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Estudo

[58] Compartilhar o Budismo Nichiren — tarefa sagrada de enorme compaixão para concretizar a nossa felicidade e a dos outros

Explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda

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Dr. Daisaku Ikeda

03/04/2023

[58] Compartilhar o Budismo Nichiren — tarefa sagrada de enorme compaixão para concretizar a nossa felicidade e a dos outros

Explanação

O dia 11 de fevereiro deste ano [2020] assinala o 120º aniversário de nascimento do meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda.

Esse grande líder do shakubuku conclamou aos seus amados discípulos: “Meus amigos bodisatvas da terra, vamos assumir este desafio [de tornar o kosen-rufu realidade]!”.

Realizar o shakubuku e a propagação dos ensinamentos é a nobre missão da Soka Gakkai, organização da ordem e do desejo do Buda, como legião de bodisatvas da terra incumbida por Nichiren Daishonin de concretizar o kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei.

Essa missão constitui a essência e a linha vital do Budismo Nichiren, que nos habilita a consolidar a nossa felicidade e a de outras pessoas.

Luta conjunta de mestre e discípulo para propagar a Lei Mística

Durante o rigoroso inverno de 1952, instei meus companheiros do Distrito Kamata de Tóquio a celebrar fevereiro, mês de nascimento de Nichiren Daishonin [16 de fevereiro] e de Toda sensei [11 de fevereiro], alcançando um novo recorde de propagação.

Como discípulo do grande mestre do kosen-rufu, Josei Toda, eu estava determinado a saldar minha dívida de gratidão com ele, ampliando, de modo significativo, o quadro de membros da Soka Gakkai. Esse esforço mais tarde passou a ser conhecido como Campanha de Fevereiro,1 na qual obtivemos um progresso impressionante em nosso movimento pelo kosen-rufu.

Promover o avanço do kosen-rufu é a melhor maneira possível de quitar nossa dívida de gratidão com o mestre.

A propagação da Lei Mística é “a única lembrança de sua existência neste mundo humano”

Daishonin escreve: “Recite Nam-myoho-renge-kyo com atitude resoluta e sincera, e recomende com veemência aos outros que façam o mesmo; isso permanecerá como a única lembrança de sua existência neste mundo humano” (CEND, v. I, p. 66).

A prática da recitação e da propagação do Nam-myoho-renge-kyo não apenas põe os outros na rota da felicidade, mas também imbui nossa própria vida de boa sorte e benefícios. É o caminho direto para a felicidade — de si e dos outros.

Nossos esforços em propagar a Lei Mística contêm todos os aspectos da prática budista e constituem a expressão máxima da fé.

Nesta oportunidade, examinemos a missão e a convicção da Soka Gakkai cujos membros empreendem o diálogo budista alegremente ao redor do mundo visando concretizar a felicidade para as pessoas.

Trecho do escrito 1

Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente2

Ponto 3, com relação à passagem “Se um desses bons homens ou uma dessas boas mulheres, na era posterior à minha morte, for capaz de expor secretamente o Sutra do Lótus a alguém, ainda que seja uma única frase, então, deve reconhecer que essa pessoa é a emissária d’Aquele que Assim Chega. Essa pessoa foi enviada por Aquele que Assim Chega e executa o trabalho d’Aquele que Assim Chega”. [LSOC, cap. 10, p. 200]

O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente diz: O praticante do Sutra do Lótus que age como “emissário d’Aquele que Assim Chega” é Shakyamuni e “o trabalho d’Aquele que Assim Chega” é o Nam-myoho-renge-kyo.

“Aquele que Assim Chega” também se refere aos seres vivos dos dez mundos e dos três mil mundos. Agora, Nichiren e seus seguidores, que hoje recitam Nam-myoho-renge-kyo, são os verdadeiros emissários. (OTT, p. 82-83)

Todos nós nascemos como emissários do Buda

Cada um de nós nasceu nesta época específica, em nossos respectivos lugares como um emissário do Buda. Como mestre e discípulos, como companheiros de fé, unidos por profundos laços cármicos, estamos desfrutando nossa existência juntos dedicados a uma nobre missão compartilhada.

A passagem do Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, apresentada acima, afirma que, à luz do Sutra do Lótus, Nichiren Daishonin e seus seguidores que estão propagando a Lei Mística nos Últimos Dias da Lei são os “verdadeiros” emissários do Buda.

Declara ainda que “‘Aquele que Assim Chega’ também se refere aos seres vivos dos dez mundos e dos três mil mundos” (OTT, p. 83), demonstrando que nós, seres vivos, somos todos originalmente “Aqueles que Assim Chegam”; em outras palavras, budas.

O “emissário d’Aquele que Assim Chega”, portanto, não é algum ser especial. Qualquer um que tenha fé no Gohonzon, recite Nam-myoho-renge-kyo e incentive outros a fazer o mesmo está executando o trabalho “d’Aquele que Assim Chega”, que o torna um “verdadeiro emissário do Buda”.

Os benefícios de “plantar a semente para fazer ouvir a Lei” são os mesmos de “plantar a semente para despertar a fé”

Toda sensei devotava o mais alto louvor aos membros que compartilhavam o budismo com os outros. Ele dizia: “Sempre enalteço aqueles que realizam shakubuku e participam das atividades da Soka Gakkai, pois eles estão pondo em prática a essência do Budismo Nichiren”.

Encorajando calorosamente os nobres membros que encontravam dificuldade em obter resultados na propagação, ele afirmava: “Não se preocupem. Os benefícios que se obtém ao ‘plantar a semente para despertar à fé’ em que a pessoa começa a praticar de imediato e os de ‘plantar a semente para fazer ouvir a Lei’ são os mesmos. Chegará o dia em que seus esforços produzirão frutos; portanto, continuem plantando as sementes”.

O espírito de realizar o shakubuku, quer comecemos, quer não a colher resultados imediatos, é o espírito do Buda. Tais esforços em si constituem o empreendimento sagrado de permitir que todas as pessoas atinjam a felicidade, o que consiste no desejo do Buda. Conquistaremos, desse modo, imensuráveis benefícios infalivelmente.

Mesmo que suas tentativas de compartilhar o budismo enfrentem críticas decorrentes da falta de compreensão das pessoas, o fato de vocês terem partido para a ação plantará raízes de boa sorte em sua vida. O segredo é manter um coração aberto e continuar dando o melhor de si, orando para que sua sinceridade toque o coração dos outros e para que cumpra sua missão neste mundo como emissário do Buda. Todos os seus esforços habilitam os outros a formar um vínculo com o budismo. Tudo o que vocês necessitam fazer é compartilhar alegremente sua fé.

Tanto a pessoa que fala sobre o budismo como a que ouve sobre ele receberão benefícios. Lembrem-se de que “A voz executa o trabalho do Buda” (OTT, p. 4).

Habilitar todos a alcançar a condição de felicidade absoluta

Toda sensei foi preso por defender suas crenças e privado de sua liberdade física pelas autoridades militaristas durante a Segunda Guerra Mundial. Na prisão, ele alcançou a percepção de que era, efetivamente, um bodisatva da terra que havia participado da Cerimônia no Ar3 descrita no Sutra do Lótus.

Por esse despertar que experimentou no cárcere, Toda sensei desenvolveu a poderosa convicção de que “Eu sou bodisatva da terra!”. Aquele momento de sua iluminação na prisão abriu o caminho para o nosso movimento pelo kosen-rufu mundial de hoje.

Ele então decidiu que se dedicaria a ajudar as pessoas a despertar para a sua missão como bodisatvas da terra, para o orgulho de ser emissárias do Buda, assim como ele havia feito em sua cela.

Toda sensei não pedia para seus discípulos realizarem shakubuku. Em vez disso, empenhava-se para capacitá-los a atingir uma condição de felicidade absoluta em que o próprio fato de estar vivo era uma alegria. Para isso, instava-os a viver como emissários do Buda.

Viver com base no Nam-myoho-renge-kyo

Certa vez, perguntei a Toda sensei se o ato de fazer shakubuku nos outros não implicaria, na verdade, realizar shakubuku em nós próprios.

Ele respondeu discorrendo sobre a essência do Budismo Nichiren, declarando que, quando ensinamos aos outros a respeito do Budismo Nichiren, estamos vivendo com base no Nam-myoho-renge-kyo. Simples assim, e isso é tudo; não há técnica ou macete envolvidos, acrescentou.4

Como é maravilhosa a expressão “viver com base no Nam-myoho-renge-kyo”!

Significa que estamos nos dedicando à nossa missão como emissários do Buda, como bodisatvas da terra, que o espírito de realizar shakubuku se encontra no cerne da nossa vida. Quando isso acontece, a grandiosidade do budismo se torna aparente em nossa atitude em relação à vida e em nossa visão da vida e da morte. Contanto que esse orgulho e essa convicção em nossa fé constituam nosso âmago, desejaremos naturalmente falar sobre como é maravilhosa a nossa prática. Ao mesmo tempo, poderemos demonstrar a veracidade do budismo mediante nosso exemplo. É isso que se refere a alinhar nossa vida ao ritmo do Nam-myoho-renge-kyo.

Nunca, nem por um instante sequer, estamos separados da condição de vida do estado de buda. Ela está sempre conosco, presente em nós, e é una a nós. O Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente diz: “A natureza de buda e o corpo do buda não são nada além dos corpos e mentes que constituem os seres vivos” (OTT, p. 236). Portanto, invariavelmente atingiremos uma condição de vida na qual empregaremos livremente a sabedoria, o poder e a coragem do Buda.

A vasta energia vital do Buda flui profusamente

Toda sensei declarou: “Realizar shakubuku nos Últimos Dias da Lei significa simplesmente decidir ‘Minha vida não é nada a não ser Nam-myoho-renge-kyo!’”. 5

Somos mortais comuns submersos em todos os tipos de problemas, esforçando-nos ardentemente para navegar pelos mares turbulentos da sociedade. Mas quando assumimos o desejo de Daishonin de realizar o kosen-rufu, a propagação benevolente da Lei, como nossa missão, desbloqueamos uma poderosa energia vital capaz de vencer até as mais ferozes investidas do destino. A condição de vida do Buda flui profusamente momento a momento.

Uma das passagens do Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente que o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, mais apreciava é: “O Buda do verdadeiro aspecto da realidade reside em meio à lama e ao lodo dos desejos mundanos. Isso se refere a nós, seres humanos” (OTT, p. 91).

Daishonin nos garante que podemos ultrapassar todos os obstáculos e desenvolver uma condição de ilimitada felicidade que perdurará pela eternidade, e os benefícios serão transmitidos até a geração de filhos e netos. É isso que o Buda nos promete. Realmente, não há fonte maior de alegria ou de orgulho.

Trecho do escrito 2

O Recebimento das Três Grandes Leis Secretas6

O termo daimoku tem dois significados: um indica o daimoku dos Primeiros e Médios Dias da Lei, e o outro, o dos Últimos Dias da Lei.7

Durante os Primeiros Dias da Lei, [os estudiosos budistas indianos] o bodisatva Vasubandhu e o bodisatva Nagarjuna recitaram daimoku, mas o fizeram unicamente para si e não passaram disso. Nos Médios Dias da Lei, Nanyue8 e Tiantai também recitaram Nam-myoho-renge-kyo; eles o fizeram como uma prática para si próprio, mas não o expuseram amplamente para os outros. Esses exemplos podem ser denominados daimoku da prática meditativa.

Agora, porém, entramos nos Últimos Dias da Lei, e o daimoku que eu, Nichiren, recito é diferente daquele das épocas anteriores. Este Nam-myoho-renge-kyo abarca tanto a prática para si como para os outros. Seus cinco ideogramas são os cinco grandes princípios do nome, entidade, qualidade, função e ensinamento.9 (WND, v. II, p. 986)

A recitação do daimoku nos Últimos Dias da Lei é a prática individual e altruística

Essa passagem do escrito de Daishonin O Recebimento das Três Grandes Leis Secretas ensina sobre a prática do daimoku, ou recitação do Nam-myoho-renge-kyo, nos Últimos Dias da Lei.

Os mestres budistas que defenderam o Sutra do Lótus nos Primeiros e Médios Dias da Lei recitaram daimoku em seu próprio benefício (prática individual), mas não o ensinaram aos demais, declara Daishonin. Em contraste, o daimoku que ele estabeleceu envolve não apenas a prática para si. É a prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo tanto para si como para os outros, o caminho para aliviar o sofrimento da humanidade nos Últimos Dias da Lei.

A única maneira de livrar fundamentalmente as pessoas do sofrimento nesta era maléfica dos Últimos Dias da Lei consiste em ativar a natureza de buda inerente a elas, ensinando-lhes a respeito do Nam-myoho-renge-kyo e plantando a semente do Buda diretamente na vida delas. Ou seja, o ensinamento a ser propagado nos Últimos Dias é a Lei do Nam-myoho-renge-kyo, e a forma de praticá-la é a de sua recitação da prática individual (para si) e altruística (para os outros).

Daishonin observa que esse daimoku abarca os “cinco grandes princípios” de nome, entidade, qualidade, função e ensinamento. Ele o faz para expressar que o Nam-myoho-renge-kyo é a cristalização da sabedoria e da compaixão do Buda, que deseja libertar as pessoas do sofrimento e, além disso, contém todos os poderes benéficos e as virtudes da boa sorte possíveis.

Aquilo pelo que oramos se reflete em nossa condição de vida

Enquanto enfrentava grandes perseguições, Daishonin continuou orando pela felicidade de todas as pessoas. Como ele afirma, “A mente do Buda é a mente de imensa compaixão” (OTT, p. 164).

A essência da recitação do daimoku dos Últimos Dias da Lei é a “imensa compaixão” de buscar aliviar o sofrimento da humanidade.

Quando enfrentamos problemas e adversidades, é muito fácil ficarmos envolvidos em orar somente por nós mesmos. Mas nossa condição de vida reflete aquilo pelo que oramos.

Quando ampliamos o foco de nossas orações e recitamos daimoku pela nobre causa do kosen-rufu, isso também abarcará todas as nossas preocupações. Por meio do poder benéfico da Lei Mística, expandimos nossa condição de vida, transformamos o destino e convertemos nossos problemas em tesouros inestimáveis.

As orações do juramento seigan pelo kosen-rufu nos possibilitam romper a concha do nosso eu menor, dominado pelo sofrimento, e conduzir uma vida alicerçada no nosso eu maior. São orações de compaixão que nos tornam pessoas capazes de ajudar outros a ser felizes, pessoas com capacidade de contribuir para a paz mundial. São orações de coragem, que evocam o coração do rei leão dentro de nós. E são orações de alegria, que nos permitem seguir em frente sempre de maneira positiva no caminho da nossa revolução humana.

A prática para romper a ignorância fundamental

Ao mesmo tempo, nossas orações direcionadas à realização do shakubuku acionam uma transformação interior. Elas dominam a ignorância fundamental10 que constitui a raiz de todo o sofrimento e revelam nossa natureza da iluminação fundamental ou natureza do Darma.11

Como afirma Daishonin: “O elemento ku [que significa ‘mérito’] na palavra kudoku [benefício] (...) indica o mérito obtido eliminando o mal, ao passo que o elemento toku ou doku [que significa ‘virtude’] indica virtude que se adquire produzindo o bem” (OTT, p. 148).

Realizar o shakubuku consiste no desafio de vencer a ignorância inerente tanto a si próprio como à outra pessoa e, juntos, elevar a condição de vida para revelar a natureza iluminada e inata. O termo shakubuku, empregado no Budismo Nichiren para se referir à propagação, originalmente possuía o significado de “refutação estrita”. Em essência, contudo, representa a intensa luta espiritual envolvida para vencer a ignorância fundamental que compõe a fonte suprema de toda a infelicidade. Shakubuku é outro nome para “diálogo alicerçado na compaixão e amizade”.

Toda sensei dizia: “Embora nós próprios estejamos sofrendo, estendemos a mão aos outros para encorajá-los e ajudá-los a se tornar felizes. É assim que nos tornamos budas e cobrimos nossos familiares e aqueles com quem temos relação de afinidade (kenzoku) de grande boa sorte”.

Como aliviar o sofrimento das pessoas é a preocupação de um buda, a mais nobre de todas. Com base no princípio de que desejos mundanos são iluminação,12 nossa preocupação pelos outros nos permite fortalecer e lapidar nossa vida, acumular causas para atingir o estado de buda e desfrutar imensurável boa sorte.

Toda sensei também dizia: “Quando realizamos shakubuku em alguém [mesmo que a pessoa não venha a abraçar a fé], a confiança se mantém”. Mediante nossos pacientes e incansáveis esforços para recitar e falar aos outros sobre o Nam-myoho-renge-kyo, aniquilamos a ignorância fundamental e alcançamos uma condição de felicidade absoluta guiados por nossa natureza iluminada. Desse modo, podemos plantar as sementes da felicidade e da esperança no coração das pessoas.

Temos uma dívida de gratidão com todos os seres vivos

O primeiro dos “quatro juramentos universais”13 que os bodisatvas fazem ao iniciarem a prática budista é o voto de salvar inumeráveis seres vivos.

O compromisso de aliviar o sofrimento de todos, de nos dedicar à felicidade da humanidade — estabelecer esse espírito compassivo no coração é o primeiro passo no caminho para atingir o estado de buda.

Tornarmo-nos pessoas capazes de orar pela felicidade dos outros nos coloca no rumo certeiro para a iluminação, o caminho do eterno crescimento e da vitória na vida.

Daishonin também escreve: “Se não fosse por eles, seria impossível fazer o voto de salvar inúmeros seres vivos” (CEND, v. I, p. 44). Ele chega até a afirmar que possui uma profunda dívida com as pessoas do mundo que estão sofrendo, pois elas são a razão que nos leva a selar o juramento seigan de conduzir os outros à iluminação e a dar tudo de nós para cumpri-lo.

O princípio de “não deixar ninguém para trás” fundamenta os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que a sociedade global está trabalhando em conjunto para alcançar. Isso faz eco com o espírito da compaixão exemplificado pelo juramento seigan do bodisatva de libertar todas as pessoas do sofrimento.

Chegou a hora em que nosso movimento mundial pela paz brilhará cada vez mais intensamente como uma fidedigna luz de esperança para a humanidade.

Amor e consideração pelos outros

Numa entrevista de 1970, publicada pelo Mainichi Shimbun [um dos principais jornais diários do Japão], o historiador britânico Arnold J. Toynbee [1889–1975] respondeu às perguntas dos leitores japoneses. Isso se deu poucos anos antes de meu diálogo com ele [que ocorreu em 1972–1973]. Naquela entrevista, um leitor perguntou em que as crianças que sofrem no mundo poderiam acreditar e recorrer em busca de apoio e de sustento. O Dr. Toynbee respondeu que todos os seres humanos, ricos ou pobres, enfrentam os mesmos sofrimentos — dor mental e física, a inevitabilidade da morte, a perda de entes queridos, entre outros. Esses sofrimentos fazem parte da essência da existência humana, disse ele, reiterando sua convicção de que era a religião que podia proporcionar consolo para eles. Acrescentou, então, que por religião ele não se referia a doutrinas ou rituais medíocres, mas ao amor e à consideração pelo bem dos semelhantes, pelos seres humanos. Sem seguir e acreditar em alguma forma de religião que permita que as pessoas se libertem dos grilhões do ego, concluiu ele, a vida se torna, para qualquer um, difícil de suportar.14

Em nosso diálogo, o Dr. Toynbee também salientou a relevância de se estabelecer o respeito pela dignidade humana, que, segundo ele, só pode ocorrer quando a compaixão e o amor governam as ações das pessoas.15

Somos incrivelmente afortunados por estar praticando os ensinamentos humanísticos do Budismo Nichiren, que afirmam a dignidade e o valor das pessoas, e por dedicar a vida ao grande desejo do kosen-rufu, o juramento seigan compartilhado entre mestre e discípulo. Nossos esforços diários na prática budista representam uma fonte inquestionável de compaixão, que nos habilita a trabalhar pela felicidade do próximo e a propiciar paz e segurança para a sociedade.

O kosen-rufu mundial começa com a pessoa diante de nós

Toda sensei declarou: “Estamos realizando uma grande revolução. Não se trata de uma revolução travada mediante a força militar. Ela é não violenta — é a revolução humana, a verdadeira revolução”.

O magnificente objetivo do kosen-rufu mundial, em última análise, inicia-se com o ato de dialogar com a pessoa diante de nós.

“Temos uma missão a cumprir neste mundo”

Nossos esforços para conversar com os outros sobre o Budismo Nichiren brilharão por toda a eternidade como o resplandecente legado da luta conjunta de mestre e discípulo, que se encontra em consonância com a lei da vida.

“Como somos bodisatvas da terra / Temos uma missão a cumprir neste mundo” — com esses versos do Ningen Kakumei no Uta [Canção da Revolução Humana] da Soka Gakkai no nosso coração, prossigamos avançando livremente num vibrante bailar da alegria rumo à concretização da nossa missão como bodisatvas da terra!

(Daibyakurenge, edição de fevereiro de 2020)

Com a colaboração/revisão do Departamento de Estudo do Budismo (DEB) da BSGI

No topo: Outono no Japão é a estação em que as folhas verdes se tingem de vermelho ou de amarelo. Foto registrada pelo presidente Ikeda (Quioto, Japão, nov. 1998) Foto: Seikyo Press

Notas:

1. Campanha de Fevereiro: Em fevereiro de 1952, o presidente Ikeda, então secretário do Distrito Kamata, iniciou uma dinâmica campanha de propagação do budismo. Junto com os membros do distrito, ele superou a média mensal de cem novas famílias ao conquistar o marco de 201 famílias convertidas.

2. Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente consiste numa obra em dois volumes que registram preleções proferidas por Nichiren Daishonin sobre as principais passagens do Sutra do Lótus enquanto ele residia no Monte Minobu. Foram anotadas por Nikko Shonin. Esse trecho consta no ponto 3 dos “Dezesseis Pontos Importantes do capítulo ‘O Mestre da Lei’”.

3.  Cerimônia no Ar: Uma das três assembleias descritas no Sutra do Lótus, em que a multidão é suspensa no espaço acima do mundo saha. Estende-se do capítulo 11, “Torre de Tesouro”, ao capítulo 22, “Transferência”. Os pontos centrais dessa cerimônia são revelar a iluminação original do Buda [Shakyamuni] no remoto passado e transferir a essência do sutra aos bodisatvas da terra, liderados pelo bodisatva Práticas Superiores.

4. Cf. Traduzido do japonês. TODA. Josei. Toda Josei Zenshu [Obras completas de Josei Toda]. v. 2. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, 1982. p. 466.

5. Ibidem, p. 466–467.

6. Endereçado a Ota Jomyo [1222–1283], O Recebimento das Três Grandes Leis Secretas explica as três grandes leis secretas, que são os princípios centrais do ensinamento de Nichiren Daishonin: o objeto de devoção do ensinamento essencial, o daimoku do ensinamento essencial, e o santuário do ensinamento essencial.

7. O tempo após a morte de Shakyamuni é dividido em três períodos conhecidos como Primeiros, Médios e Últimos Dias da Lei.

8. Nanyue: Mestre de Tiantai.

9. “Cinco grandes princípios”: Cinco pontos de vista a partir dos quais Tiantai interpreta o Sutra do Lótus em sua obra Profundo Significado do Sutra do Lótus. Eles são: designação ou nome, essência ou entidade, qualidade, função e ensinamento. “Nome” indica o significado do título do sutra. “Essência” refere-se ao princípio supremo de um sutra. “Qualidade” compreende as principais doutrinas de um sutra. “Função” indica o benefício e o poder de um sutra. E “ensinamento” são a posição e a influência de um sutra em relação aos demais sutras.

10. Ignorância fundamental: Também conhecida como escuridão fundamental. A ilusão inerente à vida mais profundamente arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões e desejos mundanos. Incapacidade de ver ou reconhecer a verdade suprema da Lei Mística, bem como os atos negativos que decorrem dessa ignorância.

11. Natureza fundamental da iluminação, ou natureza do Darma: Natureza essencial e imutável inerente a todas as coisas e fenômenos. Identifica-se com a própria Lei fundamental, a essência da iluminação do Buda, ou a verdade suprema, e a natureza de buda inerente à vida.

12. “Desejos mundanos são iluminação”. Essa expressão significa que a sabedoria para despertar para a verdade suprema e atingir o estado de buda (iluminação) manifesta-se na vida dos mortais comuns, que são governados pelos desejos mundanos.

13. “Quatro juramentos universais”: Também, “quatro grandes juramentos” ou simplesmente “quatro juramentos”. Quatro votos que os bodisatvas fazem quando decidem iniciar a prática budista. Esses votos são: (1) salvar inumeráveis seres vivos; (2) erradicar incontáveis desejos mundanos; (3) dominar incalculáveis ensinamentos budistas; e (4) alcançar a iluminação suprema.

14. Traduzido do japonês. TOYNBEE, Arnold J. Toinbi to Anata no Taiwa [Diálogo entre Você e Toynbee]. HOSHINO, Yoshitaka (ed.). Tóquio: Mainichi Shimbun, 1971. p. 186–188. [Publicado somente em japonês]

15. Cf. TOYNBEE, Arnold J.; IKEDA, Daisaku. Escolha a Vida. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, p. 469, 2022.

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