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há 2 anos

Rachel Carson

Heróis que superaram adversidades - Parte 15

Redação

01/09/2023

Rachel Carson

Rachel Louise Carson nasceu no início do século 20, em maio de 1907, na Pensilvânia, Estados Unidos. Carson foi bióloga marinha, ecologista e escritora norte-americana; e sua obra Primavera Silenciosa é considerada o princípio do movimento ambientalista moderno. A dedicação íntegra dela às pesquisas dos problemas ambientais decorrentes do uso de pesticidas sintéticos (especialmente, o DDT) é um legado não apenas para as questões do meio ambiente, mas um brado em defesa do futuro da vida no planeta.

Existe um livro consagrado como “aquele que mudou o mundo”. Chama-se Primavera Silenciosa. Essa obra denuncia a poluição ambiental provocada por substâncias químicas contidas em pesticidas e alerta sobre o perigo para a vida provocado pela destruição da natureza.

A autora desse livro é Rachel Carson, bióloga marinha e escritora norte-americana. Uma mulher aclamada como uma das grandes intelectuais do século 20.

Ela começou a escrever em 1958. Nessa época, o inseticida DDT (dicloro-difenil-tricloroetano), utilizado no cotidiano nos Estados Unidos, era chamado pelas pessoas de “droga milagrosa”, porque era barato, exterminava quase completamente as pragas e tinha efeito duradouro, mesmo em pequenas doses.

Alguns especialistas alertavam para o perigo do desequilíbrio nos ecossistemas. Contudo, numa era de intensificação da competição científica e tecnológica, a “ciência era justiça”. A sociedade, que seguia o princípio da supremacia econômica, fechou os olhos para os alertas, dizendo: “Não há como evitar esses danos colaterais”.

Certo dia, Rachel Carson recebeu uma carta de um amigo. Nela, ele relatava a tragédia provocada pelos pesticidas, que estavam matando muitas criaturas inocentes. Carson então se decidiu: “Não tenho escolha a não ser escrever”.

Na época, ela era uma autora conhecida por best-sellers que retratavam os mistérios do mar e os encantos da vida marinha, como O Mar que nos Cerca e Sob o Mar-Vento. Lançar obras que vão contra a corrente do tempo certamente a tornaria alvo de críticas injustas e infundadas. Foi uma decisão tomada por ela com a consciência do que estava por vir. “Se eu continuar calada, não haverá paz em meu coração”, disse.

O livro Primavera Silenciosa foi publicado quatro anos depois de sua decisão. Ela não queria negar a ciência ou a tecnologia. Alertava contra a arrogância do ser humano, que tentava domar a natureza, priorizando a sua conveniência, mesmo sabendo dos riscos para as vidas. Embora ela fosse criticada seguidamente pelas empresas, o público em geral ficou surpreso com aquelas denúncias embasadas em fundamentos científicos.

“Sempre acreditei que todos devem ter sonhos grandes para conseguir alcançar seus objetivos. Não podemos ter medo de possuir grandes aspirações.”

A coragem de uma mulher se tornou a causa para o estabelecimento da Agência Nacional de Proteção Ambiental nos Estados Unidos e também ajudou a abrir uma nova era.

Rachel Carson nasceu em 1907, numa pequena cidade da Pensilvânia, Estados Unidos. Desde a infância, passava a maior parte do dia às margens dos riachos e em meio à floresta. Cresceu observando os pássaros, os insetos e as flores, sentindo de perto as relações de vida a vida.

Amante da leitura, ela estava com 10 anos quando desejou se tornar escritora. Contudo, por ter uma saúde frágil e ser de uma família sem muitos recursos, as condições não eram favoráveis para a concretização do seu sonho. De fato, para que pudesse frequentar a faculdade, seus pais hipotecaram as terras que possuíam e venderam os móveis da casa para pagar as mensalidades. Ela também se esforçou arduamente nos estudos ao mesmo tempo em que fazia bicos, como no refeitório.

O encontro com seu mestre a fez aspirar à biologia e à pós-graduação na Universidade Johns Hopkins. Ela obteve o título de mestrado e continuou com suas pesquisas enquanto dava aulas na faculdade até que seu pai faleceu repentinamente. Então, desistiu do doutorado para sustentar a família.

Rachel começou a escrever roteiros para um programa de rádio que transmitia os encantos da vida marinha. Esse trabalho de meio período recomendado por seu mestre foi o que abriu o caminho para que se tornasse escritora. Ela continuou a avançar com forte convicção, apesar de as angústias e dificuldades não cessarem mesmo após seu sonho virar realidade.

“Quando pensamos nos milhões e bilhões de anos pelos quais a Terra e os mares passaram e, em comparação a isso, quando nos conscientizamos de que é como se os seres humanos tivessem acabado de nascer sobre a face da Terra, percebemos que algumas das inseguranças e dificuldades em que estamos presos são coisas simplesmente insignificantes.”

O período de quatro anos nos quais Rachel se empenhou para escrever a obra Primavera Silenciosa também não foi diferente: o falecimento da mãe, a luta pessoal contra as doenças (reumatismo, AVC, irite, câncer). Ela não se deixou derrotar nem mesmo numa situação em que parecia um “catálogo de doenças”. Houve época em que ficou totalmente acamada. Ainda assim, foi concluindo página por página, de corpo e alma, dizendo: “Preciso ver pessoalmente o original”.

De onde vem a força motriz de sua invencibilidade? Com frequência, Rachel dizia que os mistérios e a beleza da natureza transmitiam paz e coragem para o seu coração. Ela registrou também em um de seus livros: “Depois de uma noite sempre chega a alvorada, e depois do inverno sempre chega a primavera”.

Essa convicção sobre a transformação das circunstâncias embasada nessa regra básica imutável deve ter se tornado sua esperança de viver.

Dois anos após a publicação de Primavera Silenciosa, Rachel deixou este mundo, aos 56 anos, em 1964. As palavras que teceu dedicando-se ao máximo atravessaram os tempos e edificaram a solidariedade que protege a vida e o meio ambiente. E elas continuam a mostrar os caminhos para abrir um futuro de coexistência e simbiose para a humanidade que conhece os benefícios e as ameaças da natureza.

Reflexões do presidente Ikeda sobre Rachel Carson

As crenças de Rachel Carson inspiraram a consciência ambiental de muitas pessoas. Uma delas é a Dra. Hazel Henderson, futuróloga norte-americana, que publicou uma coletânea de diálogos com Ikeda sensei intitulada Cidadania Planetária.

A Dra. Hazel leu Primavera Silenciosa pouco antes de iniciar a campanha de controle da poluição do ar. “Isso me encorajou e se tornou um dos motivos para me levantar”, lembra ela.

Em meio ao diálogo, Ikeda sensei disse: “Precisamos almejar uma época em que tanto a política como a economia coloquem o valor da vida como base fundamental de tudo. Tenho defendido tornar o século 21 no ‘século da vida’ embasado nesse pensamento”.

A Dra. Hazel concordou com a visão do “século da vida” e ressaltou: “Para embarcar rumo a essa nova era, é importante que cada um de nós reconsidere o senso comum, os valores e a autoridade que são considerados naturais hoje”.

Sob a liderança do presidente Ikeda, a Soka Gakkai Internacional (SGI) tem se engajado em movimentos de base a respeito das questões ambientais. Em 2002, fundamentada na proposta ambiental de sensei, defende o estabelecimento da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU). Isso foi proposto pelo governo do Japão e adotado por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Além disso, a SGI vem promovendo exposições sobre o meio ambiente no Japão e pelo mundo em apoio a essa causa. Nos últimos anos, ela tem concentrado esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU e em movimentos por medidas para conter as mudanças climáticas.

Sensei visitou o Havaí em janeiro de 1995. Nessa ocasião, ele proferiu uma palestra com o tema “Paz e Segurança em prol das Pessoas”, no Centro Oriente-Ocidente do Havaí. Ele citou palavras de Rachel Carson e afirmou que reconhecer a diversidade cultural e o senso heterogêneo de valor era um caminho para a coexistência da humanidade.

Em outra ocasião, ele incentivou os companheiros citando o modo de viver de Rachel. E aos líderes do kosen-rufu, declarou:

“Rachel Carson dizia: ‘Qual é o sentido de uma vida que não avança em busca de um potencial ainda maior?’ Concordo plenamente com ela. ‘Hoje, também, vou me esforçar!’; ‘Vou me encontrar com aquela pessoa!’; ‘Vou lutar com esta pessoa!’ — não importando a idade, quero iniciar cada dia com a vivacidade e de um coração de jovem. Esse é o modo de viver do budismo da verdadeira causa. Pessoas que lutam pelo kosen-rufu possuem algo que brilha nelas. A vida delas pulsa vibrantemente”.1

Para os amigos sucessores, sensei disse:

“[Rachel Carson] foi alvo de terríveis calúnias e difamações, apesar de ter anunciado somente a verdade. Mas ela tinha confiança na exatidão de suas crenças. Por isso, independentemente do que dissessem dela, ela não temia a nada. (...) Seja qual for o obstáculo que encontrarem pela frente, desafiem-no com coragem e com ‘espírito invencível’. Isso porque o coração de vocês se engrandecerá e se fortalecerá na exata medida do quanto o desafiar”.

E para as mulheres Soka, ele dedicou as seguintes palavras de Rachel Carson: “Estou sempre mais interessada naquilo que estou prestes a fazer do que naquilo que eu já fiz”.

Amanhã, mais do que hoje. Ano que vem, mais do que este ano — agora é a hora de todos alçarem voo cada vez mais para o alto com o coração de um jovem.

No topo: Encontro do presidente Ikeda com a Dra. Hazel Henderson. Ela se levantou para o movimento cívico pela proteção ambiental inspirada nas realizações de Rachel Carson (Tóquio, Japão, out. 2000). Foto: Seikyo Press

Notas:

1. Discurso proferido durante o Conselho Diretivo Nacional em 3 de agosto de 2003.

2. Mensagem de Ano-Novo publicada no jornal Shonen Shojo Kibo Shimbun de janeiro de 2002.

Materiais de pesquisa:

CARSON, Rachel. Lost Forest: Rachel Carson’s Manuscripts. Tradução: Hideko Furukusa. Shueisha.

LEAR, Linda. Rachel — Rachel Carson, Chinmoku no Haru no Shogai. Tradução: Keiko Kamito. Tokyo Shoseki.

TADA, Mitsuru. Rachel Carson ni Manabu Kankyo Mondai. Tokyo Daigaku Shuppankai.

Idem. Sense of Wonders, Rachel Carson’s Sensivity. Tokyo Daigaku Shuppankai.

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