Magia da Leitura junto com a filha mais velha, Rejane Pereira da Silva Delgado. Dona Lourdes recebeu o “encantamento” e passou a amar a leitura.
Ela dizia: “Aqui todo mundo parece feliz. Crianças e adultos aprendem juntos, incentivando-se mutuamente. Por isso, eu também fico animada e sinto vontade de ler mais livros”.
A rotina da Dona Lourdes incluía a leitura completa do jornal Brasil Seikyo, logo após o gongyo da manhã. Com os olhos brilhando como os de uma menina, dizia à filha: “Os discursos e os romances de Ikeda sensei são incríveis, não são? Tudo o que eu quero saber está escrito aqui!”.
O presidente Ikeda disse certa vez: “A diferença entre quem conhece a alegria da leitura e quem não conhece é imensa — na profundidade e na grandeza da vida”.
Quando saía para passear, o que não faltava na bolsa da Dona Lourdes era o Brasil Seikyo. A cada pessoa que encontrava, mostrava o jornal e, com alegria, espalhava sua “magia”.
Aos 81 anos, ao encerrar a última página de sua vida, a filha Rejane sussurrou-lhe ao ouvido: “Mamãe, a senhora foi uma pessoa feliz, não é mesmo?”.
Hoje, Rejane atua como uma das líderes da Coordenadoria Educacional, espalhando a magia da leitura que a mãe tanto amou por todo o Rio de Janeiro.
Algumas fotos dos integrantes da Coordenadoria Educacional da BSGI
Coordenadoria Educacional da BSGI – Rio de Janeiro
Encontro Educadores Soka – Polo Sub. Grande ABC
Responsáveis Coordenadoria Educacional da BSGI
Academia Magia da Leitura realizada na sede regional de São José dos Campos, SP
Clique aqui e leia a parte 1 que narra a história da Escola Estadual Eça de Queiroz, em Diadema.
Clique aqui e leia a parte 2 que narra a história da cidade de São José dos Campos — Uma cidade onde os ideais dos Três Mestres Soka estão enraizados nas escolas.
Clique aqui e leia a parte 3 que narra a história Rio de Janeiro — Seja o farol que ilumina o “Porto da Esperança”.
Clique aqui e leia a parte 4 que narra a história Santana de Parnaíba — a matemática pode tornar as pessoas felizes?.
Clique aqui e leia a parte 5 que narra o desenvolvimento do Colégio Soka do Brasil
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