marcar-conteudoAcessibilidade
Tamanho do texto: A+ | A-
Contraste
Relato
há 7 anos

Escolhi vencer e ser feliz

Nos momentos decisivos da vida, Thaís manteve a esperança. Venceu o próprio medo, a depressão e o preconceito. Encorajada pela prática budista, seguiu em frente, construiu uma família feliz e faz da sua história exemplo de superação e de comprovação de fé

13/10/2018

Escolhi vencer e ser feliz
Thaís Passarella Barbosa

Resp. pela DF do Bloco Francisco de Vitória; CCLP, CGESP


Cresci no ambiente da Soka Gakkai e, tive uma infância e adolescência afortunadas com muita boa sorte.

Estudei em boas escolas, tive ótima saúde, uma família que sempre me amou, excelentes oportunidades de emprego, facilidade de relacionamento, boas amizades...

Com 25 anos, fui ao Japão, representando os líderes da organização de São Paulo. Foi minha primeira viagem internacional. Economizei todos os meus centavos, fazendo um grande esforço para ir às terras do Mestre!

Quando voltei, decidi que jamais deixaria de avançar. No entanto, algo que ignorava e que me fazia sofrer demais veio à tona. Era o fato de eu gostar de uma garota.

Enfrentei uma trajetória de muitos desafios e foi recitando sincero daimoku que transformei todo o sofrimento em alegria. Sou verdadeiramente feliz e realizada.

Aprofundar a fé

Por anos, fugi de mim mesma criando histórias e evitando contar sobre a minha essência para as pessoas e para minha família.

Certo dia, tomei coragem e contei para minha mãe. Foi um momento de extremo sofrimento e choramos copiosamente. Era difícil sentir que me tornara uma decepção para ela. E, não poderia mais ser um exemplo para os outros.

Minha mãe pediu que eu contasse para meu irmão. Isso causou mais choro desenfreado e desespero.

Apesar de certo alívio por não precisar mais esconder deles as minhas escolhas, essa revelação não foi tranquila no começo. Sem saber como agir e intuindo me proteger, minha mãe pediu que eu não contasse para mais ninguém, nem para meu pai. “Também não precisa ficar se expondo, tampouco ficar andando de mãos dadas com alguém”, recomendou-me ela.

Sofri por muitos anos achando que essa minha natureza me tornava inferior a todos.

Essa situação angustiante, somada ao excesso de trabalho, mais um acidente que meu irmão havia sofrido e a conclusão do meu primeiro MBA, fez eclodir, em 2006, uma crise aguda de ansiedade e transtorno do pânico.

Fiquei afastada do trabalho por dois meses por conta dos diversos episódios de crise. Com essas doenças, senti intensamente a manifestação do meu destino. Mas, por outro lado, também vi a oportunidade de aprofundar minha fé no Gohonzon.

Manifestar toda a força

Vivi muitos anos com medo, receio, fazendo terapia e tomando remédios para aliviar tudo aquilo e conseguir entender quem eu era e tudo o que estava acontecendo.

Ainda assim, permaneci forte. Recitava muito, muito daimoku! Também me dedicava à organização sem retroceder, e com o desejo de manter a unicidade com o Mestre, enviava-lhe cartas constantemente.

Com frequência, lia avidamente as obras do presidente Ikeda e me fortalecia a cada momento com os escritos de Nichiren Daishonin. Em especial, guardo no coração o poema A Estrada:

“Existe uma estrada. / Essa é a estrada que eu amo. / Eu a escolhi. / Quando trilho essa estrada, / As esperanças brotam / E o sorriso se abre em meu rosto. / Dessa estrada nunca, / Jamais fugirei” (BS, ed. 1.693, 29 mar. 2003, p. A2).

Aos poucos, passei a me sentir confortada, conforme compreendia meu coração eu me permitia agir naturalmente, não escondendo mais nada de ninguém. Comecei a levar a vida com tranquilidade, sem a sensação de estar sendo observada. Nesse processo, consegui incentivar diversas meninas que tinham angústias parecidas com as minhas e consegui melhorar a relação com a minha família.

Comprovei na pele o que é transformar sofrimento em missão, pois não permiti que aquela circunstância me paralisasse. Avancei um pouco mais!

Ensinei o budismo para dez pessoas que iniciaram a prática. Que alegria!

No trabalho, fui promovida três vezes. Atualmente, tenho uma posição de muito respeito numa das melhores empresas do país. Viajei diversas vezes para o exterior e para outros estados brasileiros.

Fiz minha revolução financeira e, com isso, consigo contribuir financeiramente para o avanço do kosen-rufu.

Em 2014, dez anos depois da minha primeira ida ao Japão, voltei sozinha para lá e reconfirmei minha eterna decisão de jamais abandonar o Gohonzon, a Soka Gakkai e o Mestre.

Meses após meu retorno, meu amado pai ficou doente e faleceu. Quando isso aconteceu, senti que deveria conduzir uma vida cada dia mais feliz e vitoriosa como ele sempre imaginou.

Desafios em família

Há cinco anos, encontrei o amor da minha vida, a Denise. Ela é a mulher do sorriso mais lindo, e a voz, mais encantadora! Nós nos casamos numa cerimônia muito bonita com o apoio dos nossos amigos e familiares.

Tínhamos planos de ser mães e optamos pela forma mais natural e simples: inseminação artificial. A Denise geraria o bebê.

Durante esse processo recitávamos sincero daimoku e em nenhum momento nos permitimos ter dúvida de que seria uma tentativa de sucesso.

Quando se completou exatos dois anos do falecimento do meu pai, tivemos a confirmação de que nosso príncipe, Enzo, existia!

No início da gravidez, enfrentamos outros desafios, pois Denise teve um sério problema de saúde e eu sofri outra vez com depressão profunda. Comecei o tratamento com remédios e terapia. Afastei-me do trabalho novamente por 45 dias.

Recitando mais daimoku, percebi que aqueles sentimentos eram fruto da minha incerteza sobre meu papel na criação de Enzo; sobretudo num mundo cheio de preconceitos, padrões e intolerância. Questionava sobre o que eu representaria para ele e se me amaria, reconhecendo-me como mãe.

Porém, com a prática transformei a falta de esperança em coragem. Hoje entendo que todos esses questionamentos foram um grande benefício porque assim consegui vencer a mim mesma!

Em 14 de julho de 2017, nasceu meu maior sonho, meu filho! Ainda na sala de parto ele olhou fixamente nos meus olhos e senti como se fosse um reencontro de vida e que nascia também uma ligação eternamente inquebrável.

Seu nome em japonês é Toshiyuki (“Toshi” significa “esbelto, formoso, excelente homem de espírito”; e “Yuki” quer dizer “felicidade, bem-aventurado, ser afortunado”). Mesmo sendo um nome único, concentra dois significados. Assim como Enzo, que tem duas mães de profunda convicção de conduzir uma vida absolutamente feliz, com o coração ligado ao Mestre, lutando pelo kosen-rufu; É a nossa decisão!

Compartilhe

Copy to clipboard